Olheiro conta como foi a descoberta de Romulo

Rio - Vasco e São Paulo, se enfrentam no Morumbi, às 16h, numa partida digna dos tempos áureos do duelo. No mais famoso deles, que valeu o título brasileiro de 1989 ao Gigante da Colina, Romulo nem havia nascido. Hoje, quase 22 anos depois, o garoto entra no estádio são-paulino para dar sequência a uma história que começou no interior do Piauí, um dos estados mais pobres do País.

Romulo é coadjuvante de luxo num jogo que reúne confrontos especiais, como aquele entre os técnicos e ex-zagueiros Ricardo Gomes — que trabalhou no São Paulo até o meio do ano passado — e Adilson Batista. Além disso, a partida marca o encontro veteranos consagrados — Juninho e Rivaldo — e duas promessas brasileiras — Dedé e Lucas.

Romulo soube através de anúncio de rádio e TV de uma peneira em Picos, cidade que fica a mais de 330 quilômetros de Teresina. Em meio a mais de 100 garotos, ele foi o único aprovado. Até hoje, é difícil tirar Romulo de qualquer time que jogue. Em 60 jogos, foi reserva apenas quatro vezes no Vasco.

Olheiro há 18 anos, João Maradona, de 43, foi lateral-direito do Santa Cruz e do ASA. Acostumado a promover até quatro peneiras por mês no Norte e Nordeste, ele não teve dúvidas quando viu o garoto em ação.

\"Vi muita qualidade nele, até pela idade que tinha, de 13 para 14, um bom biotipo, era alto. Logo falei com a mãe dele que ele tinha capacidade de jogar em time grande\", lembra João, que tem o apelido do craque argentino por causa do cabelo que usava no tempo de jogador.

De Picos, Romulo foi para o Porto de Caruaru (PE), em 2004. Lá ele ficou até o fim de 2009, quando passou a integrar o time de juniores do Vasco. \"Com 16 anos, ele já era titular e destaque do Porto. Tinha muito poder de marcação, uma impulsão muito boa\", conta o olheiro.

No time que tem um Mito, um Reizinho, um Maestro e uma Muralha, Romulo alimenta o sonho que o olheiro já previa quando o conheceu. \"Era um garoto pobre, mas sempre foi muito tranquilo, sempre teve personalidade. Já chegou num time grande, agora pode esperar porque a chance na Seleção também vai chegar\", diz Maradona, que recebeu pelo correio duas camisas do Vasco autografadas pelo garoto que descobriu em Picos.