Patric, camisa 10 do Nagoya Grampus, relembra passagem pelo Vasco
No Gamba Osaka, ele ganhou a tríplice coroa. No Sanfrecce Hiroshima, foi vice-campeão e vice-artilheiro da J.League. Ainda ajudou os próprios Gamba e Sanfrecce, além de Ventforet Kofu e Kyoto Sanga, a escaparem do rebaixamento. Anderson Patric Aguiar Oliveira, ou apenas Patric - Patorikku para os japoneses -, superou a instabilidade que viveu no futebol brasileiro e construiu uma carreira de sucesso no Japão. O centroavante soma 139 gols marcados e vai para sua 12ª temporada e seu sexto clube no país - ele é o novo camisa 10 do Nagoya Grampus. Nesta conversa com o Futebol no Japão/Hinomaru, Patric falou sobre os bastidores da sua carreira, contou como começou a estudar japonês e pensou em se naturalizar e revelou o desejo de continuar vivendo no país por muito tempo. Além do filho que está seguindo seus passos e ele garante que vai ser melhor que ele. No vídeo abaixo, a entrevista completa:
Dificuldades no início da carreira: trabalho em lava-carros e 12 clubes diferentes no Brasil
Nascido em Macapá, capital do Amapá, Patric teve uma infância humilde e desde pequeno sonhava em ser jogador de futebol. "Eu via na tevê os jogos dos campeonatos Carioca, Paulista, e sempre sonhava. A gente sempre se reunia quando tinha clássico, ia para a praça assistir. Eu falava com meus amigos: 'Um dia eu vou jogar lá'", ele contou. Ele só não esperava que o início fosse tão complicado. "Tem crianças que começam com seis, sete anos... Eu infelizmente não tive categoria de base. Entrei ali já no sub-15, sub-14. Jogava futebol na rua, na frente de casa. Disputava campeonatos de bairro e intercalava lavando carros. Passei quase seis anos trabalhando em um lava-a-jato em uma cidade chamada Santana [perto de Macapá]. Então eu estudava, passava quase a noite toda lavando carro e de manhã tinha que treinar ainda. Foram seis anos nessa luta. Capinava quintal das pessoas para poder ganhar o pão de cada dia, mas eu sempre acreditei no meu sonho", recordou Patric.
Sonho que começou a se realizar em 2004, quando o seu treinador do campeonato de bairro, Agnaldo, que tinha acabado de assumir o profissional do Macapá Esporte Clube, o levou para completar um treino coletivo com os adultos. "Nesse treino acabei me destacando. Fiz um gol, dois gols... Os próprios jogadores do time profissional falaram: 'Não, esse menino tem que ficar aqui.' E aí eu fiz meu primeiro contrato profissional. E minha história começou."
Depois de jogar a Copa São Paulo e conquistar o título de campeão amapaense pelo Trem Desportivo Clube em 2007, Patric chamou a atenção de um gigante regional: o Paysandu. "Eu disputava um campeonato em uma cidade chamada Afuá, no interior do Pará. Todo fim de semana ia jogar lá. Aí eles montaram uma seleção dos melhores daquele campeonato para fazer um amistoso contra o Paysandu. Nesse tempo o Paysandu fazia amistosos no interior. Eu fui selecionado e foi ali nesse amistoso que surgiu a proposta para ir para o Paysandu, onde fiz dois anos de contrato. Eu saí do estado do Amapá, e do Paysandu eu fui para o Santa Cruz, do Santa Cruz eu fui para o Salgueiro, do Salgueiro eu fui para o Icasa. E aí eu fui rodando em vários clubes. Passei por 12 clubes no Brasil, se não me engano. Acabei voltando para minha cidade disputar o Campeonato Amapaense [de 2009] pelo São José, onde fui campeão novamente. Aí cheguei no Mixto do Mato Grosso. No Mixto eu também me destaquei, no campeonato da Série D, onde surgiu a proposta do Vasco do Gama", relembrou.
'Passagem' pelo Vasco, instabilidade no Brasil e proposta do Japão: a chance de mudar de vida
"As pessoas perguntam: 'Você jogou no Vasco da Gama?' 'Não, eu passei pelo Vasco da Gama.' Porque não tive muitas oportunidades. Eu também era muito jovem. Mas serviu de aprendizado", contou Patric. Em 2012, depois de ser artilheiro do Campeonato Goiano pelo Vila Nova, o centroavante recebeu uma proposta do Atlético-GO. Iria finalmente jogar a Série A. Mas ele pensava que só no exterior teria estabilidade na carreira. "Eu sempre tive uma coisa na minha cabeça. O dia que eu tiver uma proposta de fora do Brasil eu não vou pensar duas vezes em poder ir embora. Porque infelizmente eu estava num ciclo ali passando três meses em um clube, quatro meses num outro... O que a gente recebia praticamente só dava para pagar aluguel e sobreviver. E às vezes atrasava salário, dois, três meses... Não conseguia ter uma renda fixa. E também eu não tinha casa. Ia para a casa da minha sogra todas férias, com minha esposa. Eu falava: 'O dia que Deus me der uma oportunidade de sair para fora do Brasil, independentemente das dificuldades que eu enfrente, eu nunca mais vou voltar para o Brasil.' E aí surgiu o convite", Patric explicou.
