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Tita fala sobre a sua carreira e trabalho no Vasco

O técnico do Vasco, Tita, fala sobre a sua carreira como jogador e treinador.

EMOÇÃO AO OUVIR O GOL DO TÍTULO DO CAMPEONATO CARIOCA DE 1987
"É lógico que me dá emoção. Esse gol, sempre que tem... Esse gol marcou tanto na história do Vasco, que sempre que tem um clássico entre Flamengo e Vasco, os jornais me telefonam para saber sobre esse gol e essa conquista. Essa conquista marcou não só a história do Vasco, mas a minha vida também, porque tive a oportunidade de jogar no Flamengo e também de defender o Vasco da Gama. Fazer um gol de título é um gol especial para todo o atleta profissional", disse no programa "Só dá Vasco", veiculado na Rádio Bandeirantes.

PONTO DE PARTIDA NO VASCO
"Não tenha dúvida. Esse gol marcou muito, porque um gol de campeonato... Não me lembro assim. O Vasco estava há alguns anos [desde 1982] que não ganhava um título carioca. Você ganhar um título carioca em cima do rival, sempre é melhor ainda, mais especial. Marcou por essa situação. Sempre procurei me comportar de uma forma profissional, tanto defendendo a equipe do Flamengo, assim como defendendo a equipe do Vasco da Gama também. Apesar de ter participado em um espaço curto no Vasco da Gama... Joguei no Vasco em 87. Joguei o Campeonato Carioca. Tive a oportunidade de... Foi só o Campeonato Carioca. Fiz esse gol do título. Foi uma equipe espetacular. Acácio, Paulo Roberto, Donato, Fernando e Mazinho; Dunga, Geovani e eu; Mauricinho, Roberto e Romário".

"Depois fui para a Europa. Fiquei três anos na Europa. Eu estava convocado para a seleção do [Sebastião] Lazaroni. Resolvi voltar para o Brasil, para jogar a Copa do Mundo de 90, quando o Vasco, outra vez, abriu as portas para que eu pudesse retornar. No meu retorno participei também de uma equipe muito especial, que o Vasco foi campeão brasileiro. A minha participação, o meu tempo curto no Vasco teve muito significado. Joguei apenas um ano e oito meses no Vasco. Fomos campeão da Taça Guanabara três vezes, do Campeonato Carioca uma vez e Campeonato Brasileiro. Foi uma época que me marcou muito. Apesar de pouco, foi uma época muito marcante na minha carreira".

TITA COMO TÉCNICO
"Depois do Mundial de 90 saí do Vasco e fui jogar no México. Joguei no Grêmio antes. Joguei em 83, quando fomos campeão da Copa Libertadores. Jogava o Renato [Gaúcho], Mazarópi. Aí tive a oportunidade de jogar no futebol mexicano. Lá fiquei oito temporadas. Foi a oportunidade em que conheci o Marquinhos. Fomos companheiros no León do México durante oito anos. Depois que deixei de jogar resolvi me preparar para ser treinador. Fiz dois cursos aqui na Associação Brasileira de Treinadores e depois na Associação de Treinadores do Rio de Janeiro. Fui para a Itália fazer um curso no Coverciano. É um curso em italiano muito importante. Depois, quando fiz esses cursos, bati na porta do Vasco e pedi lá para o Eurico [Miranda] justamente uma oportunidade para eu estagiar. O Eurico me deu essa oportunidade e fiquei estagiando por três meses. O professor Antônio Lopes era o treinador naquela época. Quando veio o Mundial de Clubes de 2000, o Vasco me contratou. Trabalhei como observador do professor Antônio Lopes nessa época. Fiquei trabalhando no Vasco. O Vasco me emprestou para o Americano, pagava o meu salário para que eu fosse o treinador do Americano. Na final [Campeonato Carioca de 2000] o Abel Braga havia saído. O Alcir [Portella] assumiu como o treinador e o Vasco me trouxe do Americano para ser o auxiliar do Alcir".

NOVA ETAPA NO VASCO
"Estou me sentindo bem à vontade, o carinho das pessoas por ter voltado no Vasco. Tem muitos profissionais que ainda trabalham no Vasco da Gama, da época em que eu era jogador. Me receberam muito bem. O primeiro jogo tivemos pouco tempo para treinar. Apenas treinamos em uma sexta-feira, para jogar contra o Vitória".

