Futebol

Romarinho ensaia continuidade ao Pai

Ao anotar o \"milésimo\" gol em suas contas, Romário se aproxima do fim de uma carreira que começou na categoria infantil do Olaria. No entanto, ele deixa uma herança para o futebol brasileiro antes de se aposentar: seu filho Romarinho, que pode dar \"continuidade\" ao atacante nos gramados.

\"Ele lembra o Romário em tudo. É incrível. A movimentação dele é muito parecida com a do pai. Como sabe que ainda não tem corpo para trombar, se for para o choque leva desvantagem, ele sai rápido da área, toca e volta ao espaço vazio para fazer gol. É inteligente\", disse Mário Duarte, técnico do garoto na categoria pré-infantil do Vasco. \"Se Deus quiser, um dia vou ser igual a ele. Estou lutando para isso\", afirmou Romarinho, de 1,49m.

Em busca do 1º gol
Enquanto seu pai buscou o \"milésimo\" gol para encerrar a carreira, Romarinho ainda tenta marcar o primeiro para começar a sua com o pé direito. Por isso, o garoto aguarda ansiosamente pelo início do Campeonato Estadual do Rio da categoria infantil.

\"Ainda não marquei gol. Só quando começar o campeonato\", disse Romarinho, que não se mostra preocupado em atingir a marca do pai.

\"É difícil. Primeiro, vou jogar o futebol que eu sei e tentar fazer meus gols. Depois, lá na frente, eu vejo quantos eu fiz. Não faço questão de marcar mil\", declarou.

Dessa forma, mesmo com apenas 13 anos de idade, o filho de Romário já causa uma boa impressão nos profissionais da base cruzmaltina. \"Ele já agrada. Tem uma qualidade técnica muito boa. Sabe tocar, se movimentar e bate bem na bola\", continuou Duarte.

Filho homem mais velho de Romário, fruto do casamento do craque com sua primeira esposa, Mônica Santoro, Romarinho nasceu em Barcelona, em 1993. Portanto, quando seu pai já atingia o auge na carreira - em 1994, ele conquistou o tetracampeonato mundial com a seleção brasileira na Copa dos Estados Unidos e foi eleito pela Fifa o melhor jogador do planeta.

Concebido em uma época em que Romário já encantava o mundo com seus dribles, arranques e gols, Romarinho herdou do pai outra característica marcante.

\"Ele tem um raciocínio rápido. Muitos atletas de mais idade não têm essa rapidez de raciocínio dele. Quando a bola chega, ele já sabe o que fazer, se vai tocar para trás ou no fundo. Essa fração de segundo é fundamental. Pode decidir um jogo. É um diferencial que ele tem\", elogiou Mário Duarte, que, no entanto, fez questão de frisar que ele ainda não é um garoto diferenciado.

\"Ele ainda é muito novo. Não é diferenciado dos outros, mas está no nível dos garotos que têm mais qualidade. Mas também, está só começando\", acrescentou.

Romarinho começou a jogar futebol de campo por categoria de base do Vasco neste ano, após praticar futsal desde os seis anos de idade. Antes de freqüentar a escolinha de salão do Vasco, até o ano passado, ele também jogou na do Fluminense, na época em que Romário defendeu o clube tricolor.

No entanto, o menino enjoou do futsal e decidiu seguir os passos do pai no gramado a partir deste ano. \"O futsal é bom porque você fica mais veloz no drible. Mas não sou muito de driblar. Toco rápido e apareço na frente. Se a bola sobrar, chuto para o gol\", definiu-se Romarinho, confirmando a movimentação descrita pelo seu treinador.

Namoros e futevôlei x gosto por treino e tratamento igual
Se o garoto conserva algumas características do pai, ele também se mostra bem diferente de Romário em outros aspectos. O que mais chama a atenção é o apreço pelos treinos, algo que o astro sempre rejeitou publicamente, principalmente pela manhã.

\"Chego às 7h para treinar. E chego na hora. Já estou acostumado a acordar cedo. Não falto a nenhum treino\", disse Romarinho, que treina de segunda a sexta. \"Ele é pontual. É um garoto aplicado\", confirmou Mário Duarte.

Segundo Romarinho, o gosto pelo futebol de campo ajuda. \"Aqui no Vasco, treino todo dia. Antes, jogava no salão, mas não gosto mais. Agora, no campo, estou gostando e por isso não estou faltando nenhum dia\", contou.

Por sinal, apesar de jovem, o garoto mostra estar ciente de que o caminho a trilhar para \"continuar\" a carreira de Romário é longo. Por isso, ele não considera os treinos desnecessários por ser filho do \"artilheiro dos mil gols\".

\"Preciso treinar, claro. Ainda estou no começo e tenho que lutar muito, como o meu pai no início\", disse. \"Ele é determinado, sabe o que quer. Isso é muito bom. É um garoto novo, que ainda está começando, mas já tem essa responsabilidade\", elogiou o técnico de Romarinho.

Além disso, o filho do astro dispensa tratamento diferenciado, ao contrário do pai, que quase sempre teve regalias nos times que defendeu. Em São Januário, onde treina e estuda na escola do clube, que funciona nas dependências do estádio, Romarinho é um menino comum.

\"Ele é um garoto muito unido com o grupo. Se dá bem com os outros, quer ficar junto com todo mundo e fazer tudo o que eles fazem. Ele não se acha diferente de ninguém porque tem o Romário como pai. Nem quer isso. Gosta de trabalhar igual a todos. Tanto que estuda aqui junto com os outros garotos, quando poderia estar num colégio fora\", contou Mário Duarte.

No clube, onde tem acompanhamento de nutricionistas, fisiologistas e faz um trabalhado individualizado (assim como todos os garotos do pré-infantil) de reforço muscular, Romarinho chega a gastar 12 horas do seu dia. \"Chego às 7h para treinar e estudo à tarde. Só vou embora, no mínimo, às 17h\", disse.

Mas as diferenças em relação ao pai ficam por aí. Mesmo com apenas 13 anos, o menino já teve mais de uma namorada e pratica o mesmo hobby de Romário na praia da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, onde mora com a mãe. \"Gosto de jogar futevôlei na praia\", afirmou Romarinho.

Além da personalidade, o jeito do garoto também lembra o pai. \"A maneira de ele caminhar para a bola lembra muito o Romário\", afirmou Mário Duarte.

Entretanto, Romarinho garante que não faz nada disso para copiar o seu pai. \"Gosto da maioria das coisas que ele gosta. Mas não tento imitar nada, faço o que gosto\", enfatizou o garoto, com a mão na cintura característica de Romário, mostrando personalidade forte.

Tanto que, cercado por jornalistas num treino em São Januário, ele explicou da seguinte maneira o assédio da imprensa sobre ele tão cedo: \"Acho que isso é por causa do meu pai, porque ainda nem comecei minha carreira direito. Mas depois, vou conseguir por mim mesmo\", encerrou.

Fonte: UOL Esporte