"Quando eu estava no Atlético Goianiense, o olheiro do Kawasaki estava interessado em levar o Hernanes Brocador do Flamengo, que fazia muitos gols. Acabou não fechando contrato. Tinha uma segunda opção e eu estava como a terceira opção. Eles gostaram do meu material e o empresário entrou em contato: 'A gente vai ver o seu jogo'. A gente ia jogar contra o Santos, no tempo que o Neymar estava no Santos ainda. O jogo foi lá em Brasília, nunca esqueço. O empresário antes do jogo veio conversar comigo no hotel e falou: 'Viemos ver você'. Infelizmente o Atlético Goianiense estava brigando para não ser rebaixado e o time estava botando só os meninos novos para jogar. Acabei entrando no banco. Eu expliquei para ele: 'Infelizmente nesse jogo eu vou começar no banco. Não sei se eu vou entrar, mas se eu entrar pode ter certeza que eu vou dar o meu melhor para vocês me observarem'. E ali foi coisa de Deus. Com dez minutos do segundo tempo eu acabei entrando no jogo. O Neymar estava no jogo ainda, estava de capitão. E eu acabei me destacando, correndo bastante, dando assistência. Ali despertou o interesse do Kawasaki Frontale, onde foi que surgiu a proposta do clube. Para ser bem sincero a vocês, eu nem pensei em dinheiro naquele momento. Eu só pensei em me transferir para o futebol japonês e ter uma nova oportunidade. E também para eu poder dar um conforto melhor para a minha família", resumiu.
Kawasaki Frontale: Poucas chances de jogar e evolução como centroavante
Reforço do Kawasaki Frontale para a temporada 2013, Patric teve dificuldades para se encaixar no estilo de jogo ultraofensivo do técnico Yahiro Kazama, mas soube usar esse momento desfavorável para evoluir como jogador. "É o que eu falo para todo brasileiro hoje que chega no Japão. Quando está no Brasil, a gente tem uma imagem do futebol japonês... 'Ah, é fácil, chegar lá eu vou fazer muitos gols...' Infelizmente não é assim. Temos muitos exemplos de jogadores consagrados mundialmente, jogadores de seleção que vieram aqui e não conseguiram jogar", enfatizou. "Aqui no Japão o futebol é muito intenso. É o tal do kirikae, que eles falam todo dia no treinamento. Você tem que fazer a transição, tentar roubar a bola... Infelizmente eu não consegui encaixar no esquema do treinador. Um treinador muito inteligente, mas o time não estava conseguindo encaixar. Mas era certo que uma hora as coisas iam acontecer. Tanto que depois que ele saiu o auxiliar dele [Toru Oniki] assumiu e o time praticamente já estava todo encaixado na forma de treinamento, dois toques na bola, ele fazia muito passe, muito passe", comentou. De fato, a era vencedora do Kawasaki, que começou quando Oniki virou o técnico em 2017, teve esse período de incubação e implantação de uma filosofia de jogo a longo prazo com Kazama de 2012 a 2016.
No entanto, a concorrência no ataque com nomes como Yoshito Okubo, que foi o artilheiro do campeonato naquele ano, e Yu Kobayashi, um ídolo da torcida que está no clube até hoje, limitou os minutos de Patric em campo. Até porque o próprio Patric ainda não tinha descoberto o seu potencial e carregava um estigma de "centroavante paradão" que ficava mais dentro da área esperando a chance de fazer um gol. Ficando no banco rodada após rodada e sem chances de entrar, o ponto de virada aconteceu em um jogo de Copa da Liga em maio, com o time reserva. Patric foi escalado como titular e viu ali uma oportunidade de mudança. "Eu falei: 'Eu sou rápido, eu tenho muita força... Eu vou sair um pouco da área, vou mostrar muita vontade.' E aí eu me destaquei nesse jogo, fiz até gol. O treinador e o auxiliar vieram falar comigo: 'Poxa, a gente não sabia que você tinha tanta força.' E aí eu comecei a entender. No treino eu já voltei outro Patric", explicou. E graças a essa evolução surgiu a proposta para jogar o segundo semestre emprestado ao Ventforet Kofu.
Ventforet Kofu: Finalmente titular, artilheiro e salvando o time do rebaixamento
Saindo de um dos times mais ofensivos para um dos mais defensivos da J.League, Patric estreou pelo Ventforet Kofu treinado por Hiroshi Jofuku (atualmente no Tokyo Verdy) no momento em que o time sofreu a oitava derrota consecutiva e parecia caminhar rumo ao rebaixamento. Mas o brasileiro virou titular absoluto em Yamanashi e marcou cinco gols que foram decisivos para salvar o time do rebaixamento, terminando a campanha como principal goleador da equipe. "Por eu ter muita força, jogava só comigo na frente. Eu era um jogador que pegava a bola e arrastava o zagueiro, ia parar dentro do gol. Eu fui o artilheiro, mas eu poderia ter feito muitos gols ali. Quando chegava na frente do goleiro eu estava com a perna já cansada. Eu sempre jogava os 90 minutos. O time se defendia com três zagueiros e metia a bola para mim nas costas. Eu saía do meio-campo, ia parar na frente do goleiro e chutava a bola na canela do goleiro, em cima do goleiro... Perdi muitos gols. Mas o time encaixou certinho", comemorou.