VITÓRIA 5X0 VASCO, TRÊS DIAS DEPOIS DE ASSUMIR
"Seria uma decisão cômoda eu dar um passo atrás e assumir o Vasco só a partir da segunda-feira. Mas com o andar da carruagem... A gente fica acompanhando o futebol fora do campo. Eu inclusive fui até assistir aquele último jogo que o professor Antônio Lopes dirigiu contra o Coritiba. A gente tem mais ou menos uma idéia. Eu queria logo tomar... ficar a par da situação que estava acontecendo. Por isso é que preferi acompanhar o Vasco, mesmo fazendo pouco treinamento, ter assistido aquele jogo, acompanhado, trabalhado naquele jogo do Vitória, até para lidar com a situação".

VASCO 3X1 PALMEIRAS, PELA COPA SUL-AMERICANA
"Foi importante, porque a gente pôde - junto com o Seu Neca [Manuel Fontes, vice-presidente de futebol] lá na viagem, que nos acompanhou e foi chefiando a delegação - detectar algumas situações, tomar uma decisão importante para o jogo do Palmeiras, na quarta-feira, pela Sul-Americana, e pensar já no jogo do Internacional. A medida foi muito boa, porque tivemos a oportunidade de botar toda aquela garotada para jogar na quarta-feira, contra o Palmeiras. As pessoas inclusive não acreditavam que pudéssemos conseguir um resultado. As pessoas estavam até esperando uma outra goleada contra o Palmeiras, o que não aconteceu. A garotada deu conta do recado, lutou bastante. Jogamos contra uma equipe do Palmeiras que, dos 18 jogadores que o Vanderlei [Luxemburgo] levou, 16 vinham participando normalmente do Campeonato Brasileiro. Demos um passo importante na Sul-Americana".

VASCO 4X0 INTERNACIONAL-RS
"Aí vieram as seqüências. O pessoal se motivou bastante. O ambiente era um ambiente de tristeza, desânimo. Acredito que com essa vitória diante do Palmeiras o ambiente foi outro. A participação dos atletas foi bastante intensa e conseguimos uma vitória importante contra o Internacional".

PORTUGUESA 0X1 VASCO, EM SANTA BÁRBARA D\"OESTE-SP
"Uma vitória importante também contra a Portuguesa. O Vasco também não vencia fora - tinha oito derrotas e dois empates".

"O início é um início promissor, mas a gente tem que estar bem tranqüilo, com muita humildade, saber que esse trabalho está apenas começando. Temos apenas cinco jogos. E saber que a nossa luta é justamente que o Vasco se mantenha na primeira divisão do Campeonato Brasileiro".

CONVITE PARA DIRIGIR O VASCO EM 2000
"Era o Eurico nessa época. Eu estava no Americano. Estávamos até fazendo uma boa campanha no Americano. O Americano ficou, se não me engano, em quinto lugar no Campeonato Carioca. Se não me equivoco, o Abel saiu por uma proposta de um time da França. O Eurico efetivou o Alcir, que era o auxiliar do Abel, como treinador, e me convidou para ser o auxiliar do Alcir. O Vasco tinha a vantagem de dois empates naquela final contra o Flamengo. O Flamengo, faltando apenas 12 minutos para acabar o jogo, ganhou de 3 a 0. O Alcir na época ficou muito desgastado. Aí o Eurico resolveu inverter a situação, para proteger o Alcir, me passou de auxiliar para treinador, para fazer o jogo final, e o Alcir ficou sendo o meu auxiliar. Fomos na final. Fizemos 1 a 0, depois o Flamengo fez 2 a 1 e se sagrou campeão".

CARÊNCIAS NO ELENCO
"Tenho procurado agir com a maior transparência. O Seu Luso [Soares da Costa, vice-presidente] pode confirmar essa situação. A gente está sempre conversando com a direção, trocando informações. A direção tem procurado atender, sabe das carências que a equipe tem. O Márcio Careca é um desses reforços. Temos dificuldade na lateral esquerda, já que hoje contamos apenas com o Edu, que é um garoto e ainda tem idade inclusive para jogar na equipe de juniores. O Márcio seria um desses atletas. Já chegaram três atletas, que foi o caso do Serginho, André e Fernando. Hoje temos seis zagueiros para a zaga do Vasco da Gama".

