Futebol

Em dois meses no Vasco, Dodô experimenta a idolatria e a ira da torcida

RIO - Dodô chegou ao Vasco como um grande ponto de interrogação. O \"artilheiro dos gols bonitos\" vinha de um ano e meio de inatividade, devido à suspensão por doping. A seu favor, a fama de artilheiro. Contra, a lenda de ser \"jogador de um clube só\", pelo fato de ter tido no Botafogo seus melhores momentos e em outros times passagens sem brilho. Passados dois meses desde a estreia do Vasco no Campeonato Carioca (vitória por 1 a 0 sobre o Tigres), Dodô é certamente hoje o jogador mais odiado pela torcida. Os dois pênaltis perdidos contra o Flamengo (derrota por 1 a 0), mais o conjunto da obra dos últimos jogos, lhe asseguram esse triste título.

O começo foi animador. A desconfiança por tanto tempo longe do futebol logo virou fumaça. Com uma atuação primorosa contra exatamente o Botafogo, Dodô marcou três gols no histórico 6 a 0 no Engenhão. Depois repetiu a dose, com mais três gols num só jogo, contra o Friburguense. Assumiu a artilharia da Taça Guanabara. Ganhou funk dos torcedores, que cantavam que \"Dodô é o poder\" e pediam \"artilheiro da Colina, faz mais um para a gente ver\". Mas aí veio o Botafogo de novo. E uma atuação sofrível na final da Taça Guanabara.

Daquele dia 21 de fevereiro em diante, o futebol de Dodô sumiu. Contestado, xingado, passou a ser sacado pelo técnico Vagner Mancini nos intervalos. E às vésperas do jogo contra o Flamengo viu sua condição de titular colocada em dúvida pelo treinador.

- Eu não fugi da minha responsabilidade. Quem bate pênalti aqui sou eu, é ordem do treinador - disse Dodô.

Só que o segundo pênalti teria que ser cobrado por Jefferson, conforme ordem dada por Mancini e desobedecida por Dodô.

O mesmo Mancini, porém, tenta a levantar a moral do atacante e pedir à torcida uma chance a mais para o jogador.

- O Dodô é um cara inteligente e tem tudo para dar a volta por cima. Agora o caminho vai ser duro. Ele vai ter até que mudar a sua forma de jogar, mostrar ao torcedor que quer isso - diz o técnico.

Será que vai haver tempo e paciência para isso?

Fonte: Globo Online