Futebol

Opinião: Análise tática do sistema de jogo de Dorival Júnior

Há 19 dias, Paulo Autuori deixava um Vasco sem time, norte e perspectivas que ainda ecoou na derrota por 1 a 0 para o Flamengo em Brasília, estreia de Dorival Júnior. Técnico campeão da Série B no clube em 2009 que agora precisa de um bom trabalho para voltar a buscar espaço entre os principais treinadores do país.

Mas uma semana de trabalho, boas notícias sobre as condições financeiras do clube e o retorno do ídolo Juninho Pernambucano já mudaram o ambiente. Também a maneira de jogar do time cruzmaltino.

No lugar do 4-4-2, em quadrado ou \"diamante\", ou do 4-2-3-1 do sucessor, Dorival armou um 4-3-3/4-1-4-1 com a volta de Eder Luis e a organização da última linha defensiva com os laterais Nei e Henrique atento às atribuições defensivas e fazendo a cobertura por dentro dos zagueiros Jomar e Rafael Vaz.

Já o encaixe de Juninho no meio-campo seguiu a tendência de outras equipes com craques veteranos: assim como o Botafogo de Seedorf e o Coritiba de Alex, o Vasco poupa seu camisa oito sem a bola e sacrifica os companheiros para que o talento desequilibre e também possa estar disponível em mais partidas.

Nas vitórias sobre Fluminense por 3 a 1 no Maracanã e 3 a 2 sobre o Criciúma em São Januário por 3 a 2, Juninho saía para pressionar o volante mais plantado do adversário e depois voltava fazendo \"sombra\", sem combater e deixando o \"trabalho sujo\" para Eder Luís, Sandro Silva, Wendel e Pedro Ken.

Solto, o meia desequilibrou com bola rolando no clássico carioca ao entrar na área para marcar o gol que abriu o placar e depois servir André em linda assistência que lembrou demais as enfiadas de Roberto Dinamite para o jovem Romário de 1985 a 1987.

No triunfo sobre o time catarinense, camisa retrô, torcida quente no frio carioca e uma mudança: Eder Luis foi para o lado esquerdo acompanhar o lateral Sueliton e Pedro Ken ficou à direita, mas centralizando para marcar Gilson, o volante-meia do 4-3-1-2 armado por Vadão.

Ainda assim, o lado esquerdo da defesa com Henrique e Rafael Vaz teve problemas com Cassiano, que perdeu gol feito no primeiro tempo em que só Juninho foi às redes. Na cobrança de falta que o goleiro Bruno aceitou. Assim como o próprio Rafael Vaz - zagueiro de boa técnica, mas que precisa evoluir defensivamente - no segundo tempo. Parecia vantagem confortável.

\"Tática

No 4-3-3/4-1-4-1 vascaíno, Juninho ganha liberdade e Eder Luís e Pedro Ken se sacrificam pelos lados; Criciúma no 4-3-1-2 que deu trabalho.


Mas o Criciúma também mostrou eficiência nas bolas paradas. Primeiro com Ivo em cobrança de falta e Wellington Paulista após escanteio e falha do goleiro Diogo Silva. Compensada por mais uma batida precisa na bola de Juninho. Na cabeça de Edmilson, que havia acabado de entrar na vaga de Pedro Ken.

Dorival ainda trocaria André e Henrique por Tenório e Henrique, com Wendel passando para a lateral esquerda. Opção viável para a entrada de Guiñazu no meio. Assim como Montoya, que no desenho tático atual pode entrar como meia aberto no lugar de Pedro Ken.

O técnico também pensa em manter Nei na lateral pela consistência defensiva e Fagner ser testado mais avançado pela direita. Experiências em um elenco que vai ganhando qualidade.

\"Tática

Mesmo com as substituições, a improvisação de Wendel na lateral esquerda e o Criciúma mais ofensivo no 4-2-3-1, Vasco não mudou o desenho tático.


Ainda há muito a fazer, começando pela compactação dos setores - natural pelo pouco tempo de trabalho. Enquanto o time ganha corpo, os pontos que fazem subir na tabela transferem confiança.

Com boas novas e Juninho decidindo na bola parada ou rolando, o Vasco enfim desperta e pode crescer.

Fonte: Blog Olho Tático (André Rocha) - ESPN.com.br