Futebol

Quem com ferro fere... Flamengo prova veneno que já usou contra o Vasco

De Geninho a Joel, frases idênticas para explicar a linguagem do futebol Quando Geninho mandou “chutar o tornozelo dele”, dias antes da decisão do Estadual de 2004, o Flamengo fez um escândalo, protestou, ameaçou de todas as formas para proteger Felipe, supostamente o alvo indicado pelo treinador do Vasco. Ontem, diante da repercussão da frase do técnico Joel Santana na Vila Belmiro — “Se ficar de palhaçada, mete a porrada” — captada pela Rede Globo, com
o treinador mandando seus jogadores usarem da violência para evitar o que considerava como toque de bola desmoralizante do Santos, a versão é outra.

Curiosamente, a mesma declaração que Geninho usou para se defender, foi utilizada por Michel Assef Filho, advogado do Flamengo.

— Não foi para mandar bater. Ele só queria mexer com os jogadores, motivá-los.

Até o calmo Candinho usou verbos como pegar e matar

Treinadores que mandam parar as jogadas com faltas sem se importarem se estão praticando o antijogo se multiplicam no futebol mundial. O próprio Vanderlei Luxemburgo, após o jogo de anteontem, isentou Joel Santana.

— Também mando meus jogadores chegarem junto, com virilidade — disse Vanderlei.

Profissionais de reconhecido prestígio e até com passagem por seleção e Copas não escaparam de deslizes semelhantes diante de microfones.

Técnicos de temperamento forte como Luiz Felipe Scolari e Leão foram flagrados ou denunciados por seus próprios comandados. Felipão, por exemplo, quando dirigia o Palmeiras censurou seus jogadores numa preleção, afirmando que ninguém tivera coragem, de “dar uma cusparada no Edílson”. Leão era um pouco mais sutil, mas mesmo assim foi cornetado pelo Donizete.

Conhecido por sua língua solta, o Pantera disse em 1999.

— Leão até fazia apostas para ver se íamos dar moleza para certos jogadores.

Orientações parecidas de técnicos explosivos são mesmo comuns. Mas, quando as frases intimidatórias partem de figuras tranqüilíssimas como Candinho, causam assombro.

Foi numa seqüência de verbos agressivos que Candinho soltou na Granja Comary, quando substituía Vanderlei nas eliminatórias para a Copa de 2002 (ele dirigiu a seleção apenas uma vez, contra a Venezuela), que mostrou que nem tudo que reluz é ouro.

— Pega, mata... — berrava ele durante um coletivo.

Perguntado se a seleção tinha transformado a personalidade de um treinador sereno como ele, Candinho mandou: — Que é isso, gente? Pegar, matar é parar a jogada. E nem sempre é com violência...

Fonte: O Globo