Volta ao Brasil, passagem relâmpago pelo Fortaleza e proposta do Gamba Osaka
Após a temporada 2013, não houve renovação de contrato e Patric retornou ao Brasil. "O meu sonho era sair do Brasil e não voltar mais. Mas aí, por questão contratual com os empresários que tinham me levado, não chegamos em um acordo. Não foi porque o Patric não queria", esclareceu. O atacante ficou três meses em casa recusando todas as propostas de times brasileiros que surgiam. "Porque eu queria muito voltar para o Japão. Aí eu cheguei a uma conclusão com o meu empresário. 'Não, se eu ficar todo esse tempo em casa até a janela abrir, dificilmente os times do Japão vão me contratar.' E aí eu aceitei o desafio de ir para o Fortaleza. Com uma cláusula. Se aparecesse algum clube na metade do ano, teriam que me liberar por um valor muito pequeno. Eu fiquei um mês e meio no Fortaleza", contou.
Até que apareceram duas propostas de times da segunda divisão e uma do Gamba Osaka, que tinha acabado de ser promovido de volta para a primeira divisão. "Eu lembro que a gente estava na igreja, eu e a minha esposa, e essa igreja estava fechando. O pastor falou para nós: 'Hoje a gente está fechando a porta desta igreja, mas Deus está abrindo uma nova porta para vocês.' A gente lembra disso até hoje. E ali eu voltando para casa, no estacionamento do nosso prédio, o meu empresário me liga. 'Oh, tu tá em pé?' Uma coisa assim, ele falou. 'Senta, porque apareceu uma proposta do Gamba.' 'Assim, assim, assim e assim.' Eu falei: 'Não quero saber quanto eu vou ganhar. Só pode dizer para eles que eu vou.'"
"Porque era uma coisa que eu queria muito. Muito. Pela J.League, pelo tratamento, pelo respeito, receber em dia também. No primeiro ano de contrato eu consegui comprar a minha casa no Brasil, quando eu estava no Kawasaki. E ali Deus abriu as portas novamente. E quando eu cheguei no Gamba eu não cheguei limitado. Eu cheguei jogando solto. Saindo da área, buscando jogo, entrando nas costas de zagueiro... E matando um leão todo dia. Buscando o meu prato de comida todos os dias, porque eu sabia da importância de eu me destacar e poder ficar por muito tempo neste país", argumentou. E foi aí que Patric virou protagonista de uma das histórias mais incríveis do futebol japonês.
2014: Saindo da zona de rebaixamento para conquistar a tríplice coroa
O Gamba Osaka já era um clube grande, acostumado a disputar títulos. O inédito rebaixamento em 2012 foi considerado um "acidente de percurso", tanto que o time caiu com o melhor ataque do campeonato. Depois de subir de volta com sobras, esperava-se um 2014 positivo. Mas as coisas não deram certo no primeiro semestre e o Gamba estava em antepenúltimo na pausa para a Copa do Mundo, 14 pontos atrás do líder Urawa Reds. Ao chegar lá, Patric não acreditava que o time estava naquela situação mesmo com tanto talento no elenco. "O time estava na zona de rebaixamento, mas lembro que a gente fez uma mini pré-temporada lá no J-Green [centro de treinamento em Sakai, Osaka] e os jogadores que estavam lá tinham muita qualidade. [Takashi] Usami, [Yasuyuki] Konno, [Yasuhito Endo] Yatto, [Shu] Kurata... Estava faltando alguma coisa ali", disse.
Não ter Usami, lesionado, na maior parte do primeiro semestre certamente influenciou. Mas faltava um parceiro de ataque a ele. Patric foi a peça que faltava e de repente tudo começou a dar certo. "O Usami voltou de lesão. E então eu comecei a treinar com ele e as coisas começaram a acontecer. Nos treinamentos, a gente conseguia fazer gol fácil. Eu cheguei no time e não tive problema de adaptação, os jogadores me abraçaram. Cheguei solto. O treinador [Kenta Hasegawa] deu uma entrevista falando que eu era 'o jogador que a gente precisava'. Fui ganhando confiança a cada jogo, o time ganhando confiança. Fizemos 11 jogos, empatamos um e ganhamos dez. A gente foi devagarinho, quando a gente viu estava brigando pelo título", disse Patric.
Aquele time que de repente não sabia mais o que era perder chegou à final da Copa da Liga em novembro. Mas tudo deu errado no início da decisão e o Sanfrecce Hiroshima que era treinado por Hajime Moriyasu marcou dois gols na primeira meia hora de jogo com Hisato Sato. "Parece que deu pânico no nosso time", sugeriu Patric. "Aí a gente juntou e falou: 'Não, vamos que dá, o estádio está lotado, nossa torcida aqui em peso...'" E não deu outra. Imediatamente o Gamba diminuiu com um gol de cabeça de Patric após cruzamento de Endo. No segundo tempo, outro gol de cabeça de Patric empatou a disputa, agora em cruzamento de Usami. E no final veio a inevitável virada com o substituto Kotaro Omori em jogada que teve participação de Patric, eleito MVP da final. "Eles não passavam do meio-campo, praticamente era ataque contra defesa e fizemos o terceiro gol. Esse jogo para mim foi muito marcante porque foi meu primeiro título pelo Gamba", recordou.
