Futebol

Martinho da Vila homenageou Pai Santana em sua coluna no "Dia"

O Brasil encerrou sua participação nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara com saldo muito positivo, disse-me o amigo Marcus Vinícius, superintendente do Comitê Olímpico Brasileiro. Segundo ele, embora o Brasil tenha ficado mais uma vez atrás de Cuba no número de ouros, desta vez o nosso desempenho no cômputo geral foi melhor, pois ganhamos 141 medalhas, sendo 48 de ouro, 35 de prata e 48 de bronze, ficando somente atrás dos Estados Unidos. Embora eu me considere um cidadão do mundo e diga que qualquer lugar do planeta é meu lugar, sou um nacionalista que vibra com tudo que é glória para o Brasil. Vi algumas competições pela televisão e vibrei muito porque mais de 50% dos nossos atletas medalharam. E 37% dos que subiram ao pódio foram beneficiados pelo programa Bolsa-Atleta, do Governo Federal, e conquistaram 54 medalhas. Muitos eram desconhecidos e são promissores para as Olimpíadas de Londres, para a qual já temos 104 atletas classificados. Mudando de pato para ganso, Eduardo Santana era um doce vascaíno que apoiava o Vasco onde ele estivesse. Era meu fã e sempre que podia ia aos meus shows. Certa vez eu estava fazendo uma temporada em Recife, Pernambuco, o Vasco estava por lá, mas ele não pôde ir. Combinamos de, no dia seguinte, tomar café da manhã. Eu, os músicos e técnicos ocupávamos todo o andar de um hotel e deixávamos as portas abertas e eu dormi sem cerrar a minha. Despertei com uma voz grossa me chamando e dei de cara com uma figura imensa na penumbra. Me assustei e dei um pulo da cama. Era o Santana, que também se assustou pensando ter entrado em quarto errado. Custamos a nos reconhecer e depois nos abraçamos e rimos a valer. Na ocasião, ele me disse que virou vascaíno para conquistar uma bonita moça chamada Carmen, se apaixonou e casou com ela e com o Vasco. Ele foi o mais aguerrido vascaíno que conheci. Era o maior vibrador nas vitórias e o mais sofredor nas derrotas. Se o Vasco estivesse ganhando um jogo por terminar, ele ficava roendo as unhas e fazia mandingas para fechar o nosso gol. Conhecido como Pai Santana, era muito folclórico, mas o apelido de pai não era por causa do ocultismo que praticava, mas sim porque era um pai para os jogadores. Tratava todos como se fossem filhos, dava conselhos aos barrados, se comportava como psicólogo, profissional que no passado não havia nos clubes. Para os contundidos, fazia orações, benzia-os, mas privilegiava as técnicas da massagem. A alma do mandingueiro subiu ao céu no Dia de Todos os Santos e seu corpo foi enterrado no de Finados. Com certeza, Deus o recebeu de braços abertos.

Fonte: Coluna do Martinho da Vila- O Dia Online