META
"O Vasco hoje tem uma missão importante, que é justamente ficar na primeira divisão do Brasileiro. Quando chegamos, com a nossa derrota para o Vitória, o Vasco já entrou na zona de rebaixamento. Ficou apenas um jogo, mas esteve. É uma situação de emergência. Além disso, tem também a participação na Copa Sul-Americana. Iniciamos bem essa participação. O pensamento da comissão técnica, juntamente com a direção, é justamente dar esse respaldo, para que possamos caminhar esses 16 jogos e deixar o Vasco em uma situação de permanência na Séria A do Campeonato Brasileiro, para que essa direção, que agora está assumindo, possa ter tranqüilidade para trabalhar o ano de 2009".

JEAN
"Não é só Jean. Nós, da comissão técnica, gostamos de todos os atletas. Temos um grupo hoje que qualquer um pode jogar. Certamente o Jean terá a sua oportunidade. Contamos com o Jean e sabemos que é um jogador importante para os nossos objetivos. Certamente ele terá uma oportunidade de jogar contra o Grêmio".

ESTRUTURA DO VASCO
"É uma situação complicada, porque a minha área é uma área técnica e tática. O Vasco hoje é um clube invejável. Poucas equipes no futebol brasileiro têm hoje a estrutura que o Vasco possui. Essa situação do Vasco Barra também, ter um campo paralelo, para que a gente possa proteger o gramado de São Januário. A estrutura é espetacular. Poucas equipes hoje do futebol brasileiro possuem a estrutura que o Vasco tem. Por exemplo, hoje [ontem] tivemos a oportunidade de treinar de manhã e de tarde. Treinamos no Vasco Barra. Os atletas foram para a concentração do Vasco da Gama, almoçaram e descansaram na concentração. Depois treinamos em São Januário. Essa é uma situação de ouro que temos, como comissão técnica, de poder dar essa oportunidade para os atletas se alimentarem bem, descansarem e poder treinarem. Só tenho elogios, de poder essa oportunidade de dirigir o Vasco e ter toda essa estrutura servindo a comissão técnica e os atletas".

Marcos Antonio Benatto, o Marquinhos, auxiliar-técnico de Tita, fala sobre a sua carreira.

"Eu sou de Curitiba. Tive a oportunidade de jogar no México e aí conhecer o Tita. A gente já vem de amizade de bastante tempo. Eu ainda não conhecia a grandeza do Vasco, apenas por informações. Agora tenho a oportunidade de estar aqui e conhecer o que representa o Vasco da Gama. Muito feliz e tentando, de alguma forma, ajudar a gente a fazer um trabalho, para as coisas do Vasco melhorarem. Muito feliz e pronto para auxiliar. Essa é a minha função".

Na primeira passagem de Tita pelo Vasco como técnico, o profissional estava no Atlético-PR.

"Eu trabalhava no Atlético Paranaense. A gente fazia um trabalho paralelo. Eu sempre acompanhando o trabalho e sempre existia a possibilidade de trabalhar junto. Agora surgiu essa. Eu trabalhava na base - juvenil, júnior e tudo".

Tita fala sobre Marquinhos.

"Iniciamos a trabalhar juntos no Tupi, no ano passado. Na época pegamos o Tupi, que há 20 anos não participava do quadrangular final do Campeonato Mineiro. Fizemos um trabalho também lá muito importante e montamos uma boa equipe. O Marquinhos era o meu auxiliar ali também. O Tupi foi para as finais do Campeonato Mineiro. Depois, no ano passado, assumimos o Macaé na segunda divisão e colocamos o Macaé na elite do Campeonato Carioca. Juntos, com o professor Emílio Faro [novo preparador físico] também, classificamos o Macaé para participar do campeonato da Série C do Campeonato Brasileiro e desclassificou já na primeira fase. Agora estamos juntos de novo, fazendo um trabalho no Vasco da Gama".

"Hoje foi um dia pesado para nós. Hoje treinamos de manhã e de tarde. Viemos direto. Eu consegui mudar a roupa. O Marquinhos não. Ele está de auxiliar ainda. Justamente essa semana cheia para nós, em que vou ter a oportunidade de poder trabalhar com todos os atletas. Terça e quinta teremos de manhã e de tarde. Hoje foi esse dia".

Fonte: Vasco Expresso