Segunda-feira (16) decisiva para Abel Braga no Vasco
A carga trazida pelo temor ao coronavírus deu ao Maracanã cenário melancólico a um dos clássicos mais importantes do Brasil. A atuação do Vasco na derrota por 2 a 0 para o Fluminense ampliou esse vazio que sente o torcedor vascaíno. O ex-maior estádio do Mundo sem público, e o time do coração sem imaginação. Chutou mais, começou melhor, mas nem de longe animou.
E Abel Braga, que devido ao tamanho, coração grande e estilo vibrante virou Abelão, deu impressão de que fazia sua despedida do Vasco - e isso pode acontecer ainda nesta segunda-feira. Passou a maior parte do jogo em pé, como de praxe, porém gritou menos e não caminhou tanto pela área técnica.
A decisão de escalar reservas pensando na partida contra o Goiás, inicialmente marcada para quinta-feira e agora suspensa, mostrou-se equivocada. É verdade que a fisiologia havia recomendado poupar jogadores antes mesmo do duelo da semana passada com os goianos, mas o Vasco fez seu terceiro clássico no ano com um time majoritariamente formado por reservas. E pela terceira vez perdeu.
Início bom, mas sem muita variação
O Vasco começou relativamente melhor, mas com o mesma estratégia dos últimos jogos: insistindo pelo lado direito. De lá, saíram as melhores finalizações do time na partida. Primeiro Vinícius deu ótimo cruzamento, e Marrony, bem colocado, chutou para fora. Depois Cayo Tenório colocou na cabeça de Raul, mas o volante mandou para fora.
A tal falta de efetividade de um time que marcou míseros oito gols em 14 jogos (0,57 por partida) mais uma vez foi letal para o Vasco.
Além disso, novamente faltou variação de jogo. Pelo meio, o Vasco não entrava, e o lado esquerdo pouco funcionava com Alexandre, que errou muitos passes, e Marrony, ainda em débito com a torcida em 2020.
O Fluminense, que se fazia de morto, abriu o placar em sua primeira finalização. Nenê pegou a defesa do Vasco de calça curta, saindo para deixar Evanílson em impedimento. Não deu certo, Miranda avançou demais, e o 9 tricolor encobriu Fernando Miguel.
Pikachu entra, Vasco pisa no campo tricolor, mas não assusta
Como Marrony não conseguiu voltar para o segundo tempo após choque com Nenê, Abel resolveu apostar em Pikachu como meia-atacante, flutuando entre a faixa central e a ponta. O Vasco até passou a povoar mais o campo de defesa do Fluminense, mas não conseguia entrar.
O jogo ficou chato. Por não penetrar, o Vasco arriscava - sem sucesso - chutes de fora da área. Andrey e Kaio Magno passaram longe da meta mais de uma vez. O Fluminense, que também parecia na dele no segundo tempo, matou o confronto aos 42 minutos em novo erro de Miranda.
O jovem, destaque na base vascaína, deu bote de primeira em Nenê, e a bola sobrou para Caio Paulista carimbar a trave. No rebote, Pacheco deu números finais à partida.
Segunda-feira decisiva para Abel
Menos inquieto do que o normal, Abelão chamou atenção por pouco ter falado durante as paradas técnicas. Além disso, não deu entrevistas após a partida. A assessoria do clube chegou a informar via Whatsapp que tentaria gerar conteúdo nas mídias oficiais do Vasco, mas o treinador nada gravou.
A imprensa presente ao Maracanã tentou contato, mas o treinador negou a entrevista justificando que não estava prevista entrevista coletiva.
Na última quinta-feira, após a derrota por 1 a 0 para o Goiás, Abel chegou a se despedir de alguns jogadores, mas Alexandre Campello o demoveu da ideia de entregar o cargo.
Com Mundial, Libertadores, Brasileiro e nove estaduais no currículo, Abel tem sido xingado constantemente a cada jogo do Vasco. O técnico não gosta de dizer que está abatido, prefere revelar-se inconformado com as constantes atuações ruins e os maus resultados.
A verdade é que Abel já admite entregar o cargo. Deixou isso expresso em palavras depois do revés contra o Goiás. A segunda-feira promete, e a terceira passagem do treinador pela Colina, onde levantou taças como treinador e jogador, pode chegar ao fim oficialmente.
O Vasco vai para a pausa provocada pela pandemia do coronavírus com campanha muito ruim: são quatro vitórias, cinco empates e cinco derrotas. Aproveitamento de 40,4% e média de 0,57 gol por jogo (oito em 14 jogos).
Fonte: ge