Marcelo Oliveira analisa sua passagem pelo Vasco
Com um passeio pelo parque Barigui na manhã da última segunda-feira, o técnico Marcelo Oliveira encerrou a sua passagem pela capital paranaense. Demitido do Coritiba em setembro depois de quase dois anos, e com uma passagem relâmpago pelo Vasco, o treinador volta para o seu estado natal, Minas Gerais, onde irá treinar o Cruzeiro na temporada de 2013. No entanto, ele não descarta uma volta.
- Estou fazendo a despedida, levando coisas muito boas de Curitiba. Penso que posso vir morar aqui em um futuro, pois é uma cidade muito boa. Foi um lugar em que o nosso trabalho deixou um saldo muito bom. Agora encaro o novo desafio.
Na bagagem, Oliveira carrega dois títulos estaduais pelo Coxa e duas finais da Copa do Brasil, além do recorde mundial de 24 vitórias seguidas. Os resultados proporcionaram reconhecimento.
- É difícil um técnico ficar um ano e nove meses em um clube. Nós conseguimos e realmente foi muito reconhecido em Curitiba e nacionalmente. Já me proporcionou trabalhar no Vasco da Gama e o Cruzeiro, dois grandes clubes do Brasil.
Coritiba: a surpresa da demissão, após um ano e nove meses
A relação entre o Coritiba e Marcelo Oliveira acabou com a pressão por resultados e a proximidade da zona do rebaixamento que o time enfrentava no fim do primeiro turno do Brasileiro. O clímax foi a derrota por 3 a 0 para a Portuguesa, no Canindé, e o anúncio da demissão em seguida.
Eu me surpreendi um pouco quando eu fui demitido. Estávamos com praticamente todos os atacantes machucados\"- Marcelo Oliveira
- Eu me surpreendi um pouco quando eu fui demitido. Aconteceu uma oscilação de resultados, mas estávamos com praticamente todos os atacantes machucados. Acho que isso colaborou um pouco. Penso que havia um trauma em relação ao rebaixamento de 2009, que foi um ano difícil e complicado. Acho que foi uma opção profissional, que respeito e não muda a minha opinião favorável ao Coritiba.
Sempre cobrado pelo torcedor alviverde, que se dividia entre contra e a favor , Marcelo Oliveira diz que não sentia clima de hostilidade por onde passou no estádio ou nas ruas de Curitiba.
- É claro que o torcedor na emoção do jogo, quando a coisa não vai bem, o primeiro alvo é o técnico. Sempre que saio na rua, eu ouvia palavras de apoio e de agradecimento. Isso é muito bom e fortalece o profissional para fazer grandes trabalhos.
Vasco: desconhecimento da situação interna e resposta ao meia Felipe
Em setembro, quando saiu do Coritiba, o plano inicial de Marcelo era parar de treinar, curtir a família e se reciclar para voltar mais forte em 2013. Porém, a proposta do amigo Roberto Dinamite falou mais alto. O presidente vascaíno prometeu estabilidade e um time que estava na zona de classificação para a Libertadores da América.
- O que aconteceu é que logo depois eu conversei com o presidente do Vasco (Roberto Dinamite), que já tinha jogado comigo, ele me convenceu a seguir para o Vasco não só por aqueles meses, mas com um contrato até o final de 2013.
O que Marcelo Oliveira não conhecia direito eram os problemas internos do clube carioca, que chegou a ter a água cortada durante a sua estadia. Aliado com o clima do grupo, o treinador começou com duas vitórias e dois empates. O pior veio depois, com uma sequência ingrata de seis derrotas seguidas.
- Tecnicamente não. Eu conhecia o elenco do Vasco. Agora, o dia-a-dia realmente existem dificuldades e são públicas. Mas o Vasco é tão grande que ele pode modificar a situação de uma hora para outra e colocar as coisas no devido lugar, pois camisa, tradição e boa técnica tem.
Mesmo com todos os problemas que Oliveira teve em São Januário, ele não se diz arrependido, mas sim honrado em passar por um time tão tradicional.
Não dá para se arrepender de ser um técnico de um clube de tanta tradição como o Vasco. Agora, aconteceram realmente problemas\"- Marcelo Oliveira
- Não dá para se arrepender de ser um técnico de um clube de tanta tradição como o Vasco. Agora, realmente aconteceram problemas. Em um determinado momento achei que não teria condições de fazer as mudanças que precisaria fazer e tomei uma decisão muito difícil. Mas o Vasco vai seguir o caminho e vai se recuperar. Eu saí com o entendimento com o Roberto (Dinamite), por causa das dificuldades, e por uma falta de perspectiva de modificar substancialmente como gostaria.
Oliveira também relembrou a \"saia justa\" com as declarações do meia Felipe, que reclamou que o técnico saiu sem se despedir. Cuidadoso com as palavras, o atual comandante cruzeirense se limita a dizer que foi um equívoco do experiente jogador.
- Acho que nós vivemos em um país que tem liberdade de expressão. Eu saí e não consegui me despedir de todos os jogadores. Não porque era a minha intenção. Acho que o Felipe se equivocou quando disse que eu saí para ir para outro clube, pois sabia que estava ruim. Não foi nada disso. Como eu disse, eu conversei com o presidente e expliquei a situação.
Missão no Cruzeiro: Marcelo Oliveira diz que esqueceu passado atleticano
O futuro de Marcelo Oliveira está no Cruzeiro. O treinador já foi apresentando ao seu clube e, em razão de seu passado atleticano, foi recebido com desconfiança por parte da torcida. Uma história que ele faz questão de esquecer, por enquanto, em nome do bom convívio. Segundo ele, a rejeição diminuiu conforme novas pesquisas são feitas.
- Eu nem lembro disso mais (do passado no Galo). Sou treinador do Cruzeiro, de uma grande equipe do futebol brasileiro. Duas vezes campeão brasileiro, duas Libertadores, quatro Copas do Brasil e acostumado a grandes conquistas. Esse é o sentimento, pois sou o treinador de uma grande equipe e me honra treinar o Cruzeiro. Estou completamente comprometido a treinar o Cruzeiro. Em meio as indicações de jogadores para formar o elenco do ano que vem, Marcelo Oliveira criou atrito com o antigo clube Coritiba. No Vasco ele já tinha procurado o meia Everton Ribeiro e o zagueiro Escudero como reforços. Na Raposa, os dois alvos da vez são, novamente, Everton Ribeiro, além do meia Rafinha.
- É um processo normal que acontece todo o início de ano. Cabe ao técnico trabalhar e observar jogadores de várias equipes. Não seria diferente e é normal que eu tenha citado jogadores que eu trabalhei durante e mais de um ano e são bons jogadores. Entre isso e concretizar a negociação, cabe aos clubes e ao presidente. Indiquei de outros clubes, inclusive do Atlético-PR.
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