Imprensa

Livro com histórias engraçadas e inéditas de Romário é lançado nesta segunda

Histórias da vida de Romário contadas por parentes, amigos, técnicos, dirigentes, jogadores, jornalistas e outros profissionais que conviveram com o Baixinho. Algumas inéditas como a briga que o ex-atacante teve com Eurico Miranda no início da carreira após o dirigente não aceitar uma proposta de um clube da segunda divisão do Campeonato Italiano. Ainda pobre, Romário sonhava com os dólares da transação para ajudar a família e saiu chutando o que via pela frente após o \"não\" do dirigente.

Outras já conhecidas, porém mais detalhadas, como o técnico Antônio Lopes falando sobre o dia que o Baixinho, então no primeiro ano como profissional e ainda reserva, chegou para ele na concentração e soltou: \"professor, me coloca no time. Eu jogo muito mais que esse camisa 10\". O camisa 10 em questão era simplesmente Roberto Dinamite, que na época já era considerado o maior ídolo da história do Vasco.

Esses são apenas alguns exemplos de momentos pitorescos e curiosos que marcaram a vida do Baixinho e fazem parte de \"Romário\" (Editora Altadena, 287 páginas), livro que será lançado nesta segunda-feira, a partir das 19h, na Livraria da Travessa, no shopping Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, pelo jornalista Marcus Vinícius. O prefácio é de Washington Rodrigues.

Capa do livro \"Romário\", que será lançado nesta segunda-feira à noite no Rio de Janeiro
A idéia inicial do jornalista era fazer um livro com estatísticas da carreira do craque. Marcus Vinícius foi uma das pessoas que ajudou Romário a montar a lista dos 1.002 gols da carreira. Mas o projeto tomou outro rumo. E a obra virou uma coletânea de depoimentos sobre os vários momentos da vida do Baixinho.

O livro, então, traz histórias vividas por 98 personagens ligados a Romário. A ex-mulher Mônica Santoro, que foi pivô nos últimos dias de uma polêmica envolvendo o pagamento da pensão alimentícia dos dois filhos, não quis falar sobre o ex-atacante na obra. Mas ela é personagem de uma das melhores narrações. Ela foi revelada por um velho amigo de Romário, Luís Cláudio. A despedida de solteiro do Baixinho antes do casamento com Mônica foi histórica. O ex-atacante mandou fechar uma casa em Copacabana. O gerente foi obrigado a avisar aos clientes no microfone que \"houve um problema\" e todos deveriam se retirar naquele instante.

Só ficaram no local Romário e seus amigos cercados de mulheres que faziam strip-tease. Da boate, eles foram por volta das sete horas da manhã para o sítio em que aconteceria o casamento. Sentado no banco do carona, Romário virou para o amigo e disse: \"Pô, cara, vou casar. O que você acha?\" Luís Cláudio, sem saber muito o que dizer, foi político na resposta. Romário insistiu no assunto: \"você acha que eu devo me casar ou não?\". Luís Cláudio, novamente, ficou em cima do muro. O Baixinho, então, decretou: \"Faz o seguinte, se você acha que eu devo me casar vai para o sítio. Se você acha que eu não devo me casar, segue em frente e toca para São Paulo\". Romário fechou o olho e dormiu. Só acordou com a barulheira da chegada ao sítio, em Itaguaí, onde estavam vários fotógrafos e jornalistas. Ele virou para o amigo e disse: \"É, vou me casar\".

O autor e jornalista Marcus Vinícius revelou ao GLOBOESPORTE.COM algumas das histórias do livro. A família lembrou de momentos da infância difícil do craque. Romário procurava ganhar dinheiro indo ao Ceasa de madrugada para descarregar caminhões de melancia. Ele também carregou muita muda de roupa nas costas de Jacarezinho a Tijuca.

- A Dona Lita (mãe do Baixinho) lavava roupa para fora e tinha muitos clientes na Tijuca. Ela e o Romário iam entregar tudo muitas vezes a pé. Nada na vida dele foi fácil - disse Marcus Vinícius.

