Futebol

Renato Gaúcho: Um dia vou treinar a Seleção Brasileira

Com oito clubes no currículo (Grêmio, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Atlético-MG, Roma e Bangu) e 19 anos de carreira como jogador, Renato Portaluppi, o Renato Gaúcho, pode entrar novamente para a história do futebol mundial. Desta vez, como o técnico do Vasco que comandou Romário na época do milésimo gol. Em entrevista exclusiva ao repórter Fabrício Costa do GLOBOESPORTE.COM, Renato Gaúcho revela o desejo de chegar à seleção brasileira. Acha que é apenas uma questão de tempo. E classifica o clássico contra o Flamengo como uma partida normal, diferentemente do presidente cruzmaltino que encara o confronto como um campeonato à parte.


GLOBOESPORTE.COM : Ao lado dos técnicos Mano Menezes e Wagner Mancini, você é um dos treinadores que há mais tempo estão à frente de um clube. Qual a fórmula do sucesso?

Renato Gaúcho: A resposta disso é competência. Acho que o que conta no futebol são os resultados. Ninguém ia querer me manter em São Januário se eu fizesse um trabalho que não estivesse de acordo com os resultados. Sei que estamos fazendo um bom trabalho e a responsabilidade de comandar um clube grande é enorme.

GLOBOESPORTE.COM : A expectativa em torno do milésimo gol do Romário pode fazer com que os jogadores do Vasco percam o foco principal da partida contra o Flamengo, que é a vitória?

Renato Gaúcho: Tenho conversado isto (triunfo no clássico) diariamente com eles. Acima da festa do Romário está o Vasco. O grupo está animado em participar deste momento tão importante e estamos torcendo para que o gol 1.000 sai logo. Se não for contra o Flamengo, será contra o Americano ou diante do Botafogo. Sei que vai acontecer naturalmente. É importante ressaltar que o milésimo gol do Baixinho está em segundo plano. Uma vitória do Vasco no clássico contra o Flamengo é fundamental para nos classificarmos às semifinais do Campeonato Carioca.

GLOBOESPORTE.COM : O clássico contra o Flamengo é um campeonato à parte como o presidente do Vasco Eurico Miranda gosta de dizer?

Renato Gaúcho: Não penso assim. O jogo é normal para a gente como qualquer outra partida. Nada vai mudar. O jogador não tem mais ou menos responsabilidade porque o confronto é diante do Flamengo. A gente vem se dedicando, os resultados vão aparecer. Fato é que os três pontos são importante para ficarmos mais próximos da classificação para a final da Taça Rio. Espero casa cheia pelo apelo do jogo e também por causa do Romário, que está confirmado como titular.

GLOBOESPORTE.COM : Fale um pouco sobre sua evolução como técnico. Desde o começo no Fluminense até o atual momento, o que mudou na sua carreira fora das quatro linhas?

Renato Gaúcho: Com o passar dos tempos, fui adquirindo uma experiência maior. Além disso, tenho a vantagem de ter sido jogador por 20 anos. Aprendo todos os dias, e, atualmente, contoaté 15, 20 antes de agir. Quem diz que sabe tudo, na verdade não sabe nada.

GLOBOESPORTE.COM : O Felipão te apontou como um dos melhores técnicos do Brasil, ao lado do Mano Menezes. O que dizer disto?

Renato Gaúcho: Fico muito feliz e honrado. O elogio é de um técnico consagrado, vangloriado internacionalmente. Recebo com satisfação o reconhecimento do meu trabalho. É sinal de que o trabalho vem sendo bem feito. E isso me dá mais responsabilidade para que continue lutando. O ideal seria errar o menos possível.

GLOBOESPORTE.COM : O técnico de Portugal Luis Felipe Scolari pediu ao Cristiano Ronaldo que assista com atenção aos vídeos das suas partidas, quando era jogador. Concorda que você e o meia-atacante português têm estilos parecidos?

