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Sérgio Cabral e Eduardo Paes decretam luto de três dias pela morte de Armand

O último aceno, o derradeiro adeus. Cerca de 400 pessoas enfrentaram o calor de meio-dia para se despedir do Mestre Armando Nogueira, vítima de câncer no cérebro aos 83 anos. Coberto com as bandeiras do Botafogo e do Acre, seu estado natal, o corpo do jornalista saiu do Maracan㠖 onde foi velado na Tribuna de Honra do estádio – ainda de manhã, em direção ao Cemitério São João Batista, na Zona Sul do Rio. Lá, reencontros, abraços, lágrimas e muitas lembranças. As palavras de conforto vieram do próprio filho, que agradeceu a presença de amigos famosos e anônimos.

– O Brasil não perdeu o Armando Nogueira porque as palavras são eternas – emocionou-se o filho único, Armando Augusto Magalhães Nogueira, conhecido como Manduca, que tem 55 anos e também é jornalista. – Sabendo da trajetória de meu pai, eu não tinha a menor dúvida que a festa seria bonita. Eu tenho certeza de que o séquito de admiradores dele é enorme.

Exatamente terça-feira fez dois anos que Armando Nogueira visitou o Maracanã pela última vez – justamente para inaugurar uma sala na entrada da tribuna de imprensa que leva o seu nome. Já no cemitério, enquanto integrantes do Clube Esportivo de Ultraleve – uma de suas paixões era pilotar aeronaves de pequeno porte – se exibiam no céu azul, torcedores do Botafogo cantavam o hino do clube.

A explosiva mistura de calor com emoção fez Carlos Heitor Cony passar mal. Ele precisou ser atendido por familiares, que atribuíram à pressão alta o mal-estar do escritor.

– Armando Nogueira formou a santíssima trindade da crônica esportiva junto com Mario Filho e Nelson Rodrigues – disse Cony, pouco antes de passar mal.

Entre várias personalidades que foram se despedir, Ziraldo discursava sobre a importância de Armando para a imprensa brasileira. Para ele, além de ter sido pioneiro no telejornalismo brasileiro, o amigo tratou as palavras com o merecido respeito e fugiu dos problemas com delicadeza ímpar.

– Nos anos 70, ele fazia um jornalismo literário quando ninguém fazia. Em uma época, aliás, que não se recomendava fazer.

O jornalista e escritor Zuenir Ventura complementou:

- O Armando é presente, não é passado.

Homenagens oficiais

O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes decretaram luto oficial de três dias. A secretária estadual de Esportes e Lazer do Rio, Márcia Lins, disse que vai inaugurar no Maracanã a Academia de Ideias Armando Nogueira, próxima ao hall dos elevadores. Já a CBF determinou um minuto de silêncio nos jogos da Copa do Brasil desta semana.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota de pesar pela morte do jornalista:

– Foi um dos nomes de maior destaque da história do jornalismo brasileiro, especialmente na televisão e na crônica esportiva. Tinha talento de sobra que lhe permitiu atuar em diferentes mídias, sempre com o mesmo brilho e a mesma preocupação com a qualidade do texto e da informação.

Fonte: Jornal do Brasil