Futebol

Opinão: "Falar em mala-branca é dar tiro no pé"

Na minha cabeça, o que restava ao Vasco nesse fim de ano, além da esperança que está prestes a se apagar, era a dignidade. O comando do clube passou para mãos acima de qualquer suspeita. As mãos daquele que deu os pés pelo Vasco durante maior parte de sua vida de atleta. Com Roberto Dinamite no poder, acreditou-se que seria possível resgatar a bonita tradição vascaína. Como primeira providência, o clube abriria a jornalistas banidos a mesma porta social por onde os negros passaram nos tempos em que, em outras praças, um ou outro ainda tinha de usar pó-de-arroz na cara para jogar futebol.

O técnico Renato Gaúcho e o gerente de futebol Carlos Alberto Lancetta talvez não conheçam a história. Ou, talvez, não tenham compreendido o que representou a troca de comando no mais alto escalão do poder em São Januário. Falar em mala branca por lá, numa época em que se tenta resgatar a ética, é dar um tiro no pé. O Vasco não precisa dar dinheiro aos adversários. Que cumpra seu destino, nem que o tombo seja inevitável. Mas que não perca a dignidade que recuperou com tanto esforço. Pior que perder é não saber perder.

Fonte: Blog de Marluci Martins