Olimpíadas: Caio Bonfim, que disputará a Marcha Atlética, torce para o Vasco
Caio Bonfim era adolescente no Distrito Federal no começo dos anos 2000 quando atuava pelas divisões de base do Brasiliense. Jogava de lateral-esquerdo, treinava no futsal três vezes por semana para aprimorar os fundamentos, e era seu projeto de vida virar jogador de futebol. Algo que levava realmente a sério. Se possível, queria atuar pelo Vasco, clube do coração.
Seu tino para esporte veio de muito cedo, de casa. Filho e aluno de Gianetti Sena, ex-atleta da marcha atlética e sua atual treinadora, cresceu em meio a pistas de atletismo, competições. Seu pai, João Sena, é técnico conhecido no cenário nacional, tem um programa em Sobradinho para revelar novos talentos.
Aos 16 anos, Caio tinha dificuldades para deslanchar com a bola e Brasília não era a cidade mais proprícia para ser a do começo de sua carreira. Dona Gianetti, que o acompanhava nos treinos, já vinha descontente, percebia as panelinhas entre os pais dos outros alunos.
- Eu via muita coisa estranha. Ele era um excelente jogador. Como sempre foi magrelinho, corria muito. Era destro, mas aprendeu a chutar com a esquerda. Eu assistia aos treinos, aos jogos. Um dia disse para ele "meu filho, você nasceu no pior lugar do Brasil para jogar bola. Mas eu vou fazer o seguinte: vou largar tudo, vamos atrás de peneiras pelo Brasil. Vamos buscar o sonho" - conta.
Antes disso, Caio desistiu de ser jogador. Filho de técnico e de atleta da marcha atlética, decidiu seguir os passos dos pais no atletismo. E o Brasil ganhou o melhor marchador de sua história. Na madrugada desta quinta-feira, às 4h30 (de Brasília), ele competirá na prova dos 20km nos Jogos de Tóquio. É sua terceira Olimpíada. Ela tem tudo para ser a melhor de todas.
Candidato oculto
Caio Bonfim é um dos atletas brasileiros com condição de brigar por medalha menos citados como tal entre todos que viajaram para o Japão. Quarto lugar na prova nos Jogos do Rio, medalha de bronze no Mundial de Londres, em 2017, acumula experiência com uma idade ainda de auge físico, aos 30 anos.
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Dá confiança o fato de ter conseguido, no último ciclo olímpico, melhorado suas marcas. O melhor tempo na temporada de 2019, 1h18m47s, renderia a medalha de ouro em 2016. Repetir a marca, obtida depois de cumprir suspensão por doping em 2018 por uso de bumetanide, um diurético, é ficar muito próximo de um lugar no pódio em Tóquio.
- São cinco anos depois e os Jogos são diferentes. Mas dois do pódio no Rio não estarão competindo aqui. Estou na melhor forma possível. Sou otimista. Procurei trabalhar o máximo que pudesse, fizemos trabalho na altitude. Estive entre os melhores, bati recordes pessoais em 2019, nesse ciclo, um ano após o outro. Trabalho não faltou - afirmou.
Além de Bonfim, outros dois brasileiros disputarão os 20km da marcha atlética: Lucas Mazzo e Matheus Correa.
Família vascaína
Mas é o quase jogador de futebol o brasileiro com mais chances de medalha. Após falar sobre o passado ligado ao esporte, é inevitável a pergunta sobre qual time mexe com o coração do marchador. Caio, sem disfarçar a tristeza na voz devido ao momento ruim do clube, revela que é vascaíno.
Na verdade, a família inteira é. Caio conheceu o futebol vendo os tempos áureos do time, no fim dos anos 1990. Para completar, sua mãe, vascaína, ainda teve a felicidade de ser contratada para defender o cruz-maltino no surto olímpico promovido pelo então vice-presidente de futebol Eurico Miranda, que contratou uma série de atletas no ciclo anterior aos Jogos de 2000.
Foram muitas viagens de Brasília para ver o Vasco jogar, em São Januário, e no Maracanã. A família guarda as lembranças do período com carinho.
- Fui atleta campeã pelo Vasco, campeã brasileira e carioca. Fui para o Vasco fiquei um ano lá, fiquei um período sem receber, mas realizei meu sonho de ser sócia do Vasco, ir a São Januário. Para mim, estar com aquela roupa do Vasco era o máximo. Foi uma época muito joia, aquele Vasco campeão era um timaço - recorda Gianetti.
Fonte: - O Globo Online