Opinião "Com a bênção de São Januário"
Bruno Mazzeo, Humorista, roteirista, ator e torcedor do Vasco
Junto com a dor, dormi naquele 7 de dezembro de 2008 com a certeza de que o rebaixamento faria bem ao Vasco.
Às vezes, é preciso recuar uma casa para andar duas.
Como no fundo do poço tem sempre uma mola, não fosse a queda talvez o Vasco hoje estivesse como o Botafogo ou o Fluminense, brigando para não cair hábito comum nos últimos anos. Hoje, o Vasco voltou a ser um clube forte, uma marca respeitada e querida, limpando as mazelas deixadas por anos de ditadura.
Uma imagem limpa e renovada, um clube transparente e moderno, com um concreto projeto de marketing, coisa que ao contrário do que pregava a antiga diretoria está longe de ser coisa de veado. O Vasco agora olha para frente.
Sua imensa torcida bem feliz recuperou a autoestima, o sentimento está à flor da pele, a sensação de que novos ventos sopram na colina.
Há muito tempo não se via um time jogar com tanta disposição, vestir tanto uma camisa quanto os jogadores vêm fazendo durante todo este ano. O beijo do líder Carlos Alberto na cruz de malta após fazer o gol do renascimento talvez tenha sido o primeiro que não tenha me soado hipócrita.
O rebaixamento não foi vergonha nenhuma. Pelo contrário. Foi o sopro de vida que o Vasco da Gama precisava para voltar a ser, simplesmente, o Vasco da Gama. O time da virada. O time do amor.
Nada mais simbólico do que esse renascimento vir pelas mãos de Roberto Dinamite.
Ídolo maior de uma história tão bonita, que deu um exemplo de como mandar: dividindo. Para somar. Exatamente como fez lá atrás quando passou a jogar mais recuado, abrindo espaço para o jovem Romário surgir como artilheiro.
Obrigado, Dorival Júnior, maestro maior desse grupo de guerreiros. A quem encarecidamente peço que fique para nos comandar na busca, agora pelo penta.
Parabéns à torcida que mostrou ser mesmo da fuzarca! Juntos na alegria e na tristeza, como a música gritada nas arquibancadas desde o jogo contra o Brasiliense, o início da caminhada. Há muito tempo não se via tantas camisas pelas ruas. Há mais tempo ainda não se via tantos vascaínos nos estádios. Há muito tempo não se sentia tanto orgulho de ser Vasco.
O Vasco é de todos nós. De todos nós que batemos recordes e lotamos os estádios pelo Brasil durante esse trajeto tão duro. E como os cães ladram e o sentimento não para, fica a certeza de que é só o começo do novo Vasco.
O novo velho Vasco que aprendemos a amar. Com a benção de São Januário.
- SuperVasco