Opinião: "Jéferson é a boa nova no Vasco de Celso Roth"
No empate com o Bota, Roth avançou Nílton para o meio, liberou o apoio dos laterais Granja e Ernani e avançou Jéferson para procurar o lado direito e alternar com Coutinho na criação de jogadas para Élton.
Quando chegou a São Januário para comandar o time cruzmaltino pela segunda vez na carreira, Celso Roth definiu que Philippe Coutinho, por conta de seu talento e habilidade, seria um dos atacantes do time que tinha na cabeça.
Com Zé Roberto impossibilitado de estrear até agosto e Carlos Alberto lesionado, a mudança no posicionamento da joia vascaína criou um problema para o sucessor de Gaúcho no comando técnico: quem seria o meia a fazer a bola chegar limpa na frente?
Na estreia contra o Avaí na Ressacada, Roth escalou Nílton como terceiro zagueiro, plantou Rafael Carioca à frente da retaguarda e liberou Souza e Léo Gago para fazer companhia aos alas Jumar e Ramon e encostar em Coutinho e Élton. O plano era se defender com muita gente e organizar contragolpes rápidos pelos lados do campo. A equipe até começou bem, criou oportunidades para abrir o placar, mas o gol de Roberto ainda no primeiro tempo encaminhou a vitória do time mandante por 2 a 0.
Contra o Internacional em casa, Roth manteve o 3-1-4-2, mas com proposta de jogo mais ousada. O time avançou suas linhas e tentou pressionar. Mas cedeu espaços demais e saiu para o intervalo com dois gols de Andrezinho de desvantagem e muita pressão da torcida.
Tudo começou a mudar com a entrada de Jéferson na vaga de Léo Gago no intervalo. Com o meio-campo mais solto, o time cresceu sensivelmente de produção. O recuo de Coutinho com Dodô em campo no lugar de Souza empurrou ainda mais o time à frente e a troca do apagado Ramon por Ernani melhorou a produção pela esquerda.
É óbvio que as mexidas pra lá de equivocadas de Jorge Fossati, que lhe custaram o emprego no Colorado, a expulsão de Fabiano Eller e o pênalti inexistente sobre Ernani anotado por Héber Roberto Lopes foram decisivos para a virada em São Januário. No entanto, o triunfo, além de deixar o ambiente menos conturbado, apresentou alternativas interessantes ao treinador.
E Roth as utilizou no empate em 1 a 1 com o Botafogo no Engenhão. Por conta do gol da vitória na partida anterior, Nílton saiu da zaga e foi ocupar a faixa direita do meio-campo armado em losango, com Rafael Carioca mais plantado e Jumar, depois Souza, à esquerda. A retaguarda sentiu muito a mudança da configuração da defesa no início da partida, mas se acertou na segunda etapa com a entrada de Titi na vaga do lento e atrapalhado Cesinha. Na articulação, Jéferson mostrou o bom entendimento com Élton dos tempos de Santo André e que se repetiu no ano passado até o meia de boa chegada à frente se contundir e perder espaço na equipe comandada por Dorival Jr.
Em clássico equilibrado e com arbitragem polêmica de Carlos Eugênio Simon, com erros que prejudicaram as duas equipes, Jéferson auxiliou Coutinho na armação das jogadas, procurou o lado direito buscando a conclusão de pé esquerdo e marcou o gol que seria da vitória se o auxiliar Altemir Hausmann não tivesse assinalado falta no mínimo duvidosa de Élton em Fahel na preparação da jogada.
Com ritmo de jogo e mais entrosamento, o novo camisa sete pode atenuar os problemas de criação do meio-campo vascaíno. A liberdade dada aos laterais Élder Granja e Ernani, autor de belo gol no duelo regional, é outra boa saída para desafogar a marcação sobre os homens de frente e dar mais fluência às manobras de ataque.
Nesse cenário, a tendência é que Jéferson cresça junto com o time que começa a se arrumar e terá a parada da Copa do Mundo para Roth ajustar as peças e consolidar seu estilo competitivo na velha/nova casa.