Vasco e Carlos Alberto: "Um caso de amor à primeira vista"
O crítico ano de 2009 começava e, com a ferida do rebaixamento ainda aberta, o Vasco montava seu elenco.
Faltava dinheiro no caixa e jogadores em São Januário. Era preciso contratar em quantidade, mas garimpando qualidade. Em grande número, os jogadores chegavam, quase todos desconhecidos e sob desconfiança geral. Em meio ao mar de dúvidas, havia apenas uma certeza: era preciso um nome de peso, alguém que capaz de dar respeitabilidade ao novo time. Aí surgiu Carlos Alberto.
Como o Vasco, o meia buscava a reconstrução de sua carreira, processo iniciado meses antes no Botafogo.
Agenciado pelo empresário Carlos Leite, que se tornara parceiro do Vasco na formação do elenco, foi enfático ao ser convidado: ficaria por seis meses, não mais. Mas tudo logo mudou.
A mudança foi logo na prétemporada.
A maneira como fui recebido me fez, em 15 dias, ter certeza de que queria ficar aqui por muito tempo diz o meia, que foi às lágrimas no campo do Maracanã, logo após a conquista do título. De coração, agradeço por todo o amor que recebi. Não tenho como explicar, como definir a forma como fui tratado.
Vou ser grato eternamente ao Vasco. Tenho um amor ao Vasco como não tenho a clube nenhum.
Aos poucos, o estilo de Carlos Alberto surpreendia e conquistava São Januário. Quem só o conhecia à distância, ouvira falar de um jogador problemático. Na prática, conhecia um perfil oposto.
A gente tinha relatos de problemas em outros momentos da carreira, questões de comportamento.
Aqui, tudo o que ele fazia era pensando no coletivo, tentando ajudar o grupo. Foi o tempo todo assim elogia o técnico Dorival Júnior, que o elegeu capitão do time.
Sempre gostei de ajudar as pessoas ao meu redor, funcionários mais humildes, colegas de grupo. A gente acompanha a luta e o sofrimento de algumas pessoas. Talvez isso não aflorasse tanto antes, não se tornasse público, por causa das coisas de menino que fiz no passado. Mas desde que me conheço por gente, pensei nos outros diz o meia.
Se tanto o Vasco quanto Carlos Alberto buscavam uma mudança de realidade, clube e craque sabiam dos riscos. Hoje, o jogador valoriza a coragem de enfrentar o desafio: Tenho muito orgulho de ter participado deste resgate do Vasco. Foi a grande virada do clube e da minha vida. Eu sabia que havia muitos riscos envolvidos. Muitos jogadores se omitiram, não quiseram participar. Para mim, foi uma volta por cima que aconteceu até naturalmente. Não foi resposta a ninguém. Se dependesse de mim, 2009 teria 30 meses.
Durante o ano, Carlos Alberto se tornou o responsável por, em nome do grupo, dialogar com a diretoria em momentos de atrasos salariais ou qualquer outro tipo de reivindicação dos jogadores. Junto a outros líderes do grupo, se tornou uma referência não apenas técnica, mas também pelo comportamento.
No entanto, Carlos Alberto conquistaria definitivamente os dirigentes do Vasco em junho, quando terminou o empréstimo feito pelo Werder Bremen, da Alemanha. O jogador se envolveu diretamente na negociação com o clube para tentar a permanência e não abandonar o projeto vascaíno pela metade. Mostrou aos alemães que não estaria feliz caso retornasse à Europa e conseguiu a prorrogação por um ano de seu empréstimo.
Em troca, estendeu por igual período seu contrato com o clube alemão. Agora, o jogador e seu empresário já ensaiam uma nova conversa com o Werder Bremen para tentar evitar a saída definitiva em junho de 2010.
Já estamos tentando encontrar uma fórmula para resolver isso. O fato é que estou muito feliz no Vasco e isso não tem preço. Já conquistei alguns títulos na carreira, como a Liga dos Campeões e um Mundial de Clubes.
Mas a Série B foi muito especial para mim. Minha identificação com o Vasco é cada vez mais forte disse o jogador, que chegou a revelar ter pensado em jogar pelo Werder Bremen, caso tivesse que voltar, com uma camisa do Vasco por baixo do uniforme do time alemão.
Segundo o diretor-executivo do Vasco, Rodrigo Caetano, o clube deve repetir a estratégia usada em 2009 para manter Carlos Alberto.
Saber que o seu capitão e líder começa 2010 com contrato já nos dá um conforto. Ele vai fazer esforço para ficar, mas temos que fazer como da primeira vez: saber agir no momento certo, sem precipitações disse o dirigente.
- SuperVasco