Treinador do remo do Vasco vigia uso do Facebook pelos atletas
Alguns não têm tempo em outros horários, mas muita vontade de praticar esportes. Outros querem apenas entrar em forma . E ainda há os que gostam de suar antes dos primeiros raios de sol. Enquanto a cidade dorme, os atletas da madrugada já estão nas ruas, mesmo no inverno, dedicando ao corpo e à saúde as primeiras horas do dia. Para muitos cariocas, a malhação antes do galo cantar é coisa de maluco. Mas esses atletas garantem que não há presente maior do que iniciar a jornada diária no pique. De brinde, especialmente nesta época de céu mais limpo, um nascer do sol de tirar a concentração.
A cantora e compositora Bia Pontes, de 43 anos, é radical: de segunda a sexta, às 4h30m, ela já está dentro do mar do Posto 6, em Copacabana, dando suas braçadas, na total escuridão. Na última terça-feira, os termômetros marcavam no horário 16 graus.
Nessa época, o mar fica quentinho assegura a cantora, que nadava apenas de biquíni e pés de pato.
Ela faz natação no mar há nove anos :
Sou energia pura; sem drogas, bebidas, nada. Adoro ver as estrelas e o sol nascer justifica a coragem, acrescentando que ,depois da atividade, o dia começa com o preparo do café da manhã do filho Miguel, de 12 anos.
Quando Bia está quase deixando o Posto 6 começam a chegar os ciclistas da equipe O Treino, que pedalam em Ipanema às 5h. Quem não está acostumado se surpreende com a quantidade de esportistas, que dominam a avenida até às 6h30m período em que a CET-Rio estabelece as faixas da esquerda como preferenciais para os ciclistas.
Às 8h já estou trabalhando conta a oficial da Marinha Kátia Altomare.
Ela treina ciclismo e corrida de segunda a sexta-feira, e compete nos finais de semana. Christian Smith, de 20 anos, segue rotina parecida. Pedaladas, seguidas de braçadas no mar, antes de correr para o banco onde trabalha como caixa. Fechando a maratona, aulas na faculdade de Administração na Uerj.
A gente acostuma. No final de semana, mesmo quando chego tarde, não levanto depois das 7h. Bem cedo é o ideal para pedalar por causa da temperatura e do pouco trânsito. A ciclovia de dia é uma falta de respeito afirma o bancário, que não foge do esporte nem com chuva ou ressaca na orla.
Veto ao uso das redes sociais à noite
Guerreiros também são os atletas do remo, que antes das 5h já estão se aquecendo na Lagoa. Para treinar com o dia ainda escuro, é necessário muita disciplina. Por isso, os treinadores do do Vasco vigiam de perto as equipes:
Eu digo que o atleta precisa dormir no mínimo oito horas. A gente pega no pé por conta disso. À noite, entro no Facebook para ver quem está online e mando ir dormir conta o treinador Marcelo Neves dos Santos.
O treinador explica que as pessoas procuram o horário pela necessidade, e não pelas vantagens: a madrugada é das equipes que trabalham ou estudam. É o caso da atleta olímpica Camila Carvalho, de 31 anos, que competiu pelo nos Jogos Olímpicos de Pequim. Como passou este ano a trabalhar com projetos especiais, voltados para esportistas de alto nível, no Comitê Olímpico Brasileiro (COB), na Barra, onde tem que chegar às 9h, ela trocou o horário de treino das 7h para as 5h. Ela confessa que é difícil acordar cedo, mas destaca vantagens:
Quando o dia começa a clarear, e vêm as primeiras rajadas de sol, é muito gostoso estar na Lagoa remando.
Às 6h, a luz do sol vem chegando e a turma que nada no Posto 6 vai entrando no mar. Antídoto contra a preguiça.
Não troco isso aqui por nada responde Marcus Vinícius Palmeira, estudante de 15 anos, que nada ao lado do pai, três vezes por semana, e evita sair à noite para guardar energia.
É um desafio acordar às 5h. Mas só no primeiro tranco, porque depois da natação vem o bem estar. Quando não venho nadar o dia parece diferente explica o advogado Celso Luís Salgado, de 43 anos, pai de Marcus Vinícius.
Já na ciclovia, o vai e vem de pessoas caminhando ou correndo já é relativamente intenso às 5h. Antes das 5h30m um senhor com patins passeava tão rápido que a reportagem não conseguiu alcançá-lo. Há quem prefira chegar antes das 6h para não enfrentar pistas cheias. Aos 77 anos, o advogado Salvador Bittencourt corre três vezes por semana na orla de Ipanema e Leblon, antes dos primeiros raios de sol:
Correndo cedo, trabalho com mais tranquilidade. E fico uma brasa!
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