Presidência, justiça, salários: entenda a crise no Vasco
Um navio à deriva. Assim pode ser definida a situação atual do Vasco, mergulhado em uma grave crise financeira e política. Hoje, ninguém sabe dizer quem comanda e nem quem comandará o clube ao longo da temporada. Além disso, os jogadores não recebem salários desde novembro. Em meio a esse cenário turbulento, os conselheiros vascaínos vão eleger o novo presidente na noite desta sexta, às 20h30min (19).
A derrota para o Bangu por 2 a 0, nesta quinta, em São Januário, na estreia no Campeonato Carioca, é hoje o menor dos problemas. O jogo, aliás, quase não saiu, por conta da falta de um presidente que assumisse junto à Polícia Militar a responsabilidade em nome do clube. Após um acordo, a partida acabou sendo realizada com portões fechados.
Como se não bastasse, a equipe profissional do Vasco está tendo problemas estruturais, como falta de material esportivo. E mais: não há garantia de que o time conseguirá passagens para viajar ao Chile, para a estreia na Libertadores, contra o Universidad Concepción, no dia 31 de janeiro. O prazo da reserva teria expirado.
— Estamos incomodados. Não ficamos sabendo das coisas. Não sabíamos se tinha jogo, se tem passagem. Isso dói. Estamos dando o máximo, estamos sendo profissionais mesmo com salário atrasado. (...) Continua passando o tempo e não temos resposta. Isso tudo tem acontecido com a briga política que prejudica o time — desabafou o goleiro Martin Silva, após a derrota para o Bangu.
A crise financeira
Os salários de novembro, dezembro e o 13º estão atrasados. O clube perdeu o seu patrocinador master, e as dívidas preocupam. Enquanto ainda estava com o mandato de presidente em vigor, Eurico Miranda foi acusado pela oposição de vender vários jogadores (como Madson, Anderson Martins e Matheus Vital) por preços abaixo do mercado, se desfazendo de ativos do clube.
A polêmica da urna 7
A crise política tem origem no primeiro turno da eleição presidencial, realizada no dia 7 de novembro. Em um primeiro momento, a chapa de situação, capitaneada por Eurico Miranda, conquistou a vitória. Porém, os votos da urna número 7 foram anulados pela Justiça, porque foi constatado que vários associados que participaram do pleito não estavam aptos a votar. Com isso, a chapa do candidato de oposição, Júlio Brant, foi declarada vencedora, ainda que Eurico tenha tentando reverter a decisão nos tribunais superiores.
Cabe lembrar que as eleições no Vasco são indiretas e o resultado precisa ser ratificado pelos 300 conselheiros que, tradicionalmente, costumam confirmar a preferência dos sócios. Esta é a votação que ocorrerá na noite desta sexta (19).
Quem é hoje o presidente do Vasco?
Na prática, é difícil dizer. Na teoria, é um órgão colegiado formado por três administradores: Eurico Miranda, Júlio Brant e o terceiro candidato, que desistiu do pleito antes da votação, Francisco Horta. Ao menos, esta foi a decisão tomada pela Justiça para preencher o hiato administrativo, já que o mandato de Eurico terminou na última terça (16) e o novo presidente só tomará posse na próxima segunda (22). Este período de vacância ocorreu devido às intensas disputas judiciais.
Quem será o novo presidente do Vasco?
Também não há como responder com precisão. Em tese, Júlio Brant, líder da oposição, é o favorito, pois a sua chapa conquistou a maioria do voto dos associados e, com isso, obteve maioria no Conselho Deliberativo. Porém, como ocorreu um racha na oposição, o seu postulante a vice, Alexandre Campello, poderia ser eleito presidente com apoio de Eurico e dos demais membros da situação. Não há impedimento estatutário para isso ocorrer. Mesmo assim, Brant segue com o favoritismo. Eurico Miranda garantiu que não tentará a reeleição.
O futuro
Embora muitas perguntas sobre a crise no Vasco permaneçam sem resposta, uma coisa é possível afirmar com toda certeza: o próximo presidente, seja ele quem for, terá muito trabalho pela frente.
Fonte: Gaucha ZH