Veja a análise tática de Vasco 0 x 3 Ponte Preta
Troca de passes no meio-campo, rapidez pelas laterais, centroavante móvel. Sem a bola, linhas compactas e bem coordenadas. Esta é a Ponte Preta que enfiou 3 a 0 no Vasco, primeira vitória do clube em São Januário. Histórica.
Nenhum segredo ou revolução. Simplesmente pratica futebol atual. Marca e joga. Praticidade com momentos de beleza.
Renato Cajá é o toque de talento na execução do 4-2-3-1. Destaque absoluto do Brasileiro até aqui. Flutua ora às costas dos volantes adversários, ora pelos lados como opção para as tabelas e ultrapassagens. Também volta na recomposição e para ajudar na saída, embora Josimar e Fernando Bob cumpram suas funções com a bola. Assim como protegem os zagueiros Tiago Alves e Pablo.
O lateral Rodinei acelera à direita com o suporte de Felipe Azevedo. O mesmo com Biro Biro pela esquerda e o apoio do lateral Gilson. Na frente, Diego Alves circula, ronda a área adversária, participa do trabalho coletivo como pivô, aparece para finalizar.
Transições rápidas, jogadores sabendo o momento de se aproximarem e de abrirem o jogo, alargar o campo e dificultar a marcação do adversário. Incríveis 95% de efetividade nos passes.
Gol de Diego Oliveira em contragolpe rápido, do substituto Borges na bela tabela com Cajá para fechar o placar. O segundo do zagueiro Tiago Alves em bola parada. Simplicidade na cobrança no primeiro poste, desvio e toque na segunda trave.
Ou seja, time bem treinado. Méritos do técnico Guto Ferreira, não por hoje. Desde a Série B e Paulista.

Flagrante da POnte Preta se defendendo com uma linha de quatro atrás, outra de cinco no meio e todo o time no próprio campo em 30 metros: compactação.
Triunfo valorizado pela luta do Vasco. Perdeu pênalti - Marcelo Lomba pegou cobrança de Gilberto - e Christiano carimbou a trave. Desmanche apenas no segundo tempo, sentindo o homem a menos depois da expulsão do goleiro Jordi ainda na primeira etapa e a pressão da torcida. Pouco mais que isso.
Porque o choque de realidade no Brasileiro veio mais rápido e forte que o esperado para o campeão carioca. A solidez defensiva foi pulverizada contra times mais rápidos e estruturados - Galo e Ponte. Até o outrora preciso Luan vacilou feio no terceiro gol do time paulista. A dificuldade na criação permanece, mesmo valorizando a posse.
Doriva tem poucas opções e peca ao apostar em Diguinho e Guiñazu - lentos, previsíveis com a bola, não compensam com poder de marcação a quase nula colaboração na construção do jogo cruzmaltino. O novo camisa oito ainda perdeu a bola no primeiro gol. Lucas, ex-Macaé, é volante mais moderno e participativo, que poderia ganhar mais oportunidades.
Consequência natural é a campanha pífia, com apenas um gol marcado nas cinco rodadas e seis sofridos nas duas últimas partidas. Por enquanto, o discurso do presidente Eurico Miranda garantindo disputa de título, condizente com a grandeza do clube, é pura retórica. Com o desempenho atual a luta é para não voltar à Série B.
É bem provável que a Ponte Preta não seja campeã nacional, talvez nem esteja no G-4 na 38ª rodada de um campeonato longo e difícil. Mas hoje é bonito ver o futebol simples e prático da equipe de Guto Ferreira, vice-líder da Série A.

Ponte Preta no 4-2-3-1 atual, no ritmo de Renato Cajá; Vasco sofreu com expulsão do goleiro Jordi e tentou jogar no 4-4-1 - não faltou luta.
((Estatísticas: Footstats)
Fonte: ESPN Brasil- SuperVasco