Categorias de base

Sub-20: Base pode render bons frutos ao Vasco e ser a salvação no futuro

Vasco e Botafogo apostam em bons times sub-20 como tábuas de salvação para o futuro de curto prazo. 

Comentei nesta quarta-feira para o Sportv o clássico entre Botafogo e Vasco, pela segunda rodada do Brasileiro sub-20. Dois clubes cujos times profissionais estão na segunda divisão nacional. Dois clubes altamente endividados. Dois clubes com ínfimo fluxo mensal positivo de caixa. Dois clubes, portanto, quase que obrigados a recorrer à base como tábua de salvação a curto prazo. E - agora a parte boa - dois clubes que aos poucos começam a colher um fruto aqui e outro ali. Nada comparável à qualidade que os coirmãos Flamengo e Fluminense têm colocado nos elencos principais, nada comparável às fortunas que a dupla Fla-Flu têm colocado no bolso com as vendas de suas jóias. Mas um Botafogo que na temporada 2020 venceu a Taça Rio e chegou à final do Carioca (perdeu do Vasco), e em 2021 chegou à decisão da Copa do Brasil, contra o Coritiba - perdeu nos pênaltis, acontece. E um Vasco campeão carioca, campeão da Copa do Brasil 2020 e da Supercopa do Brasil 2021. Por toda essa luta para voltar à ribalta, foi bom que nenhum dos meninos perdesse: deu 1 a 1.

Ambos os times estrearam com vitória no Brasileiro - o Vasco em casa diante da Chapecoense, o Botafogo, fora, diante de um forte Grêmio. O Vasco, do técnico Siston, tem um elenco mais qualificado, em que muitos jogadores já são aproveitados pelo elenco profissional - Andrey fez um partidaço, Vinicius também. O Botafogo tem repertório tático, encaminhado por seu treinador, Ricardo Resende. A chegada desse profissional, aliás, é um alento para o clube, no sentido de que a base é objeto de investimento por parte da diretoria alviengra. Resende tinha uma trajetória estabelecida na base do futebol de Minas Gerais, com vários títulos por Atlético-MG e pelo Cruzeiro, e o Botafogo foi buscá-lo. Fez muito bem.

Se contra o Grêmio ele marcou alto - e com 10 minutos de jogo chegou ao primeiro gol - porque o tricolor gaúcho sempre ataca e, portanto, precisa ser contido, contra o Vasco a opção foi se fechar. E no primeiro tempo deu certo. Os vascaínos pouco conseguiram chegar na área até os 30 minutos - período em que a única grande chance foi do Botafogo, com Ênio, que o goleiro Pablo salvou. Nos últimos 15 minutos, o Vasco construiu alguma coisa atacando por fora, mas nada muito digno de registro.

No segundo tempo foi a vez de Siston ser protagonista. Ele tirou o inoperante Arthur da área, colocou-o para correr pela direita, abriu Vinicius pela esquerda e espetou o experiente e intenso Figueiredo no pivô. E aos 9 minutos, Vinicius entrou na área e foi derrubado por Henrique. Pênalti claro, que Arthur bateu muito bem (a única coisa que fez bem no clássico) e chegou a seu terceiro gol no campeonato. Ricardo Resende começou a colocar atacantes, correto, era a única opção. Mas o Vasco, inteligentemente, continuou a atacar. Não caiu na tentação de recuar, e com isso o Botafogo não conseguia atacar. O Vasco teve uma chance inacreditável de matar o jogo e não o fez - três conclusões na mesma jogada, duas delas salvas pela zaga literalmente em cima da linha.

Mas... aos 43 minutos, Reydson interceptou um contra-ataque e deu a Ênio. Incrivelmente o Vasco estava quase todo no campo adversário (um erro, a dois minutos do fim, vencendo por um gol, um time não pode ser surpreendido todo na frente). O atacante lançou o tanque Gabriel Henrique, que encobriu Pablo para empatar o clássico. O goleiro vascaíno, aliás, que é bom sob as traves, precisa aprender a sair do gol. Antes do gol que tomou, havia saído desnecessariamente para disputar uma bola com Matheus Nascimento (havia dois zagueiros vascaínos no lance). E no lance derradeiro, hesitou e quando partiu, conseguiu apenas facilitar o trabalho de Gabriel Henrique.

Há muitos bons concorrentes no Brasileiro, não dá para cravar que Botafogo e Vasco estarão entre os oito classificados para o mata-mata. Mas dá para perceber que ambos estão no único caminho possível para sair do atoleiro em que más administrações jogaram os dois clubes: formar, com qualidade, com paciência, com gente competente, gerações de jogadores que possam traçar um destino mais promissor para Botafogo e Vasco.

Fonte: Globo Esporte