Rafael Silva fala sobre Guiñazu, felicidade e apelido de calopsita
No futebol, deixar uma final de campeonato como herói do título não é sinônimo de regalias. Que o diga Rafael Silva. O autor de dois gols nas duas decisões contra o Botafogo dormiu tarde no domingo e levantou cedo da cama ontem. Passou toda a primeira metade do dia nos estúdios da TV Globo, onde gravou três programas. Nos intervalos, nada de descanso. Entrevistas para outros veículos e (muitas) fotos com fãs. Nada disso, no entanto, conseguiu tirar o sorriso de seu rosto.
— Eu costumo superar as dificuldades sorrindo. Não adianta chorar. A gente tem que sorrir sempre, agradecer a Deus sempre. Agora estou vivendo um momento feliz. Então tenho que sorrir. Mas no momento triste eu acho que também tenho que sorrir. Levo a vida desse jeito.
É o sorriso, e não o chute com o pé esquerdo — como o que abriu o placar contra o Botafogo, domingo — sua marca registrada em São Januário. Se a harmonia é um dos trunfos do elenco vascaíno, o bom humor do atacante tem influência nisso.
Assim como a pontaria contra os alvinegros, sua língua é afiada. Rafael tem uma resposta pronta para qualquer pergunta, um apelido para cada companheiro e uma brincadeira para descontrair qualquer momento.
— Está mais fácil eu ser humorista, né? Eu gosto de tirar onda com a galera, coloco apelido em todo mundo. Esse é o meu jeito de ser, e eu gosto de ser assim — conta o jogador, que já elegeu sua vítima favorita:
— Vocês (jornalistas) têm uma visão do Guiñazu de quem não o conhece, acham que ele é fechadão. Mas é um amigão particular que tenho. Costumamos sair juntos. Eu tiro mais sarro com ele por causa do videogame. Quero deixar registrado que ele é meu freguês. E leva muito à serio (as partidas de videogame). Então quando perde a gente tira onda com ele.
Tanta brincadeira, claro, não sai de graça. Com seu exótico moicano descolorido nas pontas, Rafael não escapa das piadinhas dos companheiros. E de tanto dar liberdade, já ganhou alguns apelidos, entre eles o de calopsita.
— Eles aproveitam esse cabelo diferente para colocar apelido também, tirar onda. Mas levo na brincadeira. É isso aí. A gente tem que sorrir, tem que brincar mesmo. Porque o legal da vida é isso — comenta o jogador, que além de não se incomodar com as brincadeiras já bateu o martelo: o estilo “calopsita” estará presente no Brasileiro, que começa para o Vasco no domingo, contra o Goiás.
Para quem deixou o banco de reservas para virar herói de um título que não vinha desde 2003, vai ser difícil tirar o sorriso do rosto. As vaias que ouviu no ano passado, ele já nem lembra mais.
— O torcedor está no direito dele de vaiar. A gente é profissional, tem que saber lidar com isso. No momento ruim, vão criticar. Agora estamos em momento bom e eles vão aplaudir — disse, sem perder o sorriso.
Fonte: Extra