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Veja a 4ªparte da Análise de Prestação de Contas do Vasco em 2011

4ª PARTE

ANÁLISE DA PRESTAÇÃO DE CONTAS DO C. R. VASCO DA GAMA

EXERCÍCIO SOCIAL DE 2011 - EM 31.12.2011

SUBSIDIARIAMENTE ANÁLISE DO TRIÊNIO (2011-2009)

O quadro Demonstrativo Sintético das Contas de Resultado contém erro de soma no total das receitas no valor de R$ 27.001,00. Mais uma prova de que não houve nenhum tipo de revisão, nem pela Administração, nem tampouco pela PS CONTAX & ASSOCIADOS Auditores Independentes SS.

NOTAS:

(a) A administração deveria detalhar nesta prestação de contas as razões que levaram ao aumento significativo das receitas profissionais. Há dúvidas se não contabilizaram adiantamentos futuros como receitas do período, ferindo o princípio da competência.

(b) A receita do quadro social aumentou de um exercício para o outro 22,8%, possivelmente em face das eleições realizadas em agosto de 2011.

Considerando todo o movimento de exposição na mídia a partir de 2009 quando foi lançada a campanha “O Vasco é Meu” é inacreditável não haver nenhuma informação sobre o programa de sócios.

Já é do domínio público que a rescisão contratual com a empresa selecionada e contratada pelo então Vice-Presidente de Marketing, José Henrique Ferreira Coelho, foi danosa para Vasco. Danos que geraram condenação judicial agora no mês de abril de 2012. O modelo praticado pela atual gestora do programa tem obrigações tributárias normais a uma empresa prestadora de serviços, além de uma tabela de comissões favoráveis à própria empresa e extremamente prejudicial ao Vasco. A arrecadação líquida para o clube é da ordem de 59% do valor bruto arrecadado

Não há informações sobre o número de sócios, por categoria e os percentuais de adimplência e de inadimplência.

Pelas dúvidas, e pela falta de transparência, o Conselho Fiscal deve exigir uma auditoria financeira do programa de sócios do clube, para verificar a fidedignidade ou não dos valores registrados. Considerando, ainda, o agravante de que o ingresso líquido nos cofres do clube é proveniente de uma redução de 41% (tributos e taxas de administração), em conseqüência de ter sido este contrato firmado pela atual administração em detrimento de outro já contratado, também por esta gestão e rescindido com menos de 90 dias de vigência. É do conhecimento público que as condições contratuais são lesivas à instituição.

O Conselho Fiscal deve exigir do auditor independente a comprovação de que os valores contabilizados como receitas foram examinados e estão corretos, uma vez que não nenhum indício de discordância no Parecer emitido em 27 de abril de 2012 pela PS CONTAX & ASSOCIADOS Auditores Independentes SS.

Por último, fica registrado, mais uma vez a perplexidade pela inexistência de notas explicativas sobre as receitas, despesas e tributos. Incrível, como todos os envolvidos não tiveram interesse ou intenção de relatar as principais informações sobre a origem e os destinos dos negócios do clube em 2011.

(c) Deveria estar aberta a composição das receitas publicitárias para que fosse possível avaliar a efetividade da Administração.

(d) O termo “Outras Receitas”, não é o mais adequado, pois pode ser uma conta que absorva valores que não lhe pertençam é mandatório que o Conselho Fiscal peça o detalhamento do saldo.

(e) A rubrica foi reclassifica em 2012 para Outras Receitas.

(f) Houve um aumento expressivo em Renda Patrimonial e cujo texto da Nota Explicativa 23, tenta detalhar as razões de forma confusa quando menciona “O crescimento se deve a grande quantidade de permutas realizada ao longo de 2011, como a construção da Loja do Vasco em parceria com a Penalty, reforma do vestiário dos atletas profissionais, substituição de todo o alambrado em torno do campo do Estádio de São Januário”.

Não é admissível que um fato de tal relevância não tenha sido detalhado de forma quantitativa, item a item.

