Futebol

Opinião: "Corpo na Copa do Brasil, mente no Estadual"

Vinícius Faustini (@v_faustini)

Dois times do eixo Rio-São Paulo avançaram na Copa do Brasil com um roteiro semelhante. Após vitória no jogo de ida como visitantes, São Paulo e Vasco deixaram seus jogos – respectivamente contra Goiás e Náutico – em fogo brando, num atípico momento no qual “o caminho mais curto para a Libertadores” foi menos importante do que estar inteiro para os clássicos decisivos dos Estaduais.

\"\"No Morumbi, o São Paulo foi beneficiado por um escorregão de Zé Antônio que permitiu Carlinhos Paraíba dar passe para Dagoberto marcar aos 19 minutos. Também teve seu trabalho facilitado pelo esquema do Goiás, no qual o técnico Artur Neto deixou Hugo isolado no ataque, contra três zagueiros de ofício.

Depois do primeiro tempo veloz do trio Ilsinho, Marlos e Dagoberto, o tricolor se poupou em boa parte da segunda etapa. Só voltou a ameaçar de fato no finzinho, com Rivaldo – que substituiu Marlos e deu dois passes perfeitos nos quais deixou Jean diante de Pedro Henrique. O 1 a 0, mesmo placar do jogo de ida, foi suficiente. A equipe garantiu o direito de enfrentar o Avaí nas quartas, e os mais de 32 mil são-paulinos presentes no estádio saíram com a confiança de que o bom time das últimas partidas estará no San-São da semifinal do Paulistão.

Ao final da partida, o eliminado Goiás também se apegou ao Campeonato Estadual para amenizar sua saída na Copa do Brasil. Todos os jogadores entrevistados usaram o segundo jogo da semifinal com o Vila Nova em tom de expectativa e seriedade. No Campeonato Goiano, com o retorno do bom atacante Felipe – que, expulso no jogo de ida no Serra Dourada, não atuou no Morumbi – o Esmeraldino pode encontrar um futebol mais ofensivo do que no segundo jogo contra o tricolor paulista.

\"\"O trabalho do Vasco foi ainda mais facilitado por seu adversário. Precisando recuperar três gols de diferença do jogo de ida contra os vascaínos nos Aflitos, o Náutico foi para São Januário com vários jogadores reservas e sem seu treinador Roberto Fernandes – o auxiliar Zé do Carmo, que durante sua carreira foi volante do time vascaíno. O motivo? Poupar forças para o jogo de volta na semifinal do Campeonato Pernambucano, no qual o Timbu teve uma derrota por 3 a 1 para o Sport nos Aflitos e agora precisa se recuperar na Ilha do Retiro.

Com a cabeça na final da Taça Rio, domingo contra o Flamengo, os vascaínos pouparam alguns jogadores, não se pouparam de perder alguns gols – principalmente na etapa inicial, com Bernardo, Élton e Éder Luís. No entanto, com o passar do segundo tempo, passaram a poupar seus pés, diante das divididas ríspidas dos jogadores adversários (foram sete cartões amarelos dos jogadores do Náutico).

Ao fim, empate em 0 a 0 justificado pelo goleiro Fernando Prass como “administração de vantagem”. A marca de 300 jogos completados por Felipe, a confirmação do retorno de Juninho para a Colina e as filas de vascaínos que querem ver o Clássico dos Milhões decisivo no Engenhão, pareceram ter mais impacto do que a classificação para as quartas-de-final da Copa do Brasil, na qual vai enfrentar o Atlético-PR.

Fonte: Blog de Lédio Carmona