Romário queria jogar na Segunda Divisão da Itália

No livro há boas histórias de Romário no início de carreira no Vasco. O Baixinho quase foi dispensado em 1983 por falta de massa muscular. E quando foi assinar o primeiro contrato como profissional teve coragem para dizer \"não\" e negociar com Eurico Miranda. Romário estava em uma ante-sala junto com vários outros jogadores. Cada um aguardava a sua vez para assinar o contrato. Quando chegou a vez o Baixinho, ele entrou na sala que estava o dirigente e escutou quando ganharia. Romário não aceitou. Disse que era muito pouco. Eurico se surpreendeu, mas respondeu: \"Gostei de você. Foi o único que teve atitude\". No final, os dois chegaram a um acordo. Os outros jogadores que estavam do lado de fora não entenderam muito bem a demora. Afinal, era só entrar, apertar a mão do dirigente vascaíno e assinar o contrato. Enquanto cada um levava cinco minutos, Romário demorou mais de uma hora.

Com Eurico há também outras boas histórias. Romário ficou irritado após o dirigente não aceitar uma proposta para ele jogar por um clube da segunda divisão do Campeonato Italiano. De olho na luva que receberia pela transferência, o atacante não aceitou a justificativa do dirigente, que disse que \"ele não era jogador para atuar na Segunda Divisão, mas sim, por um clube de ponta da Europa\".

- O Romário ficou irado. Ele era jovem, não tinha dinheiro ainda. E viu ali uma oportunidade. Pensou que o Eurico estava de sacanagem com ele. Ficou uns dias sem aparecer lá no Vasco. Mas logo depois surgiu a proposta do PSV e ele entendeu melhor. Ele acabou saindo e comprando a casa para os pais - disse o autor.

Eurico Miranda, aliás, adquiriu 500 exemplares do livro para presentear amigos e parentes do Baixinho, em uma forma de homenagem. São várias e boas histórias envolvendo o Vasco, clube pelo qual Romário iniciou e encerrou a carreira. Segundo o autor, o livro traz revelações importantes sobre o tempo em que o craque ajudou financeiramente o clube entre 2001 e 2002.

Clubes paulistas não quiseram o Baixinho

O livro também revela porque o Baixinho resolveu deixar São Januário e se transferir para o Miami em 2005. Romário chegou para uma partida em São Januário e descobriu que o então técnico Renato Gaúcho resolveu barrá-lo para a entrada de Edílson. O ex-atacante, lógico, não gostou e foi comunicar a proposta e a decisão de sair. As pazes e a volta para o Vasco só ocorreram com a criação do \"projeto 1.000 gols\", em que o clube passou a fazer uma contagem regressiva e agendar amistosos para o Baixinho atingir a sonhada e histórica marca.

Em seu depoimento, Vanderlei Luxemburgo conta como tentou levar Romário para jogar no Palmeiras, em 2002. O treinador havia acertado tudo com o Baixinho (US$ 400 mil por quatro meses), mas na hora H o presidente Mustafá Contursi não bancou o negócio. Irritado, o treinador resolveu ir para o Cruzeiro. Romário revelou na obra que umas suas frustrações foi não ter atuado no futebol paulista. Outra chance surgiu em 2005, pelo Corinthians. No livro, Antonio Lopes, então técnico do Corinthians, garante que não vetou a contratação do ex-atacante. Apenas ponderou com os dirigentes que Tevez e Nilmar estavam em grande fase e que a presença do Baixinho poderia trazer, então, problemas no elenco.

O amigo Ricardo Rocha também conta boas histórias. Como o segundo gol contra o Uruguai, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1993. Romário havia adiantado muito a bola e tinha Bebeto livre no meio. Mas preferiu chutar e acabou fazendo o gol. No vestiário, logo depois da partida, o zagueiro chegou perto do Baixinho e perguntou se ele não teve medo de perder o gol e porque ele não havia tocado para o Bebeto. A resposta foi direta: \"Nem se fosse a minha santa mãezinha que pedisse a bola eu tocaria\".

- Romário sempre jogou limpo com a gente. Quando, à noite, queria fugir da concentração só pedíamos a ele para não demorar - disse Ricardo Rocha na obra.

Presença confirmada na noite de autógrafos

Romário é presença confirmada nesta segunda-feira na noite de autógrafos que marca, também, o lançamento do seu novo site oficial: www.romário11.com.br. O livro vai custa R$ 35 e pode ser comprado também pela Internet no endereço www.livrodoromario.com.br.

Com 42 anos, Romário atualmente é dirigente do América, que disputa a Segunda Divisão do Campeonato Carioca, para realizar um sonho do pai Edevair, que faleceu em maio do ano passado. O Baixinho, que encerrou a carreira em 2007 pelo Vasco, espera levar o tradicional clube carioca novamente para a elite do futebol brasileiro.

Fonte: ge