Futebol

René admite influência de atraso de salários em atuações do Vasco

Pode-se dizer que o Vasco passou todo o Campeonato Carioca surpreendendo. Na Taça Guanabara, impressionou com uma campanha consistente, contradizendo a maioria das previsões, e chegando à final. No segundo turno, causou surpresa pelo lado negativo, passando as quatro primeiras rodadas sem vencer e, por consequência, sem chegar à semifinal. Paralelamente a tudo isso, o clube se viu sem conseguir solucionar o problema dos atrasos salariais, e segundo o diretor executivo René Simões, essa questão tem influência no desepenho da equipe dentro de campo.

O dirigente deixa claro não acreditar em algo proposital. Mas do alto da experiência de 43 anos de futebol, tem a certeza de que o trabalho nos treinos e jogos perde em qualidade quando os jogadores não pensam apenas no que devem fazer dentro de campo.

- Influencia, sim. Não acho que seja algo consciente, do tipo “não vou correr porque não recebi”. Pelo contrário, já vi equipes serem campeãs mesmo com salários atrasados. Mas inconscientemente existe um processo por trás que atrapalha o desempenho do jogador. Já tive relatos de um atleta e de um funcionário do Vasco que estavam indo para o clube e a esposa perguntou: “Vai aonde? Vai ao Vasco por que, se não recebe?” Imagina um profissional escutar isso? É algo que trabalha na autoestima da pessoa, que passa a não ter uma performance ideal - disse René Simões. Ele prefere não creditar a falta de rendimento do Vasco no segundo turno do Carioca somente ao atraso de salários. Mas reconhece que as dificuldades financeiras têm papel determinante no andamento do futebol do clube e, assim, no desempenho da equipe ao longo da temporada.

- Não quero usar isso como justificativa para o time não ir bem. Assumimos nossas responsabilidades. Mas num contexto geral, passa por aí. O clube não consegue investir como gostaria, não cumpre as obrigações com jogadores e funcionários e não pode se mobilizar por estar algemado na parte financeira. O Vasco vive uma fase absolutamente sem precedentes - destacou.

Por isso, o clube fez um grande esforço para contratar Paulo Autuori. Em algumas reuniões, mostrou que as boas perspectivas eram maiores do que a sombria realidade atual. E se comprometeu a iniciar o segundo semestre livre de atrasos salariais. Dessa forma, sabe que, mesmo sujeito a condições externas, não pode falhar, sob pena de perder o treinador. Mesmo assim, René Simões mostra confiança no sucesso do planejamento cruz-maltino, já que admite que esta seria uma derrota crucial para o Vasco.

- Não passa pela minha cabeça perdê-lo. Embora eu conheça bem o Paulo e saiba que é um homem de palavra, tanto para cumprir quanto para executar o que está definido. Mas  o Vasco vai cumprir. Pelo tamanho desse clube, tenho certeza de que em julho vamos estar com tudo estabilizado, e ele vai poder fazer um trabalho fantástico. O Paulo está empolgadíssimo, então sei que vai dar frutos. Temos um compromisso com o Autuori. Ele comprou a briga, e é importante que esteja conosco, pois traz credibilidade - afirmou René, lembrando que em julho o clube assinará contrato com um novo patrocinador master. O nome mais forte especulado é o da montadora Nissan.

Fonte: ge