Política

Opinião: O fraco

O Fraco

O desabafo do presidente Eurico Miranda após a partida faz algum sentido, exceto quando é dito por aquele que tem por obrigação agir. No país do Petrolão, do Mensalão, do Propinoduto, da Máfia do Apito, onde dois presidentes da CBF perderam seus cargos graças a investigações policiais e um deles está presonão, não seria surpreendente se as afirmações do mandatário fossem todas verdadeiras, inclusive, respaldadas por evidências muito claras em diversas partidas das equipes catarinenses e de seus adversários diretos na luta contra o rebaixamento. A grande questão da declaração é que o único que não poderia ter a postura passiva diante da situação denunciada é exatamente aquele que apenas desabafou, Eurico Miranda. Ele mesmo, o "todo poderoso", "o insuperável dirigente" que conhece os bastidores por ter  "50 anos de futebol" e que garantiu que não deixaria o Vasco ser prejudicado.

Nós, vascaínos, nos depararemos  com o argumento de que bom elenco tem por obrigação superar os erros de arbitragem, portanto, faltou planejamento.  Isto realmente é verdade. Porém, convenhamos que bom planejamento não é o caso da turma que luta contra o Z4. Ali, o equilíbrio é por baixo e o mau planejamento atinge a todos. Não se pode dizer que o 16º colocado tem um planejamento melhor que o primeiro time dentro do Z4. Ambos representam a derrota, o fracasso, o fundo do poço. A diferença é que o regulamento convencionou que, no ano seguinte, um disputará a Série B e outro não. Portanto, neste caso, os erros arbitragem claramente definem qual dos fracassados terá o maior castigo. Por não serem aleatórios, não se compensam como defende outra tese.

Na cena, o enfraquecido Eurico Miranda, de olhar baixo, assemelhava-se a um rubro-negro, nas arquibancadas, suplicando por respeito: "nós queremos respeito e comprometimento".  Isso não é Vasco. O vascaíno não implora por respeito, não se rebaixa, não baixa a cabeça ou o olhar. Nunca será Vasco enquanto se acovardar e suplicar: "não nos roubem mais". O lema que suplica por respeito, identificado com o clamor desesperado dos flamenguistas é perturbador. Nega a essência guerreira dos vascaínos. 

Definitivamente, implorar publicamente para que não roubem o Vasco daqui pra frente não é o que se espera de um presidente do Gigante da Colina que em sua campanha eleitoral prometeu que apenas ele seria capaz de defender o Vasco. A postura patética foi um atestado de incompetência, o reconhecimento de que não tem condições de presidir o Vasco e defender o clube das articulações que imperam no Brasil. Chega de bananas.

Portanto, para quem caiu na conversa fiada de que só ele, Eurico Miranda, poderia defender o Vasco, já se vão 6 pontos arrancados pela arbitragem diante de Cruzeiro, Avaí e Chapecoense. Ou seja, estaríamos fora da zona de rebaixamento nesta última rodada se tivéssemos um presidente minimamente capaz.

Não estamos fora da zona "maldita" por falta de pulso e de força política do atual Presidente do Vasco, que mais lembra o anterior em muitos momentos. Tão criticado por falta de pulso, por falta de atitude pelo próprio Eurico. O personagem mudou, mas o filme se repete...

E agora, Eurico? Onde está o dirigente forte? Fora Banana!

Ricardo Domingues Ferreira
ricardo.domingues.ferreira@gmail.com

Fonte: Coluna do Ricardo Domingues Ferreira