Política e futebol juntos no amistoso do Vasco
Teve uniforme oficial, trio de arbitragem da Federação, súmula, bola do Campeonato Estadual, portões abertos para a torcida e os 90 minutos regulamentares. Valeu tudo para dar ares de amistoso ao jogo-treino promovido no Vasco-Barra para ajudar Romário a se aproximar do milésimo gol na carreira.
Até um adversário inexpressivo e montado às pressas. À espera de um convite de Caixa D\"Água para disputar a Segunda Divisão do Rio sem jamais ter jogado a Terceira, o Duque de Caxias F.C. entrou em campo com um time de desconhecidos até mesmo do folclórico técnico Dé, o Aranha.
- Não conhecia 80% dos jogadores. Como não tínhamos elenco, pedimos ao Nílson (Gonçalves, supervisor do Vasco) para arrumar uns jogadores e completar o grupo. Foram os que entraram no segundo tempo e eu nem sei quem eram. Apenas perguntava em que posição jogavam e ia lançando - admitiu.
O cenário estava sob medida para Romário deitar e rolar em campo. Mas o craque balançou as redes apenas uma vez na vitória por 6 a 0. Graças a uma falha escandalosa do goleiro Léo. Ele se atrapalhou ao tentar tocar para o lateral e foi prensado pelo atacante. A bola entrou mansamente. Um misto de aplausos e gargalhadas tomou conta do Vasco-Barra.
- Esse goleiro era um que eu não conhecia. Aliás, os dois que jogaram foram indicados em cima da hora - disse Dé. - Meu time se apresentou no dia 3 e o campo entrou em obras no dia 4. Foi o primeiro treino com bola. Mesmo assim o Baixinho não teve vida fácil.
Pouco depois, o árbitro Gutemberg de Paula tentou dar uma mãozinha ao artilheiro, marcando um pênalti inexistente. Romário declinou e Abedi fez o quarto. Na saída, o craque justificou:
- Estava cansado. Na dúvida, bateu outro.
Dé tinha outra versão:
- O pênalti foi tão escandaloso que até o Romário ficou com vergonha de bater.
Numa sala refrigerada do Vasco-Barra, política e futebol se misturavam no encontro entre os dois presidentes: o do Vasco, Eurico Miranda, que será candidato a deputado federal no fim do ano pelo PPB e o do clube visitante, o prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, do PMDB. O município da Baixada Fluminense abrigará o CT vascaíno, na Rodovia Washington Luís. A boa relação fora de campo já rende frutos dentro dele.
- Os uniformes da Umbro para o nosso time foram conseguidos através do Vasco - confirmou o supervisor do Duque de Caxias, Nilton Santos.
Entre os desconhecidos do técnico Dé na reserva havia dois juniores do Vasco: o zagueiro Alessandro e o apoiador Diego. No amistoso sem ambulância, como exige o Estatuto do Torcedor, ou viatura policial, o técnico do Duque de Caxias F.C. usou toda a sua conhecida malandragem ao substituir um lateral que se machucara:
- Não havia reserva. Peguei o Ananias, que saiu no intervalo, e botei outra camisa nele. O cara voltou. Enganei o juiz.
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