Um mês depois veio o título da J.League em uma das arrancadas mais incríveis da história da liga japonesa. O Urawa Reds poderia ter sido campeão com três rodadas de antecedência, mas a derrota no confronto direto com o Gamba acabou pesando. "A gente foi jogar o antepenúltimo jogo contra o Urawa no estádio deles. Se o Urawa ganhasse aquele jogo eles seriam campeões. Se não me engano tinha 55 mil pessoas. 50 mil deles e 5 mil nossos. A gente ganhou de 2x0 e fomos para a última rodada contra o Tokushima só dependendo da gente. A gente empatou em 0x0 e o Urawa perdeu novamente, para o Nagoya. E ali... foi para a história, né?"
Uma semana depois teve a final da Copa do Imperador, chamada de Tennouhai no Japão. Mais uma vez a dupla Usami-Patric decidiu, com dois de Usami e um de Patric nos 3x1 sobre o Montedio Yamagata. O time que voltava da segunda divisão conquistava a tríplice coroa com os três títulos nacionais vencidos em um intervalo de 35 dias. "Chapei a bola no ângulo e ali consagrou a tríplice coroa que a gente acabou ganhando. Três títulos no ano. Outro momento marcante para mim foi a final da Tennouhai 2015 contra o Urawa onde ganhamos de 2x0 e eu fiz os dois gols da vitória. Também foi bem marcante para mim", afirmou Patric.
Para o brasileiro, Takashi Usami foi o melhor parceiro de ataque que ele já teve. "Foi o Usami disparado porque a nossa conexão era muito boa, não precisava falar. Eu lembro de um jogo da ACL [em 2015] contra o Jeonbuk. Quartas de final. A gente foi jogar o primeiro jogo lá [na Coreia do Sul] e o treinador botou os dois zagueiros no mano a mano comigo e com o Usami. Eu lembro que o capitão deles, número 3 [Kim Hyung-il], com poucos minutos de jogo eu tomei cartão amarelo, de tanto que o cara estava em cima de mim. Eu atravessava o campo e o cara ia grudado no meu pescoço. Eu tirava a bola e o cara gritava muito alto, até o juiz ria. E o Usami a mesma coisa, marcação individual em nós dois. No Japão os zagueiros não conseguiam isso. Quando um tentava me marcar forte, sobrava o Usami. Quando tentavam pegar o Usami, sobrava eu. Esse jogo a gente empatou. E eu só falei para ele assim: 'Vai ter o jogo de volta em casa. Lá a gente vai conversar.' E não deu outra. Em casa a gente passou por cima do Jeonbuk. Eu me destaquei e até a imprensa falou depois desse jogo que eu tinha potencial para jogar na Europa. O Usami também se destacou. Então a conexão com ele dentro de campo... Porque ele descia muito para receber o jogo no meio dos volantes e nisso já entrava dando o facão e ele já sabia o tempo certo de enfiar a bola. Para mim ele foi disparado o melhor parceiro que eu já tive na J.League."
Luta contra o rebaixamento e lesão no Gamba Osaka
Mas nem só de títulos Patric viveu no clube da cidade de Suita. Em 2016 ele sofreu uma grave lesão no joelho a poucos dias de uma decisão. "A gente ia jogar uma final, contra o Urawa, da Copa Levain. A gente ia viajar depois do treino, isso numa quinta-feira. Eu acabei machucando no treino. Ligamento cruzado. A gente acabou perdendo nos pênaltis. Eu lembro que até os próprios jogadores falaram: 'Se você tivesse ido talvez o time teria sido campeão.'" Era outubro e o contrato de Patric iria só até o fim do ano. mas o Gamba Osaka ofereceu mais seis meses de vínculo para que o atacante tivesse tempo de se recuperar. "O clube deu todo o suporte, todo o apoio. E eles não tinham a obrigação de estender meu contrato. Voltei para o Brasil, fiz a operação, o clube pagou todas as despesas que eu tive no Brasil. A previsão de volta era oito meses. O time pediu para eu voltar antes, em março, e terminei lá o resto da minha recuperação. Infelizmente o clube chegou à conclusão que iria encerrar o ciclo comigo. Eles contratariam um outro atacante, da Coreia se não me engano [Hwang Ui-jo]. Eu fiquei um pouco triste, porque poderia ter estendido meu contrato até dezembro. Mas eu não fiquei triste com o clube, porque só de o clube pedir para eu voltar, para mim já foi uma grande vitória. Eles não tinham obrigação de pedir para eu voltar. E eu voltei, me inscrevi na J.League, acabei jogando um jogo contra o Kobe. E nesse jogo foi onde o Hiroshima viu que eu estava praticamente apto a poder voltar a jogar depois da lesão grave. E fizeram uma proposta para eu poder ir para lá", resumiu.
