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Opinião: O Reencontro com o ídolo - Parte 2

Por João Medeiros, do Blog AMOVASCO

Em 1977, mais uma vez. Um bom time. Melhor até que o de 1974. Ganhamos do urubu na final com Mazzaropi, Orlando, Abel, Gaucho e Marco Antonio; Zé Mario, Zanata e Dirceu; Wilsinho, Roberto e Paulinho. No time deles já jogavam Zico, Junior e Tita. Roberto foi o segundo artilheiro com 25 gols. Nos anos seguintes, o rival montou um time realmente muito bom e, não fosse o VASCO de Roberto, teria ganhado muito mais títulos e com maior facilidade ainda. E, mais uma vez, Roberto carregava sozinho o peso de manter o VASCO em evidência. E conseguia. Era invariavelmente artilheiro dessas competições, e levava o VASCO a disputar os títulos, mesmo com um elenco muito inferior. Em 1982, mais uma vez com um time inferior, fomos campeões. Lá estava Roberto como artilheiro do campeonato. Vencemos na final os urubus de Zico, Andrade, Adílio e cia. No elenco do VASCO, Roberto, sozinho, brilhava por uma constelação completa. Em 1987 Roberto teve o prazer de ser campeão no único VASCO inesquecível de sua carreira. Nem por isso foi coadjuvante. Estava lá, como protagonista. O artilheiro foi Romário. Em segundo, Roberto. O torcedor tinha esse time na ponta da língua: Acácio, Paulo Roberto, Fernando, Donato e Mazinho; Dunga Geovani e Tita; Mauricinho, Roberto e Romário. Um timaço. O único da carreira do Roberto com a camisa do VASCO. Esse currículo fez dele ídolo de toda minha geração.

Essa condição de ídolo ficou abalada com sua chegada à presidência. Nem o fato de representar o fim da \"era Eurico\", de lembranças tão amargas, foi capaz de desfazer o desconforto de ver o ídolo às voltas com a política do VASCO. O episódio da queda acentuou esse desconforto, e, pela primeira vez, me vi questionando sua condição de ídolo, que minhas lembranças ainda sustentavam.

Assim me senti até ontem.

Não gosto da globo, não escondo. Nem tampouco do Galvão Bueno. O tal \"Bem Amigos\" é intragável. O que dizer de um programa que consegue reunir Renato Maurício Prado, Paulo Cesar Vasconcelos, Arnaldo Cesar Coelho sob comando de Galvão Bueno? Não obstante, segunda-feira fiz o esforço. E não me arrependo. Vi o VASCO e seu maior ídolo serem reverenciados como pouquíssimas vezes tenho visto na televisão. A forma respeitosa com que o VASCO foi tratado e o reconhecimento que Roberto mereceu me emocionaram. Como se não bastasse, vi o grande Paulinho da Viola decantar seu amor à Cruz de Malta, exaltando, com brilho nos olhos, o VASCO e seu maior ídolo. Durante o programa, viajei pelas minhas memórias. Relembrei gols e títulos inesquecíveis, conquistados sob liderança do Roberto. E, aos poucos, o ídolo e o presidente convergiram para o mesmo rosto de sorriso fácil de sempre.

O VASCO, em campo, vai cicatrizando suas feridas, retomando o rumo vitorioso de sua história. Fora de campo, o presidente, tal qual um almirante, está lá ao leme, dando rumo à Nau. E ontem, num momento muito especial, o torcedor mais antigo reencontrou seu maior ídolo.

Curtas:

* Para não ser prolixo, não citei outros tantos títulos da carreira do Dinamite. Foram muitos, assim como foram seus gols com a camisa do VASCO.

* Não haverá justificativa para menos de 85 mil pessoas sábado no Maracanã. Se forem disponibilizados 86 mil lugares, espero 86 mil presentes. Nada menos que isso.

* O acesso, na 34 ª rodada. O título, eu espero na 36ª.

Fonte: AmoVasco