Opinião: "Quanta ingenuidade"
Se considerarmos que o Vasco só perde, perde e perde, pode ser que tenha justificativa a satisfação de técnico e jogadores com o empatezinho. Pode ser. Mas para quem participou do jogo e para quem o viu ali de pertinho, à beira do campo, como o técnico, não tem cabimento nem explicação, voltar ao Rio tão conformado com a maneira como o time deixou fugir a vitória contra o Sport.
Para um time como o Vasco, ou como devia ser o Vasco, entregar os pontos aos 46 minutos do segundo tempo, deixando um atacante do Sport à vontade dentro de sua área, só podia ser motivo de inconformismo.
Pior ainda se relembrarmos a forma como o time se comportou no segundo tempo, quando abdicou de qualquer tentativa de ataque, foi todo para trás, com o único objetivo de garantir o magro 2 a 1.
Agora eu quero saber o exemplo — um único exemplo — de um time que tenha conseguido suportar uma pressão de 45 minutos, uma pressão ininterrupta, sem tréguas, e sem levar um golzinho.
O Vasco é o time do 8 ou 80. Contra o Figueirense mandou-se irresponsavelmente para o ataque, confiante na brava torcida de São Januário, desligou-se da defesa e levou um 4 a 2.
Agora, contra o Sport, no segundo tempo, imaginou ser possível oferecer a bola de presente ao adversário durante 45 minutos, deixá-la exclusivamente nos pés do rival por aquele tempo todo e garantir o resultado. Ah, quanta inocência.
Quanta ingenuidade.
Por que o time não manteve ao menos a postura do primeiro tempo, em que se defendeu, foi dominado, mas arriscava um ou outro contraataque como os dois em que, contemplado também pela sorte (no seu melhor sentido), Leandro Amaral acertou dois chutes formidáveis — o segundo, então, nem se fala — e fez os dois golaços da virada? Houve até um pouquinho mais de sorte no segundo tempo (agora no sentido pior), quando o senhor juiz, com a incompetência que caracteriza os juízes, deixou de dar o pênalti claro de um tresloucado Odvan, um minuto depois de entrar em campo só para fazer aquilo.
Para quem passou 45 minutos sob ininterrupta pressão, até que o Vasco resistiu mais do que eu esperava.
Mas não o suficiente, porque nem mesmo defesas melhores agüentam aquele massacre.
Um minuto depois do tempo regulamentar, com o gol do Sport, lá se foram dois pontinhos que seriam uma preciosidade para o Vasco.