Opinião: "Valeu a pena ser Vasco em 2011"
Torcedor do Vasco, como nunca escondi, gostaria de participar do otimismo da maioria dos meus companheiros de paixão, que dispararam na frente dos tricolores na procura de ingressos para o clássico de hoje. É que sou daqueles - pelo visto, raros - que preferem ser agradavelmente surpreendidos em vez de me decepcionar com uma derrota inesperada.
É isso, meu caro leitor, vascaíno ou não. O segundo tempo da partida com a Universidad do Chile, com os jogadores do meu time com a língua de fora, me deixou a impressão de que ninguém suporta disputar jogos decisivos toda quarta-feira e todo domingo. Por isso, sinto-me obrigado a confessar que considero que o Fluminense entra em campo, hoje, na condição de favorito absoluto. Sobra-me apenas a esperança de que, mais uma vez, esteja inteiramente enganado em matéria de prognósticos.
O fato é que vi nossos jogadores jovens e veteranos (com exceção de Dedé, com uma disposição tão impressionante que cheguei a imaginar ser ele uma espécie de parente do Super Homem. Jumar e, um pouco menos, Nilton também foram generosos na resistência) atuando com o jeito de quem torcia para o jogo acabar logo. Ao lado dos nossos maravilhosos \"velhos\" Felipe e Juninho Pernambucano, que faziam, como se dizia antigamente, das tripas coração, os bravos garotos Fagner, Alan,Rômulo e Bernardo, por exemplo, aplicavam-se como quem recorresse às últimas energias. Enfim, tanto esforço explica por que, depois de um primeiro tempo que foi, provavelmente, a melhor exibição do glorioso ano de 2011, o adversário - por sinal, um timaço - tomou conta da partida no 2º tempo.
E hoje o Vasco, sem Eder Luis e, provavelmente, sem Felipe, pega o Fluminense, que, na última rodada, teve a sua melhor atuação exatamente no segundo tempo. Foi uma exibição primorosa contra o Figueirense, até então, o terror para qualquer adversário, jogando fora ou em casa.
Os tricolores, que não foram obrigados a entrar em campo tanta vezes quanto o Vasco, deram um show de técnica e de condições físicas, com Deco, ao que tudo indica, com a mesma forma do tempo em que jogava noPorto, e Fred exibindo-se exatamente como na época em que não parava de fazer gols pelo Cruzeiro. Tenho ou não razão de, na condição de vascaíno, preocupar-me muito com a partida de hoje?
Estou preocupado, mas não estou triste. Afinal, fazia tempo que não via o Vasco tão maravilhoso, ganhando, ao mesmo tempo, a Copa do Brasil, chegando aos primeiros lugares do Brasileiro e à semifinal da Copa Sul-Americana. Valeu a pena ser Vasco em 2011.
(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)
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