Futebol

Vasco não conta com um nove autêntico desde a saída de Luís Fabiano

O Campeonato Brasileiro de 2018 começa neste sábado com uma pergunta que poucos têm convicção para responder: quem brigará pela artilharia da Série A? A temporada brasileira mostrou, até o momento, que os principais homens-gols do país passam por dificuldades, seja por lesões, falta de sequência ou gols escassos. Por isso, entre os clubes favoritos que iniciarão a disputa, poucos são aqueles que podem bater no peito e dizer: tenho meu camisa nove pronto para brilhar no Brasileiro.

Tendo como base a edição de 2017 do Brasileiro, dos 11 jogadores que fizeram 10 ou mais gols apenas três continuam no mesmo time: Edigar Junio (Bahia, 12 gols), Thiago Neves (Cruzeiro, 11) e Diego (Flamengo, 10). O artilheiro Jô (18) deixou o país, Fred só deve voltar de lesão no fim do ano e Henrique Dourado, André, Lucca, Diego Souza, Roger e Tréllez ainda sofrem na adaptação a novos clubes. O atleticano Ricardo Oliveira e o palmeirense Borja, apesar das recentes oscilações, no momento despontam como exceções.

O caso mais emblemático desta crise na busca por um homem-gol está no Corinthians, atual campeão brasileiro que desde que perdeu Jô para o futebol japonês sofre atrás de um camisa nove. No mercado e no campo. Até tentou contratar Henrique Dourado, mas o insucesso faz com que até agora, quatro meses após o início da temporada, a diretoria siga à procura de um atacante matador.

Sem muitas opções, Carille já tentou de tudo. Kazim, Júnior Dutra, Lucca, Danilo e Emerson, apesar de características diversas, tiveram chances na função mais próxima do gol adversário, mas o treinador começa o campeonato longe de ter uma opção confiável. O artilheiro do time na temporada é Rodriguinho, com apenas quatro gols. O título paulista foi conquistado, mas ficou nítida a carência na posição ao longo dos primeiros meses.

Em contraponto, o São Paulo até acumulou opções para o ataque desde a saída de Lucas Pratto, mas até agora ninguém vingou jogando como último homem adiantado, seja Tréllez, seja Diego Souza. Por isso, a aposta tardia no atacante uruguaio Gonzalo Carneiro, que chega para o Brasileiro com a vantagem de ser um tradicional camisa nove. Até agora, porém, o time comandado por Diego Aguirre viu uma fragmentação na artilharia: Cueva, Marcos Guilherme, Diego Souza e Nenê fizeram três cada.

No futebol paulista, nem mesmo o Santos desistiu de contratar um camisa nove. A dupla Sasha e Gabigol já deu sinais que pode vingar, Bruno Henrique está próximo de um retorno, mas a saída de Ricardo Oliveira deixou uma lacuna que ainda tenta ser preenchida. Os dois titulares atuais tiveram os melhores rendimentos de suas carreiras com um camisa nove ao lado. Sasha até agora é o artilheiro santista na temporada com seis gols, dois a mais do que Gabigol.

No Rio, pressão sobre Dourado e esperança em Pedro

Desejado por dez entre dez times brasileiros que buscavam um nove no começo do ano, Henrique Dourado acabou trocando o Fluminense pelo Flamengo, mas até agora não engrenou. É verdade que ele só estreou, mas até agora marcou cinco gols na temporada, sendo quatro de pênalti, e demonstra que precisará se superar para repetir a artilharia do Brasileiro. No ano passado, Dourado dividiu o posto com o corintiano Jô, ambos com 18 gols.

Assim, quem tem se destacado como homem-gol do Flamengo no ano é Vinicius Júnior, artilheiro do time na temporada com seis gols. Porém, o atacante tem contrato com o Real Madrid e há a possibilidade de deixar a Gávea no meio do ano. Situação parecida com a de Felipe Vizeu, vendido para a Udinese. Por outro lado, o Flamengo negocia a renovação Paolo Guerrero, afastado por doping que terá o futuro fora dos campos decidido na próxima semana na Corte Arbitral do Esporte (CAS). Mas vale lembrar que Guerrero é um nove que não tem a artilharia como marca registrada.    

Apesar da perda de Henrique Dourado, o Fluminense inicia a campanha no Brasileiro com a esperança redobrada em Pedro. Artilheiro do Campeonato Carioca e do time no ano, ele já marcou oito gols na temporada e ganhou a camisa nove nesta semana. Longe de seus melhores momentos, Kleber também chega do Coritiba para reforçar o setor no Fluminense.

O Botafogo, por sua vez, inicia o Campeonato com três opções para o setor: o artilheiro Brenner – sete gols na temporada -, Kieza e o recém-contratado Aguirre. Destes, o reserva Kieza é o jogador com mais experiência na Série A, o que faz do campeonato um desafio para um ataque com pouco experiência na elite nacional.

Fechando a participação dos cariocas, o Vasco não conta com um nove autêntico desde a saída de Luís Fabiano. Riascos tem atuado como homem mais adiantado no esquema de Zé Ricardo, Andrés Rios é outra opção, mas a artilharia do ano é do polivalente Yago Pickachu: sete gols em 2018, jogando na maioria das vezes aberto pela ponta.