Renato Gaúcho: Sinto-me feliz com a comparação, já que o Cristiano vem se despontando como um grande jogador há algum tempo. Acho que, dentro de pouco tempo, ele vai concorrer ao prêmio de melhor do mundo. Só tenho que agradecer pelo Felipão ter me citado mais uma vez como exemplo. Nós temos algumas características semelhantes. Ele atuando recentemente, e eu ao lembrar do passado. Enfim, vejo um futuro promissor para esse jogador.

GLOBOESPORTE.COM : O que você precisa fazer como técnico para chegar à seleção brasileira?

Renato Gaúcho: Não adianta querer apressar as coisas. É continuar trabalhando, fazer com que o meu trabalho apareça. Eu tenho consciência e uma confiança muito grande em mim que um dia vou treinar a seleção brasileira. A minha hora vai chegar. Por enquanto, tenho que buscar os resultados aqui no Vasco. Não importa se daqui a um, dois, três ou quatro anos. Quando a chance aparecer, sei que vou estar mais preparado do que nunca.

GLOBOESPORTE.COM : Você já se desentendeu com o Romário em um Flamengo x Vasco, em 1988. Como é o seu relacionamento com o Baixinho, atualmente?

Renato Gaúcho: Normal. Ele é uma pessoa que me ajuda muito e vice-versa. A gente conversa bastante, praticamente quase todos os dias. A sinceridade impera entre nós, por isso trocamos muitas idéias. Pensamos mais ou menos da mesma forma, isso facilita. Aliás, o Romário nunca treinou tanto na vida como agora e nunca se sentiu tão bem, apesar dos 41 anos. A gente procura fazer o melhor para o Baixinho, dar o treinamento físico e técnico de acordo com o que ele suporta, por exemplo. Se nós não tivéssemos essa amizade toda, talvez o Romário não estivesse nesta boa forma.

GLOBOESPORTE.COM : Qual a maior virtude e o maior defeito do Romário enquanto seu comandado?

Renato Gaúcho: Prefiro falar sempre das virtudes. Ele é um jogador inteligente, com um faro de gols inegável e continua um gênio dentro da grande área. O defeito dele, não sei se é uma falha, é o que chega para todo mundo: a idade. Gostaria muito que o Romário sempre tivesse os seus 20 e poucos anos, para continuar dando alegria para todo mundo.

GLOBOESPORTE.COM : Você é a favor de o Romário permanecer jogando depois do milésimo gol. De repente disputar o Carioca, a Copa do Brasil, a Sul-Americana e, quem sabe, o Brasileiro?

Renato Gaúcho: Vamos com calma. Isso é uma coisa que só o Romário pode decidir. A gente faz de tudo para ter o Baixinho em campo e para ele marcar o milésimo gol. Mas a partir dai (do Campeonato Carioca em diante) depende da cabeça dele. Não adianta eu, você ou a família dele opinar. Só ele pode chegar à conclusão de até quando tem condições de jogar. Primeiro vamos ao gol 1.000.

GLOBOESPORTE.COM : Qual lance ou gol da sua carreira serve de cartão de visitas? Que é uma síntese de tudo o que fez pelo futebol?

Renato Gaúcho: Sou uma pessoal normal, que sempre procurou dar o máximo de si como jogador. E, agora, visto as camisas dos clubes como treinador. Meu cartão de visitas são os títulos que eu ganhei. Todos são importantes, assim como a projeção que cada clube me deu. Foram 16 títulos no total, em 19 anos de carreira. Acho que é uma marca excepcional.

GLOBOESPORTE.COM : Ainda dá vontade de entrar em campo. Se pudesse você se autoescalaria para o clássico de domingo contra o Flamengo?

Renato Gaúcho: Estou muito feliz em participar da festa do Romário como treinador. Mas, lógico, que gostaria de estar dentro das quatro linhas e jogando ao lado do Baixinho. Sei que isso não é possível, o tempo passa para todo mundo. O importante é que vou participar de alguma forma.

Fonte: ge