Pai de Julio César torce por permanência na Série A e fim de piadas no táxi
No táxi que seu César dirige pelas ruas da Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, a zoação tem sido dobrada. Mas para a tristeza dele, quem está ao volante é que sofre com as brincadeiras. O taxista pena pelo Vasco, clube do coração, e pelo filho, Julio Cesar. Ambos tentam escapar do rebaixamento para a Série B e, assim, amenizar a dor de cabeça do taxista entre uma viagem e outra.
Quando vai para áreas distantes do bairro, o ex-atacante de Vasco e Palmeiras passa despercebido, mas isso é exceção. Geralmente ele roda pelas bandas da Ilha, onde os passageiros são conhecidos, assim como as gozações.
- A pressão sobre mim está maior do que a sobre meu filho. A gozação do pessoal comigo está dobrada. Sou muito zoado pelos passageiros. Mas eu acredito que vamos sair dessa. Pelo menos o Vasco esse ano se deu bem contra o Flamengo, então dá para rebater um pouco - explica, com bom humor.
Este ano, a preocupação de César se mistura com alegria. Aos 61 anos, ele vê com orgulho o filho, já na reta final da carreira, vestir a camisa do Vasco. Nos tempos de atacante, o taxista passou rapidamente por São Januário, mas os seis meses de 1981 foram suficientes para garantir a convocação para a seleção brasileira e a ida para o Sevilla, da Espanha.
- Depois de tudo que fiz por ele, eu me sinto recompensado por vê-lo jogando pelo Vasco. Já falei isso para ele, estou muito contente. Não fui campeão pelo time, mas tive seis meses de muita alegria - lembra.
Pai e filho conversam quase todos os dias, e nas palavras de um é possível ver traços da personalidade do outro. No Vasco, Julio Cesar se mostra orgulhoso e garante que não vai comemorar caso consiga escapar da queda para a Série B. Na Ilha do Governador, Cesar revela qual é a provocação que trocam:
- Sempre pergunto como estão as coisas. Não sou um pai chato, que fica cobrando. Ele pega no meu pé, diz que nunca fui campeão como jogador (Julio Cesar tem quatro estaduais e um Brasileiro). Eu digo que não quero que ele rebaixe meu time.
Brincadeiras à parte, César elogiou o filho, que voltou a ser titular na reação da equipe na temporada. Ele aposta que o Vasco não vai permanecer na zona de rebaixamento por muito tempo.
- Um empate contra o Corinthians já será bom. Sairemos da zona na rodada seguinte - apostou.
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