Relembre fatos que em 30 dias desencadearam crise no Vasco
Quando Bolívar rolou a bola para trás na área vascaína, com certeza ele não imaginaria o estrago que o chute de Lucas aos 35 minutos do segundo tempo causaria em São Januário. Ao longo de um mês, o Vasco acumulou uma série de decepções, que hoje compõem a crise cruzmaltina. As consequências da bomba atômica que saiu do pé do lateral-direito naquele fatídico dia 10 de março ainda ecoam na Colina.
Um time que aparentava ter dado a volta por cima após a saída de seus principais jogadores em 2012 e vinha enchendo a torcida de confiança na busca pelo 23º título carioca (depois da vitória na semifinal da Taça Guanabara por 3 a 2 em cima do Fluminense, os ingressos destinados ao Vasco esgotaram-se com quatro dias de antecedência) precisava apenas de um empurrãozinho para começar a se afogar dentro e fora de campo.
A partir daí, as falhas, que os bons resultados até então escondiam (foram 6 vitórias em 9 jogos), ficaram em evidência e a qualidade técnica do time passou a ser questionada. Logo após a final, Gaúcho deixou claro o problema do Vasco: deficiência do elenco.
Na semana seguinte, a diretoria se empenhou em apresentar reforços para a sequência do estadual. O zagueiro Gabriel Paulista, do Vitória, foi um dos nomes que surgiram no pacote de jogadores que chegariam em São Januário. A negociação era dada como certa e, segundo o empresário, 90% concluída. Porém, uma semana depois, a diretoria vascaína não depositou o dinheiro referente à contratação do atleta e o negócio melou.
Em seguida, foi a vez de Pedrinho, ídolo da torcida, abandonar o barco, deixando a direção de futsal do clube. Quando a crise dentro das quatro linhas surge, os problemas extracampo não demoram a aparecer e, na mesma semana, a falta de pagamentos voltou a ser notícia no Vasco. Dias depois, foi a vez dos torcedores mostrarem insatisfação e invadirem o treino, obrigando os jogadores a encerrarem a atividade. Foram tantas tempestades que a nau cruzmaltina enfrentou que até o ídolo Edmundo pediu ajuda.
As últimas esperanças estavam voltadas para Yotún e Sandro Silva, que só estrearam no segundo turno, após serem regularizados. No entanto, a presença da dupla não resolveu nada e o Cruzmaltino amargou duas derrotas na Taça Rio para Volta Redonda e Nova Iguaçu, levando à queda do técnico Gaúcho. Para completar, Ricardo Gomes, insatisfeito com a forma que a demissão do treinador e amigo pessoal tinha ocorrido, falou em sair do clube, mas, depois de conversar com o presidente Roberto Dinamite, voltou atrás.
Sem Gaúcho, as atenções voltaram-se para a busca por um técnico. Após negativas e declarações, Paulo Autuori foi o escolhido para conduzir o Vasco para mares mais tranquilos. Porém, o caminho promete ser complicado.
Hoje, a equipe comandada por Autuori não consegue se manter em pé. A crise financeira que assombra a Colina pode levar o ídolo Dedé ao Corinthians e culminar na saída de Tenorio. Além disso, os salários sofrem atrasos frequentes. Soma-se a isso a insatisfação da torcida, que não dá trégua à diretoria, e uma eliminação vexatória da Taça Rio. Mesmo após 30 dias da perda do título da Taça Guanabara, o efeito dominó instaurado na Colina parece não ter previsão para chegar ao fim.
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