Vasco sobe com vaias e traduz campanha na Série B
Foram 349 dias de espera, desde o fatídico dia em Joinville, quando o Vasco foi derrotado por 5 a 1 para o Atlético-PR e, consequentemente, rebaixado para a Série B pela segunda vez em sua história. Neste sábado, o cenário clamava o retorno à elite: forte sol, arredores do Maracanã lotados. Mesmo com a campanha insatisfatória na competição, a torcida vascaína compareceu em grande quantidade ao estádio para assistir ao duelo com o Icasa. Parecia que o Cruz-Maltino conquistaria um título. As vozes respondiam: "Série B? Nunca mais!". Alguns até provocavam o arquirrival Flamengo. Mas o sentimento uníssono ressoava: "O meu Vascão voltou". Para ficar.
Se do lado de fora do Maracanã o ambiente era animado, dentro as arquibancadas confirmavam a expectativa: 56.334 presentes. E se a cena prenunciava uma vitória incontestável do Vasco, o futebol da equipe de Joel Santana mostrou o contrário, em dois tempos quase que discrepantes. No início, o apoio dos torcedores era irrefutável. Desde a música em que Juninho Pernambucano é citado pelo gol contra o River Plate, na Libertadores de 1998, até juras de paixão pelo clube: "Vasco da Gama, minha paixão, Vasco da Gama religião". A "Ola" tomava conta do estádio, repleto de bandeiras e amor.
Quando Kleber quase marcou de voleio, o que seria um belíssimo gol, a torcida incendiou. Depois foi a vez de Douglas. Até dos contra-ataques adversários se tirava motivo para apoiar. Foi o que aconteceu em lance de grande defesa de Martín Silva. No fim do primeiro tempo, o Vasco conseguiu abrir o placar. Foi a redenção do Gladiador, de cabeça. Redenção não pela sua força de vontade, mas por ter marcado apenas cinco gols durante a Série B. O próprio admitiu que poderia ter feito mais em campo durante a temporada.
- Eu poderia ter feito mais em campo. Mas estou feliz por essa passagem pelo Vasco. O Vasco tem que montar um time competitivo para o ano que vem, pela grandeza que tem. Olha essa torcida, colocou quase 60 mil no Maracanã, contra um time que luta para não cair para a Série C. Nada contra o Icasa, mas temos que ressaltar essa força - disse Kleber após a partida.
Aos vascaínos, restou comemorar: "Vamos vibrar, meu povão, é gol, é gol. A rede vai balançar, vai balançar. Sou Vasco da Gama, meu bem, campeão de terra e mar". Mal sabiam eles que o gol de Kleber seria o do acesso. Ou até sabiam...
Mudança de cenário, acesso, enfim, e vaias
Nove minutos do segundo tempo foram suficientes para o cenário do Maracanã começar a mudar. Nilson, com um belo chute colocado de fora da área, empatou para o Icasa. A princípio, "vamos virar, Vasco" era o grito de ordem da torcida. Por pouco tempo. O empate ainda garantia o acesso à Primeira Divisão, mas, com os jogadores cansados e sequências de passes errados, a tensão tomou conta das arquibancadas. O adversário cresceu.
Sem conseguir articular as jogadas direito, o Vasco caiu de produção, e a atuação da etapa final lembrou outras tantas já criticadas ao longo da competição. Joel resolveu tirar Maxi Rodríguez e colocar Lucas Crispim. O uruguaio até foi aplaudido. Já Thalles não teve vez. A torcida pediu Edmílson, e o treinador achou melhor acatar: o atacante da seleção brasileira sub-20 saiu sob algumas vaias.
O último lance do jogo pode ser considerado o retrato da campanha vascaína na temporada, de um time que em nenhum momento dominou, de fato, a competição, e apenas dormiu na liderança da Série B em uma ocasião. Depois de alguns sustos provocados pelo Icasa, uma cabeçada de Marco Tiago passou perto rente à trave de Martín. Enfim, o árbitro apitou.
A reação da torcida? Vaias e mais vaias. O anel do Maracanã parece ter, por completo, abraçado a necessidade de contestar o Vasco. Não por aquela atuação do segundo tempo com o Icasa, apenas, mas por todo o sufoco vivido em 2014. "Vergonha, vergonha, time sem vergonha" (veja no vídeo acima). Guiñazu, o Pitbull Vascaíno, como os torcedores apelidaram, e Martín Silva foram os únicos a terem seus nomes gritados. O primeiro, ainda mais.
- Eu não fiz nada de diferente. Todo esse grupo merece os aplausos. O torcedor fica assim, mas é normal. Conseguimos o nosso objetivo. Todos esses jogadores merecem o melhor. Foi muito trabalho, e ninguém conseguiu nada sozinho. Agradeço o carinho do torcedor, mas aqui nós estamos todos juntos, e o aplauso tem que ser para todos - afirmou o capitão.
Já classificado, o Vasco ainda tem um confronto para disputar no próximo fim de semana. Sábado, às 16h20, na Ressacada, o Cruz-Maltino enfrenta o Avaí, pela 38ª e última rodada da Série B.
Fonte: geMais lidas
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