Pessoas próximas de Carille no Santos avaliam o trabalho do treinador
Oficializado no fim da noite de quinta-feira como novo técnico do Vasco, Fábio Carille chega a São Januário com uma missão bem definida: dar mais estabilidade a uma equipe que não sofreu tanto com resultados nesta temporada, mas deixou a desejar em vários pontos relacionados a seu desempenho. Com títulos pelo Corinthians no currículo e, mais recentemente, a Série B deste ano pelo Santos, Carille tem um histórico de trabalho que já permite algumas projeções.
Desde que treinava a defesa do Corinthians de Tite, e assumiu a equipe principal, em 2016, Carille revelou-se um técnico que se pauta na solidez atrás. O último trabalho não fugiu pouco desta linha.
O GLOBO ouviu pessoas que trabalharam próximo a ele no Santos, que definiram seu trabalho como “intransigente”. No clube do litoral paulista, estabeleceu-se com uma formação 4-3-3 que, no máximo, era alterada para 4-5-1 em raros jogos. Esta característica valorizou o centroavante e o primeiro volante, posições que se tornaram chave na sustentação de seu esquema.
A formação pode não ser a favorita do torcedor cruz-maltino, diante de um elenco que ainda apresenta deficiências, sobretudo, na ponta-esquerda, para a qual o clube buscará reforços no mercado. Chegando ao Vasco, Carille pode até se remodelar de acordo com as opções, como fez na curta passagem de sete jogos pelo Athletico, em 2022, onde trabalhou com um 3-5-2, mas seu trabalho mais recente é a base atual de comparação.
— O Carille é um cumpridor de objetivos, um treinador com poucos trabalhos ruins. Ele é extremamente pragmático, sólido. Os times dele são robustos: raramente vão tomar muitos gols, mas também são times que dificilmente vão aplicar uma goleada. Equipes pouco criativas, seguras, repetem o que é treinado, seja dando certo ou errado — analisa Leonardo Miranda, jornalista do Grupo Globo.
Para o Vasco, que priorizou contratar um treinador que já tenha conhecimento do futebol brasileiro, um tópico prioritário pode ser tratado de imediato. O clube teve a quarta pior defesa da última temporada da Série A, com 56 gols sofridos, e necessita urgentemente de mais segurança. Um dos principais problemas foi justamente a fragilidade no combate à frente da área, pois zagueiros e volantes permitiram muitos chutes à média distância.
Olho no meio
A princípio, quem mais pode se beneficiar são nomes como Hugo Moura, Jair e Paulinho. Os dois últimos sofreram rompimentos de ligamento de joelho que custaram quase o 2024 inteiro. Se a nova temporada já seria, naturalmente, a oportunidade de reabilitação, o novo técnico deve permitir que eles tenham ainda mais espaço e importância no time. Mateus Carvalho e Juan Sforza também podem crescer.
Os erros de combate estão no foco para serem solucionados, mas a produção ofensiva no meio também precisará ser esclarecida. Vegetti viveu mais uma temporada artilheira com a camisa cruz-maltina e é certeza de mais bolas na rede em 2025, ainda mais com a propensão de Carille a direcionar jogadas para sua referência na área, como fez com Jô, no time do Corinthians campeão brasileiro em 2017, e Julio Furch, no Santos.
Porém, no Peixe, teve como motor o meia Giuliano, com futebol mais físico e a possibilidade de surgir na área como segundo atacante, chamando a atenção dos zagueiros. Em São Januário, contará com os brilhos de Philippe Coutinho e Dimitri Payet, jogadores mais leves e técnicos, características bem diferentes das que tinha à disposição.
De qualquer forma, o torcedor deve esperar um técnico muito bom no lado defensivo, aspecto que ele se propõe a aperfeiçoar. O jogo de baixo risco, porém, fez com que seu cargo fosse rendido em pouco tempo no Athletico, onde ficou no comando por apenas um mês. Pessoas que acompanharam seu tempo em Curitiba relataram ao GLOBO que a falta de adaptação a um elenco de características agudas e a insistência no esquema defensivo minaram a paciência da diretoria.
Reforços a caminho
Na carreira, Carille acumulou passagem internacionais em Arábia Saudita e Japão, e voltou ao Brasil através do Santos, onde também foi demitido por conta de muitas críticas da torcida. Agora, chega ao Vasco animado com a nova chance de comandar um grande do futebol brasileiro.
Com sua confirmação, o cruz-maltino já começa a fechar reforços, como os casos do volante Tchê Tchê, que está em fim de contrato com o Botafogo, e o zagueiro Lucas Freitas, do Palmeiras, que estava emprestado ao Juventude. Um outro meia é prioridade.
— Dá para imaginar um 4-2-3-1 com o Vegetti na frente, Coutinho como meia centralizado, a exemplo do Rodriguinho (Corinthians), e Adson e David nos lados — projeta Miranda. — Adson é um jogador que o Carille gosta do perfil, desse ponta mais habilidoso. E Tchê Tchê fazendo dupla com Jair ou Hugo Moura. No papel, é um time que briga por Carioca e tem tudo para ir bem nas copas, que é o objetivo do clube.
Fonte: Extra OnlineMais lidas
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