Futebol

Trechos da coletiva de Abel Braga nesta quinta-feira (23)

Diretor técnico do Vasco, Abel Braga concedeu entrevista coletiva, nesta quinta-feira, no CT Moacyr Barbosa. Em sua primeira declaração, o dirigente comparou as eliminações do time na Copa do Brasil e no Campeonato Carioca. Os desempenhos, em sua opinião, foram opostos.

- Vi um texto que o Barbieri poderia ter colocado o Vasco mais defensivo no primeiro jogo contra o Flamengo, pela entrada do Galarza. No meu modo de pensar, nós não fizemos um bom primeiro jogo. No segundo, com mais um jogador de marcação, o Rodrigo, fomos totalmente superiores. Se você bota quatro volantes, vão dizer que perdemos porque fomos defensivos demais. Chega disso, queremos clareza. Acham que todos nós que estamos vendo o jogo ou somos idiotas ou somos cegos - disse Abel Braga, que acrescentou:

- No segundo jogo fomos gigantes. Na quinta-feira (contra o ABC) não fomos gigantes, fomos bem pequenos, fomos horríveis. Mas a maneira como encaramos no domingo, diante de uma equipe com melhor plantel, nós simplesmente não deixamos o adversário ver a bola. Depois aconteceu detalhes que não vêm mais ao caso.

Abel Braga tem como função fazer a ponte entre jogadores, treinador e diretoria. O diretor também auxiliar Maurício Barbieri no campo e ajuda Paulo Bracks na montagem do elenco.

- Bracks pode ser muito mais categórico. Mas pelo pouco que estou conhecendo, nós nunca mais vamos poder dizer "está fechado". As coisas aqui estão sendo feitas de maneira muito clara entre nós, isso me deixa muito satisfeito porque é um cargo novo para mim. Paulo me deu essa denominação de diretor técnico. No fundo me acho um auxiliar invisível, estou aqui para ajudar, para formar conceitos, de repente tirar dúvidas. Tudo aquilo que eu passo é o que eu vivenciei. Nós sentamos, conversamos, departamento de mercado, de scout... Vai para ele, que é o responsável por isso tudo.

Mais declarações de Abel Braga:

Muitos meninos da base

- Acho 30% o número perfeito porque a partir do momento que temos quatro goleiros, vamos jogar uma competição com 26 jogadores de linha. Não está nem para mais nem para menos. De um plantel, 30% de jogadores da base acho que é o ideal, ainda mais um clube como é o hoje o Vasco, um clube-empresa. Não seria difícil, mas se torna, a nível de treinamento, da maneira que o Maurício trabalha, ter número excessivo de jogadores seria prejudicial.

- Fico contente com esse número de jogadores da base, porque não é um número calculado, o jogador fica por tudo que ele passar pela relação, alguns podem tomar um tempo enorme para se adaptar. E não temos mais esse tempo a perder.

Trabalho do Barbieri

- O trabalho do Barbieri é muito bom porque começou do zero. Dos cinco jogadores da defesa não tem hoje um titular do ano passado. Você tem o Pec que não era titular no ano passado na parte ofensiva, o próprio Alex, o Pedro, o Jair. Isso é um trabalho de reconstrução. Explicando e sendo mais claro: começamos o campeonato com a terceira equipe, muito bem dividida pelo Emílio. Chegou a equipe da pré-temporada, vencemos o primeiro jogo, depois perdemos para o Volta Redonda e ninguém dava mais o Vasco entre os classificados.

- E o Vasco conseguiu essa classificação antes do último jogo. Isso tem causas, tem motivos. Obviamente tem muito a ver com a capacidade do grupo, do plantel. E a relação entre comissão e jogadores. Há uma credibilidade mútua, recíproca. Haja visto a maneira que a equipe enfrentou o jogo de domingo passado. Se não há uma credibilidade do que o treinador passa, contra um adversário desse tamanho, os jogadores não iam comprar a ideia de que poderiam jogar. Foram lá e jogaram, foram muito bem. Isso só aumenta a responsabilidade, mas também a esperança. O trabalho dele é muito bom, estamos muito contentes com isso. Até por essa integração, por esse crescimento.

Brasileirão

- Estamos loucos para começar o Brasileiro, vamos ter dois jogos pegados, contra Atlético e Palmeiras. É aquilo que nós sentimos no jogo passado. Não foi só enfrentar o Flamengo bem. Da maneira que saímos na quinta, saímos todos muitíssimos mal. 48h depois, você enfrentar um adversário que naquele momento já tinha revertido a vantagem, tivemos uma resposta mental muito grande. Isso me deu certeza de que vamos ter isso no Brasileiro. Essa é uma convicção, é um trabalho de alto nível, de verdade, um trabalho de muita informação, de muito plano tático. E sem medo, simplesmente isso. Vasco hoje é um time sem medo. Contra o Flu, jogou melhor. Depois venceu o Botafogo vencendo ligeiramente melhor. Vitória sobre o Flamengo e depois duas derrotas.

Onde o Vasco pode chegar no Brasileiro?

- Pode esperar muito, mais ou menos o que viu domingo. Creio que da maneira que enfrentou esse adversário domingo passado, adversário com menos valor técnico, talvez, vamos ser isso aí. Naquele grau de atuação, a probabilidade de vitória é muito grande. Tudo aquilo que é possibilidade de chegar, vamos chegar. O Vasco vai fazer um grande Brasileiro, não tenho dúvida disso. Eu tenho essas doideiras. É aquilo que o grupo nos passa.

- Quando uma equipe está num momento muito bom e ganha um jogo, a gente fala "caramba, o Palmeiras fez um grande jogo, o Rony arrebentou". O Vasco fez grandes jogo e você não viu nenhum jogador arrebentando. Isso é trabalho, não precisamos daquela figura de destaque. Não, temos vários destaques dentro daquilo que queremos. É difícil falar com ele (aponta para o Bracks), ele não para. Mas não é por acaso, não. Tem que ter uma série de coisas para entrar aqui. Uma coisa é certo: hoje todo mundo quer vir para o Vasco.

Tempo sem jogos?

- Vamos ter um tempo bom. O Andrey não está aqui, principalmente para ele seria bom. Nunca vi isso, jogar de 48 em 48 horas. E ele jogou todos os jogos. Então vai ser um tempo muito bom para jogadores como Marlon, Figueiredo, Orellano voltarem ao nível normal. Esses jogadores tiveram que participar vindo de contusão. Nesse aspecto vai ser bom. Naquilo que o Barbieri colocou domingo, da maneira de jogar, primeiro que ele foi feliz demais.

- Mas requer uma equipe com intensidade, que ninguém esperou que a gente teria, por causa do jogo de quinta. Recebi agora um convite do Eudes, treinador do Resende, se propondo a jogo-treino, amistoso. Estou passando isso a vocês antes de passar ao Barbieri (risos), veja bem. Estamos tratando, vai ser bom, vamos aproveitar. Não vai ser só a nível de treinamento, o que o Maurício achar necessário, faremos. Não é um tempo grande como pensa, mas também não é pequeno.

Fonte: GE