Sua segunda passagem pelo Gamba Osaka, que durou de 2019 a 2022, terminou com o time escapando por pouco do rebaixamento. O jogo contra o também ameaçado Júbilo Iwata na penúltima rodada foi praticamente um confronto direto para fugir da J2. "O time estava passando por um momento bem difícil, troca de treinador, todo mundo dizendo que ia cair... Muitas pessoas não sabem, mas joguei vários jogos lesionado para ajudar a equipe. O jogo contra o Júbilo eu passei quase duas semanas sem bater na bola, estava com uma lesão de grau 1 na minha coxa. Eu falei para o treinador: 'O médico falou que eu não tenho condição de jogar.' Infelizmente não tinha mesmo. Eu não conseguia dar um passe de um metro. Parecia que estava metendo uma faca na minha coxa. Eu chamei o treinador e falei: 'Você quer contar comigo para o jogo? Eu não dou conta de treinar, você quer ver eu treinando?' Ele falou: 'Eu não preciso ver você treinando. Eu te conheço. Só te prepara para o jogo.' Aí eu fiquei sem treinar, sem bater na bola uma semana e meia. Aí eu fui treinar na quinta-feira um pouquinho com o time e bati na bola bem devagarinho. Aí treinei na sexta, lembro que fui até bater pênalti. Até o Usami me zoou: 'Mas vai bater pênalti de esquerda?' Eu falei: 'Vou treinar pênalti de esquerda. Se tiver pênalti eu vou bater.' E aí foi para o jogo contra o Júbilo."
Patric continua: "Estava programado para o treinador me colocar faltando 20, 15 minutos. Quando faltava 30 ele mandou me perguntar: 'Dá para ir?' Eu falei: 'Eu vou no sacrifício. Independentemente de rasgar minha coxa, eu vou de férias para o Brasil, lá eu faço o tratamento. Eu vou porque o clube precisa.' E aí no meu primeiro toque de bola eu faço o gol de bicicleta com a perna direita. Ficou para a história esse gol", afirmou. Além de ter sido um gol que salvou o Gamba Osaka da queda, foi um gol que rebaixou o Júbilo Iwata. Exatamente dez anos depois do jogo em que o Júbilo rebaixou o Gamba. Permanência que foi confirmada na última rodada após um 0x0 com o Kashima Antlers em que Patric jogou 90 minutos, de novo no sacrifício. "Muito torcedor às vezes não sabe desse sacrifício nosso dentro de campo, mas quem vive o dia a dia sabe o quanto a gente se esforçou para poder ajudar a equipe. Então muitos torcedores falam que 'o Patric, além de ganhar título, no momento mais difícil ele esteve ali fazendo os golzinhos dele.' Então a minha passagem pelo Gamba não é só título. No momento de dificuldade eu pude ajudar o time de alguma forma", explicou.
Sanfrecce Hiroshima - Reviravolta na carreira e disputa pela artilharia
Salvar times do rebaixamento de repente se tornou rotina para Patric e no Sanfrecce Hiroshima, onde ele chegou em junho de 2017, não foi diferente. "Por incrível que pareça, eu cheguei no Kofu, o time estava brigando na zona do rebaixamento. Cheguei no Gamba, o time estava na zona de rebaixamento. Cheguei no Sanfrecce, o time estava desde a segunda rodada na zona de rebaixamento", relembrou. "Eu cheguei com o time meio cabisbaixo. Jogadores com muito talento... eles tinham sido campeões em 2015! Mas sem confiança nenhuma. Comecei a juntar os jogadores mais velhos, comecei a incentivar. No dia do jogo, no café da manhã eu sentava com o [capitão Toshihiro] Aoyama. 'Pega a bola e dá em mim.' Eu lembro que no jogo contra o Júbilo ele pegou quatro bolas, as quatro ele meteu em mim. Uma ele acertou. Eu saí do meio-campo, não estava impedido, driblei o goleiro e fiz o gol. De repente acendeu uma chama. Eles começaram a ganhar confiança comigo. O time começou a se entrosar novamente. Livramos o time do rebaixamento."
Recuperada a confiança, o Hiroshima voltou a disputar o título da J.League na temporada seguinte e Patric viveu a fase mais goleadora da carreira comandado pelo mesmo técnico que trabalhou com ele no Ventforet Kofu. "Virou o ano de 2018, o [novo treinador Hiroshi] Jofuku chegou, mas o time já estava forte de novo. O Jofuku implementou direitinho a ideia dele, um 4-4-2 muito simples, em que o Sho Sasaki, que era zagueiro, jogava de lateral e começou a ganhar confiança também, começou a apoiar muito. A gente dificilmente tomava gol. Ganhava de 2x0, 1x0... E aí eu comecei a me destacar. Fiz 20 gols na J.League", relatou Patric, que foi o vice-artilheiro do campeonato naquele ano, só atrás de Jô, do Nagoya Grampus, que fez 24. Uma grande reviravolta na carreira do amapaense.