Em Porto Alegre, apostas não faltam

Se muitos clubes do país sofrem com a falta de nomes para a posição, Grêmio e Internacional iniciam o Brasileiro com excesso de opções. Mas nenhum com a regularidade necessária para serem considerados certezas.

No Grêmio, Renato Gaúcho terá à disposição três opções para a função de camisa nove. O titular atual é Jael, que vive boa fase e marcou quatro gols na temporada depois de um 2017 que não balançou as redes. Jogador com mais faro de gols, André chega depois de duas boas temporadas pelo Sport e terá ainda Hernane Brocador como concorrente. Jogador que chegou a atuar como falso nove, Luan é o artilheiro do time na temporada com seis gols.

O Internacional não fica atrás do rival no quesito quantidade. Neste ano, William Pottker é o que mais deixou o torcedor satisfeito, marcando cinco gols mesmo tendo ficado dois meses afastado por lesão. Já Nico Lopez (3 gols), Roger (2) eLeandro Damião (1) estão longe de viverem a melhor fase.

Borja e Ricardo Oliveira os favoritos?

Entre os 12 principais clubes do país, Palmeiras e Atlético-MG têm à disposição os homens-gol em melhor forma para o Brasileiro. Miguel Borja e Ricardo Oliveiramarcaram nove gols cada na temporada e têm um histórico profissional que avaliza a aposta neles como candidatos a artilheiro. Com a ressalva que, depois de marcarem no duelo de ida das finais dos Estaduais, ambos foram mal nos jogos decisivos dos respectivos Estaduais e vêm de uma última temporada irregular.

Para o ataque, o Palmeiras ainda conta com Willian, Dudu e Keno, jogadores que também têm costume de marcarem gols. Já o Atlético-MG ainda tem o ex-palmeirense Erik como atacante com intimidade na grande área.

O Cruzeiro tinha tudo para também estar tranquilo para a posição, mas a grave lesão de Fred atrapalhou os planos de Mano Menezes.  Desde então, Raniel, Rafael Sóbis e Sassá têm sido utilizados como homem mais adiantado, mas nenhum com a regularidade esperada. Tanto que, na temporada, os artilheiros do time são os meias Thiago Neves, Arrascaeta e Rafinha, todos com cinco gols.

Ainda em Minas Gerais, o América-MG tem Rafael Moura como seu camisa nove, que neste ano marcou apenas dois gols no Mineiro. Quem se destacou foi Aylon, autor de seis gols em 12 jogos na temporada.

Ceará tem artilheiro de 2018

Entre todos os clubes da Série A, o estreante Ceará é quem inicia tendo no elenco o artilheiro da temporada. Com apenas 19 anos, Arthur marcou 16 gols pelo time e já despertou interesse dos grandes nacionais, antes mesmo de seu primeiro grande teste na carreira.

Ainda no Nordeste, o Sport ainda tenta achar um substituto para André, sendo que o meia Marlone é o atual artilheiro (5) da temporada e Rogério,Índio, Hygor e Juninho são as opções no setor ofensivo.  Já o Vitóriaviu Neilton marcar 13 gols na temporada e ainda tem André Lima no elenco. O Bahia, por sua vez, ainda conta com Edigar Junio, que marcou 12 gols no Brasileiro-2017 e neste ano tem cinco. O meia Vinicius já fez oito pelo tricolor baiano.

No Paraná, o Atlético-PR vive a expectativa de que Ederson, artilheiro na temporada com nove gols, continue apesar de ainda o clube buscar acerto com o Kashiwa Reysol. Artilheiro da Série B pelo Paysandu, Bergson é outra opção. O Paraná, por sua vez, tem Diego Gonçalves, autor de quatro gols na temporada, como principal aposta para a camisa nove, mas ainda busca mais opções. Carlos, do Atlético-MG, está sendo negociado.

Fechando os 20 times da Série A, a Chapecoense conta com Leandro Pereira no comando de ataque, mas quem tem se destacado ainda é Wellington Paulista, autor de sete gols na temporada.  

Todos os artilheiros do ano nos 20 clubes da Série A

Ceará – Arthur (16 gols)
Vitória – Neilton (13 gols)
Palmeiras – Borja (9 gols)
Atlético-MG - Ricardo Oliveira (9 gols)
Atlético-PR – Ederson (9 gols)
Fluminense: Pedro (8 gols)
Bahia – Vinicius (8 gols)
Vasco - Yago Pikachu (7 gols)
Chapecoense – (7 gols)
Flamengo –Vinicius Jr. (6 gols)
Grêmio – Luan (6 gols)
Santos - Sasha (6 gols)
Botafogo: Brenner (7 gols)
América-MG – Aylon (6 gols)
Cruzeiro - Thiago Neves, Arrascaeta e Rafinha (5 gols)
Internacional – Pottker (5 gols)
Sport – Marlone (5 gols)
Corinthians - Rodriguinho (4 gols)
Paraná - Diego Gonçalves (4 gols)
São Paulo - Cueva, Marcos Guilherme, Diego Souza e Nenê (3 gols)

Fonte: UOL Esporte