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Luizão revela paixão pelo Vasco: "Começou minha história na Libertadores"

Luizão é um dos maiores vencedores do futebol brasileiro. Títulos estaduais, regionais e nacionais aos montes compõem o currículo do ex-centroavante de 44 anos. Mas quando o assunto é Libertadores da América, ele é o cara. O recorde de gols na competição dentre os atletas brasileiros pertence a ele: fez 29 em 42 partidas.

E o brilho de Luizão na competição mais cobiçada das Américas teve início em São Januário. Desembarcou no Rio de Janeiro em 1998 para substituir Edmundo e prometeu gols (veja no vídeo acima). Dito e feito. Foi o artilheiro vascaíno na histórica campanha que rendeu o inédito título da Libertadores, com sete gols. Dois deles foram feitos na decisão contra o Barcelona-EQU, um no Rio e outro em Guayaquil.

A TV Globo reexibe a vitória do Vasco por 2 a 1 na finalíssima da Libertadores no próximo domingo, às 16h, e Luizão foi convidado a relembrar aquela campanha e a passagem vitoriosa pela Colina. Afirma que chegou com meta estipulada pelo então vice de futebol Eurico Miranda. Missão dada e cumprida pelo goleador.

- Jogar no Vasco foi uma bênção de Deus. Fui abençoado de chegar no ano do centenário. Quando me contratou, o Eurico falou que eu tinha que fazer gols na Libertadores. Cheguei e fiz os gols. Fiz os gols nas finais, contra o Grêmio, contra o Chivas.

- Foi onde começou a minha história na Libertadores (Luizão também foi campeão pelo São Paulo), isso é magnífico. É uma coisa incrível poder ter ganho a Libertadores, o título mais importante da história do Vasco, e ainda mais no ano do centenário - afirmou Luizão, que marcou 38 gols em 71 jogos com a Cruz de Malta no peito.

 

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Aquele gol em Guayaquil, o primeiro do Vasco aos 24 minutos do primeiro tempo, foi o da certeza do título?

Em São Januário, a gente praticamente decidiu o título, e o nosso time era muito melhor do que o do Barcelona. Mas foi um gol em que eu vou para a dividida com um cara, a bola sobra para mim e eu não sabia se chutava de esquerda ou direita. Fechei o olho e soltei a perna. Ali o título já estava garantido mesmo.

Na primeira fase, você decidiu contra Grêmio e Guadalajara. Foi o momento mais difícil da competição?

Acho que os jogos com o Grêmio e o Chivas, porque nós tínhamos que ganhar de qualquer jeito. Ali acho que começava a história do Vasco na Libertadores. Porque a torcida compareceu, e a gente tinha perdido os dois primeiros jogos e empatado o terceiro. Mesmo assim, a torcida lotou São Januário e fez a gente acreditar e sentir a Libertadores.

 

E o golaço contra o Chivas Guadalajara, em que você driblou três e fez no rebote: é o mais bonito da campanha?

Para mim, foram quatro gols maravilhosos que eu fiz, fantásticos. Os dois gols contra o Grêmio (veja no vídeo acima) foram lindos, um forte e o outro de cabeça. E o gol contra o Chivas (veja abaixo), em que eu driblo todo mundo e toco para o Pedrinho, que bate cruzado. Eu acompanho a jogada e faço o gol. Aquilo ali foi um presente, foi uma coisa muito bonita mesmo.

Você costuma dizer que ama o Vasco, apesar de sua passagem ter durado pouco mais de um ano (ficou no clube de janeiro de 1998 a maio de 1999). Por que o clube mexeu tanto com você?

Eu amo o Vasco mesmo. As pessoas acham que você tem que ficar se declarando todo dia. O Vasco foi um dos clubes mais gostosos em que joguei. O ambiente, como as pessoas te tratavam desde o porteiro, roupeiro ao massagista. Eu sou muito ligado nisso, e a gente tinha uma família. Era muito gostoso. Naquela época era muito difícil um paulista chegar no Rio de Janeiro e conquistar o carinho da torcida. Até hoje a torcida me manda mensagem.

A minha passagem durou um ano e quatro meses. Saí porque o Eurico não me pagou, me mandou entrar na Justiça. Fiquei 10 meses sem receber. É uma tristeza um cara que foi eleito o melhor jogador do clube no centenário ter que sair por causa de uma pessoa, ainda mais depois de tudo que fiz no Vasco. Às vezes algumas pessoas tentam apagar sua história no clube, mas eu sou muito grato ao Vasco e a essa torcida maravilhosa, que respeito tanto.

Apesar de estilos diferentes aos de Evair e Edmundo, você e Donizete brilharam juntos. Foi uma das suas melhores duplas no futebol?

A minha dupla com o Donizete foi maravilhosa porque a gente se entendia muito bem. Chegamos para substituir Evair e Edmundo, e nos encaixamos. A gente não brigava, não era fominha e era amigo da molecada, que era importante para todo mundo.

Chegamos com um nome do caramba para substituir dois grandes ídolos e conquistamos o maior título do clube. Então foi uma parceria grande, tive o prazer de formar grandes duplas, e o Donizete está entre elas. Foi um grande parceiro meu.

O que mais sente saudade do Vasco, desde treinos em São Januário, amigos, funcionários e os jogos?

O que mais sinto saudade do Vasco é tudo. O nosso ambiente era maravilhoso. A gente não tinha grande estrutura, mas tinha a molecada subindo, e o Lopes mandando pegarem peso da gente, o Bebeto de Oliveira (preparador). Sinto saudade de tudo. Silveira, Severino, Gato, Zezinho da Capelinha... São pessoas que marcaram a minha vida já em Bragança. E os jogadores. Uma vez reuniram a gente, mas foi uma coisa política. Queria que nos reunissem com carinho, sem pensar em política. Sinto muita falta desse pessoal, do fundo do meu coração.

Fonte: (ge)