Especialistas divergem sobre imbróglio entre Vasco, CBF e Talles
O Vasco adota cautela no caso Talles Magno. Após não liberar o jogador para se apresentar à seleção brasileira sub-17, o clube busca uma dispensa do atacante junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ou um documento que dê à diretoria a garantia de que o jogador possa estar em campo contra o Flamengo, no sábado (17), pelo Campeonato Brasileiro.
Internamente, há o entendimento de que Magno não está apto a atuar no clássico, uma vez que consta como convocado. Assim, a avaliação é de que não vale colocar o jogador em campo e arriscar receber uma punição futura, que pode acarretar em perda de pontos na competição. Mas, ao mesmo tempo, a cúpula aponta que há caminhos para que se consiga chegar a um denominador comum com a CBF e o imbróglio possa ser desfeito.
Em contato com o UOL Esporte, Felipe Bevilacqua, procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), apontou que o Vasco poderia ser punido caso utilizasse o jovem de 17 anos no Clássico dos Milhões. Ele se apoia no artigo 207, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que fala sobre "ordenar ao atleta que não atenda à requisição ou convocação feita por entidade de administração de desporto, para competição oficial ou amistosa, ou que se omita, de qualquer modo". A pena prevista é multa que varia de R$ 100 até R$ 100 mil.
O caso, porém, divide opiniões. Especialistas ouvidos pela reportagem compreendem que, por não se tratar de uma data Fifa, o Cruzmaltino não poderia ser alvo de punição.
"Entendo que o Vasco pode escalar o atleta, uma vez que a Fifa, por meio do Regulamento sobre Status e Transferência de Jogadores, reproduzido pelo Regulamento Geral de Competições da CBF, prevê que a obrigatoriedade de cessão se dá apenas nas datas Fifa ou em caso de competições internacionais como, por exemplo, Copa do Mundo e Copa das Confederações", explicou Bruno Castello Branco, advogado do escritório Trengrouse Advogados.
Já o advogado Carlos Eduardo Ambiel não crê em perda de pontos. Ele também entende que o clube não tem a obrigação de ceder o jovem para os jogos amistosos contra o Chile, dias 15 e 17 de agosto, em Goiânia:
"O Regulamento Geral, que rege a relação entre CBF e clubes, repetindo uma determinação da própria Fifa, somente obriga a liberação dos atletas para a seleção brasileira em datas Fifa e nas fases finais de competições oficiais, do calendário internacional. Portanto, como se trata de um simples amistoso, fora das datas Fifa, não há essa obrigação de liberação. Por fim, mesmo que se entenda pela existência de alguma irregularidade, não faz sentido punir o clube"
Esta não é a primeira vez que um caso como esse ganha atenção. Em junho, Santos e Athletico-PR tiveram os desfalques de Rodrygo e Renan Lodi, respectivamente, em partidas pelo Brasileiro e Copa do Brasil por conta da convocação para o Torneio de Toulon. Os clubes pediram liberação e, assim como o Vasco, não foram atendidos.
Os jogadores, então, não foram dispensados e as diretorias acionaram o STJD em busca de garantias de que eles podiam ser utilizados. A entidade, porém, não se pronunciou e ambos não atuaram.
Fonte: UOL EsporteMais Lidas
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