Futebol

Philippe Coutinho tem segunda chance no Sul-Americano Sub-20

Outubro de 2007. Fim de outubro, para ser mais preciso. Não sei você, mas lembro bem o que me ocupava por ali. Um tal de Sul-Americano Sub-15, que aconteceria em Porto Alegre e muito pouca gente dava importância. Se categorias acima já não gozam de tanto prestígio, tente imaginar, então, os pobres infantis. Pois bem, ainda assim, me encontrava por lá, afundado em pesquisas.

Havia acabado de criar junto a alguns colegas, sonho juvenil, um site de categorias de base. Ainda hoje, é referência no assunto por aí. Aquela seria a primeira cobertura da gente. Uma discussão tomava conta do nosso grupo. Por que Neymar tinha ficado de fora?

Vocês sabem, o santista é conhecido há um bom tempo. Daqueles jovens que vimos nascer para o futebol. Esse, aliás, é uma das coisas mais bacanas desse tipo de cobertura. Ver um garoto pintar pelos gramados, ainda desconhecido, e chegar ao sucesso.

Muito da pré-campanha daquele Brasil de Jorge Silveira havia sido dominada pela caça por uma justificativa para aquilo. Para a ausência de Neymar. Não só dele, aliás. Também de Nicão, meia do Atlético-MG que levava muita gente até Mirassol, interior paulista, naquela época.

Não eram os dois únicos craques daquele time. Havia muita gente boa naquele grupo. Gerson, beque do Grêmio, Wellington, meia do Flu. Mas, confesso, o tal do Coutinho eu não conhecia. Garoto bom de bola, o vascaíno deixou uma boa impressão logo no primeiro jogo. Não demorou, os dribles, as passadas de pé por cima da bola estavam na internet. Comparadas a alguns desses craques que já faziam sucesso por aí. Não imaginava que, naquela categoria, as coisas repercutissem com tamanha velocidade. Fiquei assustado.

Mais assustado, no bom sentido, claro, em descobrir pouco tempo depois - essas coisas você não se dá conta na hora -que estava diante daquele que embalaria toda uma geração. Philippe Coutinho. Coutinho e Neymar. Dupla que, se não conseguiu se reunir no Sub-15, se juntou no Sub-17. Obra do técnico Lucho Nizzo, que levou os dois para a Coreia do Sul, para o Mundial que seria jogado ali.

O Brasil decepcionou. Neymar, mais. Coutinho, menos. Lançamento de um, arrancada de outro, e golaço contra o Japão, na abertura do campeonato (1,23 min no vídeo). Parecia que iriam arrasar. Não arrasaram. Mas deram uma mostra do que seriam capazes de fazer juntos. Ney Franco confiou nisso. Chamou os dois ontem, para a disputa do Sul-Americano Sub-20, em janeiro, no Peru. Sabe que eles cresceram, estão mais maduros, jogando melhor e com cancha para conduzir a Seleção em sua eterna caça pelo ouro olímpico.

Por lá, em gramados peruanos, Coutinho, Neymar terão a chance de reencontrar gente que encararam no caminho para aquele Sub-15. Gente que pintou ali e que pode dar trabalho na briga por uma vaga em Londres. Gente como o argentino Daniel Villalva, o uruguaio Gonzalo Barreto e o da casa Joazhiño Arroe. Todos parte dessa coisa bacana que é antever o futuro.

Fonte: ESPN Brasil