Política

Preso na Lava Jato era assessor de Eurico e tem ligação com atual gestão

Desdobramento da Lava-Jato, a Operação Rizoma efetuou a prisão preventiva de ao menos sete acusados de desviarem recursos de fundos de pensão na quinta-feira (12). Entre os envolvidos - além de Marcelo Sereno, ex-assessor de José Dirceu, e Milton Lyra, identificado como operador do PMDB - está Carlos Alberto Valadares Pereira, mais conhecido como "Gandola", que no Vasco da Gama é uma figura bastante conhecida por ter sido assessor especial da presidência na gestão de Eurico Miranda no clube.

De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, Gandola fez lobby para garantir um volumoso aporte do Serpros, fundo de pensão do Serviço Federal de Processamento de Dados, a empresas do investidor Arthur Machado - também preso nesta quinta. O dirigente vascaíno fazia parte do Conselho Administrativo do Serpros. Pelo serviço prestado, o investigado recebeu propina de R$ 1,2 milhão.

Machado, apontado como líder do esquema, era o responsável por fazer os pagamentos. O dinheiro desviado dos fundos de pensão era lavado no exterior e distribuído entre agentes públicos e lobistas. Os membros da força-tarefa calculam que, desde o começo da engrenagem criminosa, em 2011, foram movimentados, no total, cerca de R$ 20 milhões em propina e recompensas a intermediários.

Gandola atua como sindicalista e preside a Fenadados, entidade de classe do setor de processamento de dados e serviços de informática. Aproximou-se de Eurico em meados de 2014, durante a campanha de Miranda à presidência cruzmaltina. Quem fez a ponte na relação foi Elias Duba, presidente do Madureira e muito amigo dos dois.

Conhecido como um "mecenas" na modalidade "Futebol de 7", Gandola - que também é adepto de charutos - ganhou a confiança de Eurico com o apoio e contribuição direta na campanha. Com a vitória nas urnas vascaínas, foi premiado com o cargo de assessor especial da presidência e também com o título de conselheiro do clube.

Sua ajuda ao Vasco, porém, não se limitou somente ao período eleitoral. Por meio da empresa de marketing esportivo administrada pelos seus filhos, chamada "Gandola Sports", intermediou a contratação do lateral direito Yago Pikachu e do volante Victor Bolt (atualmente no Heilongjiang-CHI).

A pasta do "Fut 7" também passou a ser capitaneada por ele e teve momentos áureos, como a participação do craque do futsal Falcão, seu amigo, em torneios com a camisa vascaína.

Falcão, inclusive, por muito pouco não defendeu o Vasco na equipe de futsal que Eurico queria montar. Na época, Gandola foi nomeado para tocar o projeto, mas o contrato do jogador com o Sorocaba inviabilizou sua vinda e a ideia foi arquivada.

Ligação também com a gestão Campello

E nem mesmo a saída de Eurico Miranda afastou Gandola do Vasco. Amigo íntimo do atual vice-presidente do clube, Elói Ferreira, o sindicalista seguia frequentando corredores e camarotes de São Januário.

Além de festejar com a atual diretoria a posse do presidente Alexandre Campello, o empresário se mantinha muito próximo a Elói, amigo de anos e companheiro de militância no Partido dos Trabalhadores (PT) e no Partido Comunista do Brasil (PC do B). Elói foi ministro-chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial no governo Lula.

Em campo, mais influência. Após intermediar as transferências de Yago Pikachu e Victor Bolt, a família Gandola controla agora a carreira de alguns jovens da base cruzmaltina, como Victor Diotti, da categoria sub-11.

No último sábado (7), Gandola e Elói estiveram presentes na feijoada realizada em São Januário, onde posaram para fotos com o ex-presidente Eurico Miranda. Comandante da atual gestão, Alexandre Campello também marcou presença no evento de clima fraternal.

Fonte: UOL Esporte