Opinião: O "risco Roberto Dinamite" (Que a ética prevaleça)
O novo presidente do Vasco, Roberto Dinamite, protagonizou uma das cenas mais importantes do ano no último domingo.
Assistiu à partida entre Flamengo e Vasco nas tribunas do Maracanã, junto com o presidente do Flamengo, Márcio Braga. A mensagem de rivalidade, mas não de guerra, estava evidente para todos aqueles que viram, das arquibancadas e pela televisão.
O gesto também é um esforço de Dinamite para se diferenciar ainda mais de seu antecessor, o beligerante Eurico Miranda. O ex-presidente vascaíno vivia às turras com dirigentes dos rivais cariocas e não se dava também com muitos outros cartolas de clubes grandes Brasil afora. Polêmico, sempre envolto em suspeitas, Miranda construiu sua carreira dentro do clube que diz amar na base da cotovelada.
Afastou e isolou opositores e expulsou o próprio Roberto Dinamite da tribuna de honra de São Januário em 2002. Tudo porque o maior artilheiro da história cruzmaltina se posicionou contra a aposentadoria da camisa 11, um afago de Miranda em seu “amigo” Romário.
Como “presente”, o atual presidente vascaíno herdou uma dívida ainda não calculada, mas estimada em R$ 250 milhões. E, em campo, um time fraco que deu mostras que não irá longe no Brasileirão. E aí mora o perigo para Dinamite.
Enquanto o Vasco vivia sua fase áurea, com títulos e elencos estelares, que valeram a conquista do Brasileiro de 1997, Carioca e Libertadores de 1998, Brasileiro de 2000, o torcedor (e os associados) faziam vista grossa para os desmandos e arroubos autoritários de Miranda. Só na fase magra que o movimento contra ele pôde se fortalecer. Agora, Dinamite assume com a “herança maldita” do euriquismo.
O grupo que mandou no clube por mais de década perdeu as eleições, mas está longe de estar morto. E a cada resultado negativo, irá atacar Dinamite. A habilidade do ex-quase-dono do clube em articular nos bastidores sempre foi alvo de admiração. Afinal, como o futebol não é lugar para donzelas, ele sabia como lidar com seus pares de outros times. Ou julgava saber.
O economista e dirigente palmeirense Luiz Gonzaga Belluzzo, disse em entrevista como Eurico barrou a tentativa de negociação para que o Clube dos Treze conseguisse mais pelos direitos de transmissão de TV. Aliás, a posição do Vasco nesse aspecto é invejável. Ganha o mesmo que o Flamengo e o trio de ferro paulista, mesmo sem bons índices de audiência e sem retorno como os demais, já que não monta grandes times há anos. Tudo, ao que se sabe, conquistado à fórceps. Quase como na máfia.
Fica a dúvida se Dinamite conseguirá negociar no mesmo nível (baixíssimo, diga-se). Por isso ele tenta se aproximar de dirigentes rivais. O estilo é outro, talvez os resultados sejam até melhores a médio prazo. Mas , em caso de derrocada do Vasco para segunda divisão, por exemplo, a negociação para direitos de TV, por exemplo, será dura. E os euriquistas vão gritar.
Muitos torcedores, a qualquer erro de arbitragem contra o Vasco, vão dizer: “no tempo do Eurico isso não acontecia.”
Ética não é um valor para o torcedor, infelizmente. O que vale para ele é o resultado, é não ser azucrinado pelo rival no dia seguinte a um jogo. E isso, à vezes, mata qualquer possibilidade de transição, até porque esse mesmo fã de bola não consegue ver como uma má gerência no presente pode gerar um futuro pouco promissor, como mostrou o passado da gestão Miranda. E aí Dinamite pode balançar, para Eurico se aproveitar. E o que parecia um capítulo enterrado na história de um dos maiores times do Brasil, pode voltar.
Por isso, hoje o Vasco passa a ser também o time de todos os brasileiros que gostam de futebol, mas rejeitam cartolas como Eurico Miranda, que estão presentes em vários outros clubes pelo país. Que a ética prevaleça, pelo bem do futebol.
Glauco Faria
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