"Eu nunca esqueço das minhas origens. Todos os dias quando eu acordo e quando vou dormir, eu dobro os joelhos e agradeço a Deus. Eu nunca esqueço de onde eu saí, de onde Deus me tirou. Porque nos olhares humanos seria quase impossível você sair lá do Amapá, sem perspectiva de vida nenhuma e aqui estar do outro lado do mundo sendo ovacionado pelas torcidas, entendeu? Aonde eu vou, independentemente de ser em Osaka, Hiroshima, Nagoya, as pessoas me param, as pessoas me conhecem. Eu vinha de uma lesão muito grave, às vezes meu joelho inchava muito, tinha que tirar água do meu joelho. Muitos diziam: 'Ele não vai ser mais o mesmo depois dessa lesão.' E muitos clubes ainda duvidavam para poder fazer proposta para mim. Mas o Hiroshima acreditou no meu potencial e dentro de campo eu pude dar a resposta. Para mim foi uma grande reviravolta em todos os aspectos. De repente eu estou novamente brigando por título da J.League, por artilharia do campeonato, então foi uma reviravolta muito grande", assegurou.
Estudo do idioma japonês e possibilidade de naturalização
O momento de Patric em 2018 era tão bom que se falava até de uma possível naturalização. "Sim, era meu desejo me naturalizar japonês. Era um desejo jogar pela seleção japonesa. Por quê? Na seleção japonesa, todas as áreas estavam bem servidas, mas faltava um centroavante. Hoje o Japão ainda tem essa carência. No último jogo agora na Copa da Ásia, tem um camisa 9 [Ayase Ueda] muito bom finalizador, mas não tem tanta força. Quando pega um zagueiro mais forte, infelizmente [o adversário] acaba se sobressaindo. Os jogadores japoneses são muito técnicos, rápidos, muito inteligentes também, de muita intensidade, mas... Eu falo que quem fazia muito essa função na seleção era o [Yuya] Osako, atacante do Kobe. O [Shinji] Okazaki também. O Japão ainda tem um pouco dessa carência do jogador firme, do jogador forte. Os jogadores pelas pontas, os volantes, os meias, são muito rápidos", argumentou. "Mas eu creio que o Moriyasu deve estar vendo muitos jogadores para poder suprir aquela posição. Tem o Ueda, tem o [Yuki Ohashi], que tá agora no Hiroshima, tem o [Mao] Hosoya, tem o [Takuma Asano] que era do Hiroshima e fez gol na última Copa. E tem outros jogadores novos que estão surgindo", continuou.
Em 2018 Patric completaria cinco anos morando no país, o que é um requisito no processo de naturalização. "Mas acabei perdendo o visto. Eu voltei para o Brasil, ia completar cinco anos no Japão e meu visto venceu eu estando no Brasil, na época que eu me machuquei. E aí eu não consegui ficar os cinco anos seguidos no Japão."
Outro requisito para a naturalização é falar o idioma. E nisso o atacante vinha progredindo. "Quando eu fui para Hiroshima, ligou uma chave. Geralmente a gente treina só pela manhã e tem a tarde toda livre. Às vezes à tarde bate o cansaço e depois do almoço você dorme de uma hora até três, quatro da tarde. Antes eu fazia isso. Eu pensava: 'Poxa, eu estou desperdiçando muito tempo à tarde. Eu poderia estar fazendo algo, estudando...' Eu gosto de ler livros, gosto de ler a bíblia. Aí ligou essa chave, de eu poder estudar japonês e poder me comunicar mais com o torcedor, no dia a dia também com meus companheiros. Eu comprei um curso online da Nanda sensei, ela é professora de japonês e mora em Nagoya. E eu comecei a estudar sozinho, em casa. Comprei um caderno, comecei a aprender os katakana, hiragana... Comecei a escrever muito, muito mesmo, para poder aprender. Eu ia para o treino no Hiroshima e ia olhando as placas dos carros, porque cada placa tem um hiragana. Eu ia olhando, cada carro que passava na minha frente, 'ah, é o SA (さ), é o A (あ), é o I (い), é o KA (か), é o MA (ま)', e com isso fui aprendendo e comecei a juntar e fazer as frases. Eu fui começando a gostar e a me dedicar mais, aprender a ler... Com isso aprendi o hiragana, o katakana... O kanji eu tentei aprender, só que é muito difícil. Comecei a ler e as palavras que eu escutava no vestiário eu já botava em hiragana no tradutor. Comecei a postar [nas redes sociais], ainda falava errado, mas em vez de a torcida criticar, incentivavam mais ainda. E a J.League também começou a fazer matéria comigo, às vezes para falar em japonês nas minhas entrevistas. Meus próprios companheiros me ajudavam bastante. Fui pegando gosto de estudar e hoje me ajuda bastante no dia a dia. Lógico que tem muita coisa para aprender ainda, mas eu já consigo entender bastante coisa", relatou.
