Técnicos dos grandes do Rio jamais ganharam títulos na Série A

O futebol carioca sempre teve a fama de ser celeiro, não apenas de craques, mas também de técnicos. Começaram a carreira no Rio nomes como Paulo Autuori, Antônio Lopes, Zagallo, Carlos Alberto Parreira e Vanderlei Luxemburgo. Só que, nesta temporada, o quadro não é dos melhores no que diz respeito ao currículo dos treinadores dos quatro grandes clubes cariocas. Carlos Roberto, Waldemar Lemos, Paulo Campos e Renato Gaúcho nunca conquistaram nenhum título da primeira divisão do futebol brasileiro.

A aposta em treinadores pouco conhecidos, com exceção de Renato Gaúcho, mesmo assim conhecido mais pela carreira como jogador, é uma tendência necessária para diminuir as despesas de tempos passados. Pelo menos, é o que pensa o técnico Carlos Alberto Torres.

- Estas contratações estão acontecendo por falta de dinheiro. Como técnicos do quilate do Leão, por exemplo, custam caro. Só resta aos clubes correrem atrás de treinadores que não são de primeira linha. Eu mesmo, se me chamassem, ia cobrar uma grana alta para dirigir algum destes cubes - garantiu o Capita.

Uma justificativa dada pelos dirigentes é que os treinadores merecem uma chance de mostrarem seu trabalho em um grande clube. Para isto, o Botafogo apostou em um velho conhecido da torcida: Carlos Roberto, ex-meia do clube na década de 60. Ele nunca havia dirigido um clube da primeira divisão. Sua experiência se resume ao futebol árabe.

- É uma tendência natural. A renovação deve sempre existir. Técnicos com idéias novas, novos métodos de trabalho. É sempre importante. São apostas. Assim como jogadores, que saem das categorias de base como desconhecidos e estouram no profissional, com os técnicos podem acontecer a mesma coisa - ressaltou o técnico alvinegro, que conqusitou a Segundona do Rio com o Madureira e Bonsucesso, em 1983 e 1984, respectivamente.

Na Gávea, a situação não é diferente. Após contratar Valdir Espinosa no começo da temporada, os maus resultados do time não o seguraram no comando da equipe. Para o lugar dele, a diretoria recorreu a Waldemar Lemos. No currículo do novo treinador flamenguista, uma passagem pelo Fla, em 2003, e nada mais.

- A aposta em profissionais ainda sem títulos é uma circunstância normal. Precisamos de oportunidade para começar.Não é uma aposta de risco. No meu caso, é apenas um trabalho. É uma chance e quero fazer bem a minha função - minimizou Waldemar.

Situação semelhante é a do técnico do Fluminense, Paulo Campos. Contratado para substituir Ivo Wortmann, que por sua vez também não tem nenhum título de primeira divisão. Paulo nunca teve sucesso à frente de um clube brasileiro. No país, ele dirigiu Paraná, Palmeiras e Paysandu, mas sem conseguir destaque. Com o Papão da Curuzu, inclusive, acabou sendo um dos treinadores da pífia campanha do time em 2005, que culminou com a queda para a Série B.

Assim como Carlos Roberto, Paulo Campos também passou pelo mundo árabe e comandou algumas seleções pela região.

- A experiência que adquiri no exterior foi muito importante. O meu objetivo e o do clube é fazer o time jogar um futebol oganizado e esperamos dar muitas alegrias a torcida - disse Paulo Campos.

Resta aos torcedores acreditarem que as apostas darão bons resultados. Não são raros os casos de que o bom, bonito e barato foram a melhor escolha no futebol carioca.