Futebol

Vasco enfrenta nova polêmica com novo caso de nepotismo

Sempre questionado pela oposição por diversas práticas consideradas polêmicas, o ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, conviveu durante todo o último mandato com as críticas por empregar o filho Álvaro no comando das categorias de base e Euriquinho como vice-presidente de futebol. A saída do polêmico cartola, no entanto, não foi o bastante para encerrar a prática do nepotismo em São Januário. O sucessor na cadeira da presidência, Alexandre Campello, vê isso acontecer com frequência no clube.

No fim de agosto, o UOL Esporte revelou que o mandatário nomeou Eduardo Campello Gondim da Silveira, seu filho do primeiro casamento, como diretor jurídico do Cruzmaltino. Agora, outro caso chama a atenção. Não exatamente com Campello, mas evolvendo familiares do coordenador de futebol, Paulo César Gusmão.

PC, como é conhecido no mundo do futebol, não apenas arranjou um emprego no Vasco do amigo Campello como empregou seu sobrinho Renan Gusmão no departamento de análise de desempenho de São Januário. O jovem compõe o Centro de Inteligência e Análise (CIA) e a comissão técnica da equipe sub-20.

Em nota enviada à reportagem, o Vasco apresentou o currículo de Renan para explicar sua presença no quadro de funcionários e ressalta que ele foi "devidamente entrevistado e avaliado pelo gerente geral das categorias de base, Carlos Brazil".

"Renan já trabalhou na comissão técnica profissional do Ceará e foi analista de desempenho do time sub-13 do Vasco entre agosto e novembro de 2016. De lá, se transferiu para o Madureira, onde ficou até fevereiro de 2018 como analista de desempenho do time profissional", explica o clube.

Renan é mais um dos funcionários do departamento que praticamente dobrou de tamanho desde a chegada de Alexandre Campello à presidência, no início de 2018. Na contra-mão da ordem de cortar gastos, o Vasco duplicou o orçamento do CIA.

Em contato com o UOL Esporte, o Vasco explicou o aumento de pessoal no departamento e evitou detalhar valores do custo mensal do CIA. Antes, o clube tinha apenas um analista para a base. Hoje, são nove – um para cada categoria. Além disso, os vascaínos não tinham analistas de mercado, o setor de captação era inexistente. Hoje conta com cinco observadores no Rio de Janeiro e outros cinco espalhados pelo Brasil, contando, por fim, com um gerente de análise de desempenho e outro de captação.

O curioso, porém, é que a aposta alta no Centro de Inteligência e Análise não reflete exatamente uma autonomia maior do departamento. Após exaustivo trabalho de busca de possíveis reforços, o CIA viu as duas últimas contratações do clube serem realizadas sem que passassem pela mesa dos analistas. O zagueiro Lucas Kal e o volante Willian Maranhão chegaram ao clube por indicação do coordenador Paulo César Gusmão.

Semanas antes, PC já tinha indicado o zagueiro Marcão, que chegou a fazer exames médicos para assinar contrato, mas viu sua contratação ser cancelada após repercussão interna muito ruim. O CIA também não endossou tal negociação.

Polêmica entre oposição e jornalista
Uma outra questão envolve um funcionário ligado indiretamente a uma recente polêmica política do clube. Um integrante do quadro de funcionários viu seu pai, o jornalista Gilmar Ferreira, sofrer fortes críticas do grupo de oposição "Identidade Vasco" no início desta semana.

Em nota, o grupo de oposição liderado pelo presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro, questiona publicações recentes do colunista do jornal "Extra" e o vê alinhado com o amigo e mandatário do Vasco. "Esta versão de Gilmar Ferreira é a mesma que o próprio Campello está espalhando por São Januário em sua eterna estratégia de vitimização", comentou o Identidade Vasco, a respeito de uma coluna onde citava que os grupos de oposição estavam "unidos para desarticular a gestão de Alexandre Campello".

"Aqueles que mudam de opinião de acordo com o vento político, por vaidade, ou pelo peso das carteiras recheadas, fiquem à vontade para seguirem neste caminho, só não terão a nossa companhia. Achamos isso sórdido", completou a nota da oposição.

Em resposta ao UOL Esporte sobre toda a polêmica, o Vasco rechaçou a relação entre os fatos e esclareceu que o filho de Gilmar "tem no currículo formação e cursos que o capacitam" para a função que exerce como funcionário do clube.

Gilmar Ferreira, por sua vez, reforçou sua independência jornalística e disse que as acusações não gozam de credibilidade, sendo fruto de uma discordância política entre Campello e Roberto Monteiro. O colunista ainda disse que "está sendo utilizado em jogo político com o qual não tem a menor influência".

Fonte: UOL Esporte