Futebol

Vasco x Avaí marca reencontro com Antônio Lopes

O homem das preleções intermináveis, das duas gotas e meia de adoçante, dos gritos que faziam o goleiro fugir até a meia-lua para não ficar surdo, dos berros ao lado do microfone da televisão que tornaram famosa em todo Brasil uma pequena cidade do interior do Rio.

Seis títulos em seis passagens pelo Vasco não foram o único legado do treinador cuja História se mistura com a do próprio clube. Antônio Lopes visitará São Januário amanhã à frente do Avaí e reencontrará várias pessoas que ficaram marcadas pelo convívio com o delegado.

Desde ex-jogadores, passando por roupeiros e massagistas, chegando ao presidente Roberto Dinamite, todos têm uma história para contar sobre o treinador.

Como o vinho, as lembranças ficam melhores com o passar dos anos.

– Ele é um cara diferenciado. Sempre se preocupou com os funcionários mais humildes. Quando os jogadores ganhavam alguma premiação por títulos, conquistas, ele reunia o pessoal para dar algum dinheiro para o roupeiro, para o massagista... – recordou Carlão, massagista do Gigante da Colina desde 1989.

Para a torcida, Antônio Lopes mudava de apelido de acordo com os resultados. Nas vitórias, ele era o delegado pulso firme que tinha o nome aclamado na geral do Maracanã e em São Januário, que jogou a bola em cima de Alex Oliveira, do Fluminense, na final do Campeonato Carioca de 2003.

Já nas derrotas, ele era o cabeção, apelido de quem, no fim dos anos 90, havia tentado em vão cobrir a careca com implantes de cabelo. Sorte a dele e dos vascaínos que o saldo, no fim das contas, foi positivo. As taças de campeão carioca de 1982, 1998 e 2003, de campeão brasileiro de 1997, da Libertadores de 1998 e do Rio-São Paulo de 1999 possuem a sua assinatura.

O reencontro de amanhã não acontecerá da forma que o treinador gostaria. Lopes nunca escondeu o carinho pelo Vasco e sempre que o clube esta à procura de um técnico, ele dá sua “cavadinha”.

Como rival, o retrospecto é de cinco vitórias vascaínas, cinco empates e três vitórias do delegado.

– O Lopes é um cara que entende de futebol. Conquistamos muita coisa juntos – lembrou Carlos Germano, atualmente preparador de goleiros do time da Colina.

Bate-Bola com Luisinho sopbre Antônio Lopes

Como era o Antônio Lopes no dia a dia?
Aprendi muito com o Antônio Lopes. Algumas coisas utilizo até hoje, no estágio. Sempre respeitou a todos no clube.

E as conversas?
O Lopes sempre falava muito em suas preleções e até demorava um pouco. Com o passar dos anos, foi encurtando um pouco os papos (risos). Mas ele falava muito sobre o futebol, sobre os jogos. Tentava corrigir os erros na base da conversa. Isso era positivo.

Ele pegava no pé de alguém?
Pegava muito no pé do Maricá. Dava aqueles gritos de \"Maricá, volta Maricá\" (risos). Os mais novos na época, como Felipe e Pedrinho, ficavam imitando os gritos.

Fora de campo, como ele era?
Procurava auxiliar também. Certa vez eu estava com um problema pessoal e o Lopes se colocou à disposição para ajudar. Essas coisas ficam marcadas

Um treinador minucioso

Dos jogadores que serão titulares amanhã contra o Avaí de Antônio Lopes, apenas Fernando Prass teve a experiência de conhecer os métodos de trabalho do treinador.

O encontro deles aconteceu pelo Coritiba, em 2004. E o goleiro, destaque do Vasco na temporada, conta alguns métodos específicos do trabalho de Antônio Lopes.

– Ele treina muito com bola parada. Dá ênfase à marcação também.

Na gíria do futebol, é aquele técnico chato. Foi uma grande experiência esse período – afirmou o goleiro.

Prass ainda se recordou que, no retorno de Florianópolis, após a conquista da Copa da Hora, a delegação vascaína voltou ao Rio de Janeiro no mesmo voo em que Antônio Lopes estava. O técnico havia acabado de acertar contrato com o Avaí.

Sobre a maneira de Lopes trabalhar, o ex-goleiro Carlos Germano, atual preparador de arqueiros vascaíno, reafirmou as palavras ditas por Fernando Prass.

– Ele gostamuito de treinar bolas paradas. Treinava faltas de todos os cantos do campo. Ganhávamos alguns jogos desta forma naquela época. E acho que não mudou – disse.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)

Fonte: Jornal Lance