'Meu filho vai ser muito melhor que eu'
Nas redes sociais, além de postar sobre seu estudo do japonês, Patric frequentemente mostra vídeos do filho Felipe jogando futebol. E garante que ele quer seguir os passos do pai. "Foi uma coisa bem natural. Lógico que todo jogador quer que o seu filho siga a carreira, mas não é uma coisa que eu forcei. É uma coisa que ele ama fazer. Para você ter noção, quando tem jogo da Premier League, a gente acordo no outro dia pela manhã e ele vai ver os gols. Aí ele fala: 'Pai, o Manchester City ganhou... O Liverpool ganhou... Ah, o fulano fez gol. Às vezes eu nem sei o nome do jogador europeu, ele sabe o nome de todos. É essa a paixão dele. A posição também, ele que decidiu ser centroavante. Te garanto que ele vai ser muito melhor que eu. Porque eu não fiz categoria de base. Quando eu estava no Gamba, ele fez escolinha, depois fomos para o Hiroshima e ele fez a escolinha no Hiroshima. Depois voltou paro o Gamba e ano passado estava no junior youth do Gamba, sub-13. Esse ano se transferiu para ficar na categoria de base do Nagoya. É uma paixão que ele tem mesmo. Então tenho uma cobrança em casa muito grande por ele ser da mesma posição que eu. Ele fala: 'Papai, por que o senhor tocou? Poderia ter chutado...' Ele já entende bastante coisa. É bom essa conexão de pai e filho. Ele já está disputando campeonatos importantes no Japão, já ganhou alguns troféus... Eu tenho certeza que ele vai seguir meus passos. Inclusive quando eu cheguei aqui no Nagoya uma das primeiras coisas que os jogadores falaram: 'E aí, o Felipe vai vir para cá ou não? Vai se naturalizar para jogar pela seleção ou não?' As pessoas falam, né? Pelo que já ouviram dele e os vídeos que viram, que ele tem muito talento. E só depende dele", completou.
Será que Felipe escolheria jogar pelo Brasil ou pelo Japão? Patric explica: "O meu filho já estuda desde o terceiro ano aqui no Japão. Ele está com 12 anos agora. Optei por botar ele em colégio japonês até para ficar mais próximo dos japoneses e poder ter amigos para brincar. Então ele praticamente já é japonês."
Kyoto Sanga: Artilheiro do time e mais um clube salvo da J2
Depois de sete anos no Gamba Osaka somando as duas passagens, Patric disputou a temporada 2023 por outro clube da região de Kansai, o Kyoto Sanga. E mais uma vez salvou uma equipe de cair para a J2. Ainda foi o artilheiro do time, mesmo ficando muitos jogos no banco. "Eu iniciei o campeonato como titular. E ali na décima segunda rodada o treinador [Cho Kwi-jae] acabou optando por outro jogador e dali em diante eu não consegui mais jogar [como titular]. Ele me colocava alguns jogos faltando 10, 15 minutos, e eu acabei fazendo gol. Não sei se era a estratégia dele, creio que sim. Eu passei o segundo turno todo no banco. Às vezes ele vinha conversar comigo e falava: 'Não, eu entendo que você é o artilheiro do time e você quer jogar, eu respeito você e sua opinião, só que o time tem um esquema e tudo o mais...' Eu falei: 'Professor, fique tranquilo. Um minuto, 10 minutos, titular ou não titular, eu estou aqui para ajudar a equipe, pra lhe ajudar...' Eu sempre tive essa transparência com os treinadores japoneses e eles tiveram comigo, acho que por isso eu estou há bastante tempo no Japão", declarou.
"Uma vez ou outra a gente fica chateado. Entrar faltando 10 minutos, 15 minutos... esse é o tempo que a gente tem para aquecer. Até você aquecer, acabou o jogo. Então por eu entrar e fazer às vezes o gol da vitória ele entendeu que talvez daria certo sempre. E para mim tudo bem. Tem que entender que nós temos um comandante. Esse comandante é o treinador. Muitos brasileiros que vieram para o Japão e não deram certo às vezes tinham dificuldade em entender isso. 'Ah, porque o treinador tá de sacanagem.' 'Ah, o treinador não sei o quê...' Por exemplo, próximo jogo é contra o Kashima. Aí o treinador: 'Não, vou optar por botar um jogador mais rápido porque o Kashima baixa muito a linha. Às vezes o jogador brasileiro não entende isso. Ele tem um esquema. Ele está estudando o time. A partir do momento que eu consegui entender isso, o meu relacionamento com os treinadores aqui foram muito abertos. E o treinador do Kyoto Sanga sempre conversando comigo, sempre transparente", reiterou.
"Quando a gente foi fazer o encerramento [da temporada] no nosso estádio, tinha uma faixa enorme ali: 'Obrigado, se não fosse você a gente não teria permanecido na primeira divisão.' Geralmente você vê a torcida fazer isso com jogador que é ídolo no time, quando ganha título, e ali eu fiquei assim... caramba... 'Poxa, não mereço isso.' Eu lembro que o meu filho estava comigo andando dentro de campo e estava uma faixa enorme. Fora as mensagens que recebei nas redes sociais quando eu me despedi do clube, quando o clube anunciou que eu não ia ficar. Até hoje eu recebo mensagens. Isso é bem bonito, bem bacana. Isso mostra o carinho que você tem dos torcedores. Na minha folga, muitas vezes em vez de passear com a família eu estava no clube treinando. Muitas vezes o torcedor não sabe disso, mas com todo esse sacrifício às vezes no final a recompensa vem. E a imprensa toda ali: 'Poxa, o que você fez no Kyoto aqui, em um ano ajudou o clube a ficar na primeira divisão...' Eu falei: 'Praticamente não fiz nada, fiz meu papel. O clube me contratou para fazer gols e eu fiz gols para poder ajudar a equipe.' Eu queria ajudar a equipe a brigar por título, infelizmente isso não aconteceu. Foi uma passagem bem bacana, fui recebido com muito carinho por parte da torcida do clube, e ficou bem marcado essa minha passagem no Kyoto Sanga", concluiu.