Deveria ser detalhada a movimentação do período em nota explicativa específica.

(g) Continuam elevadas as despesas financeiras em virtude do alto grau de dependência de capitais de terceiros, principalmente de empréstimos bancários e contratos de mútuos.

(h) Não houve provisão para contingências fiscais em 2010. A nota explicativa 25 diz o seguinte: “Em relação à Provisão para Contingências, 85% se deve a processos de execução fiscal anteriores a 2007, com perspectiva de perda possível”.

Não temos certeza se os valores provisionados são suficientes para refletir a real posição contingencial do clube. Destacamos, mais uma vez, que os auditores informam em seu parecer que não tem como opinar em virtude da ausência de respostas dos consultores jurídicos à sua circularização.

EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO NO EXERCÍCIO DE 2011

Em seu Parecer de 22.12.2010, o Conselho Fiscal por unanimidade, apresentou uma NEGATIVA DE PARECER em relação à Proposta Orçamentária apresentada para o exercício financeiro de 2011, em face da impossibilidade de avaliação gerada pela não apresentação das premissas orçamentárias, pela insuficiência de dados e ausência de informações confiáveis.

- Receita orçada: R$ 100.168.990,00

- Receita realizada: R$ 136.591.450,00 (136,36%)

- Despesa orçada: R$ 85.598.754,00

- Despesa realizada: R$ 133.176.886,00 (155,58%)

As Despesas realizadas nos exercícios de 2008, 2009 e 2010, excederam as dotações orçamentárias, sem a devida autorização da suplementação pelo Conselho Deliberativo, violando o artigo 122 do Estatuto Social e contra isso o Conselho Fiscal do triênio 2008/2011 sempre se insurgiu.

Com relação às Despesas realizadas no exercício de 2011, consta que o Conselho Deliberativo em Reunião Ordinária realizada em 19/12/2011, teria aprovado a suplementação. Desconhecemos maiores detalhes sobre o teor desta aprovação, tendo em vista que não fazemos parte do Conselho Deliberativo e mesmo que fizéssemos não saberíamos, porque decorridos quase sete meses, a Ata desta reunião do Conselho, ainda não foi remetida aos seus membros, contrariando o artigo 84 do Estatuto do Clube, que determina: “Uma cópia das atas das reuniões será remetida a cada membro do Conselho até 30 (trinta) dias após a reunião...”.

CONCLUSÃO

Pelo exposto, houve uma leve melhora da situação patrimonial, em 31.12.2011, em relação ao exercício anterior. Mesmo assim, a situação contábil pode e deve ser pior, pois não há confiança nos números apresentados pelas razões apontadas no corpo desta análise. A atual gestão perdeu o time para cobrar as responsabilidades dos gestores anteriores. Trouxe para si a responsabilidade pelo reconhecimento do Patrimônio Líquido Negativo de R$ 260,0 milhões.

A PS CONTAX & ASSOCIADOS Auditores Independentes SS, aprovou as contas com ressalvas em que as de números “1”, “2”, “3” e “4”, são ressalvas por não terem tido condições de expressar a sua opinião sobre as práticas e procedimentos contábeis adotados. Em síntese, não conseguiram realizar o trabalho para o qual foram contratados.

Na ressalva de número “2” os auditores reprovam a não adoção de procedimento previsto no CPC n° 01.

Diante do relatado, entendemos que pela materialidade dos valores envolvidos nos assuntos em que não puderam se manifestar os auditores deveriam ter emitido um parecer com Abstenção de Opinião por Limitação de Escopo (Negativa de Opinião) e não um parecer com ressalvas.

Os auditores corretamente colocaram um parágrafo de ênfase no que diz respeito ao risco de continuidade da instituição, em virtude do seu alto endividamento e do Patrimônio Líquido Negativo (Passivo a Descoberto) de R$ 260.583.499,00.

Caberia ao Conselho Fiscal questionar os auditores, sobre as razões determinantes para a emissão de opinião.

Fonte: Jornal Olho Vivo - SuperVasco