Política

Triunvirato vascaíno pode se desfazer

A decisão da juíza Maria Cecília Pinto Gonçalves, da 52ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, de indicar Eurico Miranda, Julio Brant e Fernando Horta como administradores do Vasco até o próximo domingo, foi colocada à prova já no primeiro dia de triunvirato. A decisão de fechar os portões na partida contra o Bangu, nesta quinta, precisou ser feita em reunião de cerca de duas horas e meia com participação dos três.

Antes do consenso, no entanto, as diferenças falaram mais alto novamente. Pela manhã, Brant se reuniu com Horta no escritório de José Luiz Moreira (antigo aliado, mas atualmente desafeto de Eurico) e foi para São Januário por volta de 13h, quando Eurico Miranda dava entrevista e se irritou ao saber que Brant havia entregue uma carta na secretaria dizendo que não havia sido notificado da decisão judicial e que não assumiria responsabilidades.

Eurico bradou, disse que também não assumiria responsabilidades, não pagaria nem mais um saco de gelo e que achava muito difícil a realização do jogo contra o Bangu. Deixou claro que não tinha intenção de dialogar com Brant, que adotou um tom mais conciliatório e afirmou que ainda tentaria uma solução em conjunto. Depois de almoçar no restaurante do clube com Felipe e outros membros de sua chapa, sempre acompanhado de dois seguranças, às 15h30 ele foi bater na porta da presidência. Desta vez conseguiu ser recebido.

Horta deixa claro que não pretende se envolver

O encontro, considerado amistoso pelos envolvidos, durou cerca de duas horas e meia e, na maior parte, serviu para tratar do jogo contra o Bangu e como funcionará o triunvirato até domingo. Fernando Horta chegou na metade final da reunião, e logo deixou claro que estava incomodado em estar lá. Disse que não concorda com a decisão da juíza, que não pretende assumir responsabilidades e participar das decisões. Para ele, o melhor era que Eurico ficasse por mais três dias sozinho no comando do clube, e que pretende pedir judicialmente para ser liberado da missão.

O que começou como um triunvirato, então, deve virar, na prática, uma tentativa de consenso entre Eurico e Brant, sem um voto de desempate. Brant, no entanto, ainda acredita que pode trazer Horta para a junta para lhe ajudar, principalmente pelo período curto que será necessário a presença dos três juntos.

- Conversamos sobre jogo, decisão da Justiça e funcionamento dessa junta. Entendemos que a decisão tem que ser tomada por maioria. Uma vez que fosse por maioria, seria comunicada aos sócios e ao público em geral. Amanhã (quinta) vamos ter que voltar lá e discutir questões de Libertadores, o calendário para frente - disse Brant.

Após deixar São Januário, Julio Brant levou para a Ferj um ofício com a proposta de portões fechados para Vasco x Bangu. Cerca de 30 minutos depois, Eurico chegou. Saiu do carro com dificuldade e integrou a reunião com o presidente Rubens Lopes e um representante do Gepe, mas não sem antes bradar na porta.

- Ninguém me convoca para p... nenhuma. Eu venho por livre e espontânea vontade.

Ao fim da reunião na Ferj, com direito a cafezinho no final, Brant foi o primeiro a sair e disse que a decisão dos portões fechados era a mais sensata no momento. Minutos depois Eurico saiu e disse que ele será responsável pela operação dos jogos de quinta e domingo.

- Que diálogo? Não teve diálogo nenhum. Problema é o seguinte: tinha um jogo marcado, tem uma decisão esdrúxula, e quem seria responsável pelo jogo? Agora, chegou-se a conclusão que não tinha como fazer, alguém tinha que ser responsável, e para variar sei como as coisas acontecem. A responsabilidade caiu em cima daqui - afirmou Eurico.

Nesta quinta, às 19h30, o Vasco enfrenta o Bangu, em São Januário. Tanto Eurico quanto Brant devem estar presentes. Resta saber quem deles vai assistir ao jogo da sala da presidência.

A reunião do Conselho Deliberativo que vai apontar o presidente do Vasco no próximo triênio será realizada na sexta-feira, às 20h, na sede da Lagoa. Na atual situação, a chapa vencedora é a "Sempre Vasco Livre", de Julio Brant. Desta forma, seu grupo é o favorito para eleger o presidente.

Fonte: ge