Futebol

Romário fala sobre Antônio Lopes, Roberto Dinamite, Seleção e do Urubu

Assisti, no Sportv, domingo, a um documentário a respeito dos 40 anos de Romário. Victorino Chermont era o entrevistador. Romário, bem à vontade, foi falando tudo de sua vida, desde os primeiros tempos, da favela onde nasceu até os dias de hoje. Nota-se, claramente, no que falou o grande jogador, a sua sinceridade. Ele não deixa dúvidas a respeito de qualquer assunto. Esclarece que os seus problemas sempre foram com mulheres e que nunca bebeu, fumou, \"cheirou\" ou foi homossexual. Nunca foi ligado a drogas e por isso está com a saúde para jogar aos 40 anos.

Ele não afirma que vai parar este ano. Se continuar marcando gols, continua. Toda a matéria, de uma hora de duração, é ilustrada com gols e entrevistas do craque. Confesso que o trabalho que tinha como objetivo mostrar totalmente Romário atingiu seus objetivos. Todos que participaram da produção estão de parabéns. Minha admiração por Romário, sem deixar de criticá-lo quando necessário, é enorme. Quando ele chega a \"quarentão\", lembro-lhe que Satnley Mattheus jogou até os 50 e... bem. Futebol faz bem ao Romário, que diz não estar preparado para outra coisa: \"Tive bar, bingo, restaurante e nada deu certo. Só sei jogar futebol...\" Romário não descarta a hipótese de continuar no futebol, em outra atividade, talvez técnico. Foi ótimo o \"Romário-40 anos\".
Analisando a vida

Romário fez uma análise desde os seus tempos de infância. O primeiro time, o Olaria, depois o Vasco da Gama. Ele ainda considera o Vasco da Gama a sua casa. Falou respeitosamente do Flamengo. Elogiou o trabalho de Cleber Leite: \"Ele quis, como presidente, dar o melhor ao Flamengo. Contratou craques, foi buscar-me na Europa e nós não conseguimos retribuir, em campo, esse esforço. Não foi por não querer... Ganhamos apenas um título, quando o time formado tinha tudo para ganhar muitos títulos. Jogar no Flamengo foi um motivo de orgulho para mim. Tem uma torcida maravilhosa.\"
Melhor jogador da Fifa

Romário fala do PSV Eindoven: \"Na Holanda consegui tudo, títulos e prestígio internacional. Foi maravilhoso. Fiz muitos amigos e mantenho essas amizades até os dias de hoje. Não sabia falar uma palavra do idioma e consegui enfrentar tudo, até o frio\". Barcelona foi, para Romário, um ponto alto, sem dúvida: \"Ganhei o troféu de melhor jogador da Fifa, fui artilheiro e trabalhei com o excelente Johan Cruyff\". Aliás, o técnico do Barcelona, segundo Romário, foi muito útil para sua carreira, assim como Gus Hiddick, no Eindoven.
Hiddick, um amigo

Hiddick está na Austrália e brilhou também dirigindo, no último mundial, a Coréia. Romário fala dele: \"Um amigo importante que tive na Holanda. Ele era o técnico do PSV. Me recebeu com carinho e aí tudo ficou mais fácil.\" Romário contas as suas apostas com Cruyff: \"Ele me dizia: faça o que você sabe que está ótimo. Se fizer os gols, te deixo ficar até mais de 5 dias no Rio. Os demais jogadores não gostavam, mas Cruyff lhes dizia que a decisão de Romário prolongar licenças era dele e quem não estivesse satisfeito podia sair.\"
Elogio a Antonio Lopes

No Vasco da Gama, sua casa, sempre se sentiu à vontade. Foi lançado no time pelo Antonio Lopes, hoje técnico do Corinthians. Romário diz que ele é um dos melhores do Brasil.

Elogia Renato Gaúcho e fala bem de Leão e Vanderlei Luxemburgo. Diz que Joel Santana foi ótimo em sua carreira. Diz que técnico que só não quer perder é errado. Tem que querer ganhar. Critica Zagallo, que não quis levá-lo aos Jogos de Atlanta. Também poderia ter ido a Sydney. Ele queria disputar os Jogos Olímpicos. Não gostou de sua dispensa em 1998, na França. Poderia ter ficado e jogado na segunda fase, diz ele. Não tem nada contra o Edmundo. Em 2002, a decisão era de Scolari e ele respeita. A entrevista, longa, é bonita e honesta.

Romário também diz que no Vasco nunca teve problemas com Roberto Dinamite: \"Fiz muitos gols graças a passes dele\". E elogiou o grupo de 94, quando conquistou o maior título de sua carreira. Disse que Parreira, contra o qual não tem nada, não poderia deixar de convocá-lo, pelo que estava jogando. Falou de sua presença na Copa de 90, na Itália, depois de uma cirurgia, e disse que faltava união ao grupo, apesar de ser tecnicamente bom. Que o Romário prossiga no seu estilo e fazendo gols.

Fonte: Coluna de Orlando Duarte - Tribuna da Imprensa