Nagoya Grampus: Novo desafio em 2024
Agora com 36 anos, Patric disputará sua 12ª temporada no Japão pelo seu sexto clube no país: o Nagoya Grampus, onde ele reencontrou Kenta Hasegawa, que o treinou na época da tríplice coroa pelo Gamba Osaka, e tem boas expectativas para o campeonato. "Eu tive outras propostas de clubes japoneses, mas para ser bem sincero, quando surgiu a do Nagoya eu não pensei duas vezes. É um time grande. Quando cheguei aqui pude comprovar isso. Em termos de estrutura, em termos de condições de trabalho... E a nossa pré-temporada foi muito boa, fizemos boa parte lá em Okinawa, no lugar mais quente do Japão. Eu pude me adaptar também por já conhecer o treinador, já sei mais ou menos o estilo que ele gosta. Lógico que daquela época para cá ele mudou bastante coisa. Evoluiu muito, estudou bastante, foi na Europa, aprendeu muita coisa nova. E eu creio que esse ano vai ser um grande ano para o Nagoya", aposta.
"Também mudou o emblema, o escudo do time. Se você for ver de perto, é um emblema que assusta, tem um impacto muito grande, é uma coisa bem positiva. E o objetivo do clube esse ano é brigar pelo título da J.League. Fez algumas contratações para poder reforçar seu elenco e na pré-temporada os jogadores já conseguiram mostrar um pouco da qualidade de cada um. Hoje o Nagoya não é um time que tem 11, 12 jogadores só. Hoje o Nagoya tem praticamente dois times fortes. Se sai um, entra outro, a briga tá bem boa pelas posições e é isso que faz um time forte, um time campeão. O Nagoya soube escolher cada jogador para contratar, cada posição, e pode ter certeza que esse ano vai ser muito positivo", declarou Patric, que apontou Yuya Yamagishi e Katsuhiro Nakayama como reforços que mais o impressionaram na pré-temporada.
"O Yuya, atacante que ano passado fez dez gols pelo Avispa Fukuoka, sempre se destacava lá. Treinando com ele você vê que é um jogador que tem muito potencial, tem muita qualidade, sabe fazer gol. Sabe também jogar em várias posições, não só de atacante, centroavante, mas de ponta. Um outro jogador também que me chamou muita atenção foi o Katsu, que veio do Shimizu. Jogador muito rápido que joga ali pela beirada. Eu estava até brincando com ele que em alguns amistosos a bola estava chegando nele e quando eu vi ele estava muito na frente já, ele cruzava e sempre a bola passava na frente da área. Eu falei: 'Não, quando a bola entrar em você eu já tenho que estar muito na frente. Porque você é tão rápido que é difícil te acompanhar. Por exemplo, você já está aqui na frente e o centroavante tem que estar indo para dentro da área, então eu tenho que ver o tempo certo em que a bola entra em você.' Você já consegue notar os jogadores que são diferentes. Veio o volante do Reysol também [Keiya Shiihashi] que é muito bom. Temos os nossos volantes ali, o Morishima que veio do Hiroshima, o Sho [Inagaki] que é o capitão do time. Tem o Yone[moto] que está há bastante tempo no Nagoya... Jogadores que já conhecem o clube. E esses jogadores que estão chegando comigo são jogadores para poder agregar para a gente poder formar uma equipe vencedora, uma equipe forte", analisou.
Futuro: Desejo de continuar trabalhando no Japão após pendurar as chuteiras
Patric ainda não fala em aposentadoria, mas o certo é que ele quer continuar no Japão. "Eu pretendo ficar no meio do futebol, ainda estou vendo o que eu vou fazer. Estou estudando para isso, estudando japonês, inglês... Tenho um vínculo muito forte aqui no Japão, com muitos jogadores, que podem se tornar treinadores, diretores de clubes... Tanto que o [Yasuhito] Endo agora já é auxiliar do time profissional [do Gamba Osaka]. Creio que o [Toshihiro] Aoyama também esse ano ou ano que vem deve encerrar a carreira no Hiroshima. O Nakamura Kengo também encerrou a carreira, já está trabalhando na tevê, na seleção japonesa... Então tem muitos jogadores que estão migrando para treinador, outros na tevê. Eu tenho um vínculo muito bonito na J.League e pretendo trabalhar aqui no Japão nessa área do futebol. Também para poder acompanhar a carreira do meu filho de perto", finalizou.
Fonte: geMais lidas
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