Análise: Vasco leva derrota para casa como punição
Na derrota por 3 a 1 para a Ponte Preta nesta terça-feira, em Campinas, o Vasco encontrou boas opções para desfalques que desconstruíram o meio de campo da equipe; se comportou bem depois de sair atrás no placar e esteve mais perto de conseguir uma virada do que em qualquer outro momento desta Série B; e, principalmente, aprendeu a lição de que não pode se dar o luxo de desperdiçar chances de matar o jogo.
Ao contrário de jogos anteriores, a criação não foi um problema para o Vasco no Moisés Lucarelli. A equipe comandada pelo técnico Emílio Faro finalizou 14 vezes (uma a mais que o adversário), teve o gol da virada anulado por impedimento e chegou a acertar a trave, embora este lance também tenha sido invalidado por Alex Teixeira estava impedido. A questão é que o Vasco criou sem ser letal.
Nesse sentido, vale um puxão de orelha grande em Raniel. O atacante foi o autor do gol do empate, é verdade, num lance em que foi útil mais para atrapalhar o goleiro do que de fato empurrar a bola para dentro. Mas desperdiçou duas chances claras que poderiam fechar a tampa do caixão da Ponte. Uma ainda no primeiro tempo, num chute cruzado de esquerda; e a outra no início do segundo, quando se atrapalhou com a bola no contra-ataque.
O Vasco deu sopa para o azar e foi punido com dois gols no intervalo de cinco minutos: o primeiro em mais um lance de bola parada e o segundo numa jogada em que tudo deu certo para a Ponte Preta. O clube tem muita sorte porque, mesmo patinando na Série B, segue a seis pontos de distância do quinto colocado. Mas precisa o quanto antes parar de depender dos outros e voltar a caminhas com as próprias pernas na competição.
Início ruim e reação
Sem Yuri Lara e Nenê, suspensos, Emílio Faro escalou o Vasco com Zé Gabriel e Marlon Gomes formando o meio de campo. Além disso, promoveu a estreia de Alex Teixeira como titular: o camisa 7 começou jogando no lugar de Figueiredo na ponta esquerda. Foi um início de jogo complicado porque o time, modificado, demorou a se encontrar em campo. E a Ponte se fez valer da pressão inicial como mandante.
Aos seis, Thiago Rodrigues já foi obrigado a realizar defesaça em cobrança de falta de Elvis. Aos sete minutos, Wallisson abriu o placar de cabeça num lance em que faltou inteligência ao Vasco para dar menos espaço na segunda bola. Ela caiu justamente nos pés de Elvis, o jogador da Ponte com mais facilidade para colocar a bola na cabeça dos atacantes.
A paralisação do jogo jogo por oito minutos, devido ao episódio lamentável de confronto entre torcidas, jogou a favor do Vasco, que conseguiu dar um respiro. Aos poucos, a equipe pôs a bola no chã, acertou as transições e passou a levar perigo ao gol defendido por Caíque. Aos 25, Marlon Gomes chutou em cima do defensor num contra-ataque. Poucos minutos depois, Raniel cabeceou para foram em cruzamento de Léo Matos.
O gol saiu logo na sequência, em cobrança de falta de Alex Teixeira que o camisa 9 desviou de leve. Gabriel Pec também assustou em chute de longe, e Raniel teve a chance de virar o jogo ainda antes do intervalo, mas o chute cruzado de esquerda foi para fora.
Castigo
No intervalo, Matheus Ribeiro entrou no lugar de Léo Matos, que foi mal no primeiro tempo, e Gabriel Pec saiu para a entrada de Figueiredo. O Vasco cresceu muito pelo lado esquerdo, por onde Marlon Gomes passou a cair - o menino de 18 anos botou fogo por ali. Alex Teixeira, por sua vez, foi recuado para o meio de campo.
O lance aos oito minutos foi o prenúncio da tragédia do Vasco. Num contra-ataque puxado por Figueiredo, com quatro jogadores do Vasco contra dois da Ponte, Raniel segurou demais a bola, se atrapalhou dentro da área e desperdiçou oportunidade que, agora sabemos, fez uma falta tremenda.
Daí até a reta final do jogo, o Vasco quase chegou ao gol em duas oportunidades, ambas invalidadas por impedimento: Raniel chegou a colocar para dentro e Alex Teixeira acertou o pé da trave em finalizações parecidas, de cavadinha. Só que aos 33, num escanteio cedido gratuitamente por Matheus Ribeiro, a Macaca fez o segundo com Lucca. E cinco minutos depois, em contra-ataque, fechou a conta com Fessin.
Foto: Daniel Ramalho / CRVG