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Livro traz fotos históricas dos primeiros vascaínos

A tradicional Festa da Penha ou algo tão simples quanto escolher produtos no supermercado. Mesmo anos depois de declarada a Independência do Brasil, os portugueses ainda eram os imigrantes mais numerosos a chegar ao Rio (mais de 172 mil na época) e foram os responsáveis por trazer novidades como a compra do tipo ‘self-service’ nas prateleiras de mercados, além de tradições que hoje são cariocas da gema.

Os últimos 100 anos do Rio com olhar e sotaque lusitanos são motivo de celebração este mês: é o centenário da fundação da Câmara Portuguesa do Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, cuja história, iniciada em 16 de setembro de 1911, se mistura à da cidade e será celebrada no sábado com missa pelo arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, e depois com festa no Museu Histórico Nacional, às 19h.

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Festa da Penha era de imigrantes portugueses | Foto: Reprodução

Na véspera, será lançado no Palácio São Clemente, em Botafogo, livro sobre a instituição, com fotografias históricas e curiosas, como de alguns dos primeiros torcedores do Vasco e os primeiros supermercados brasileiros. “Os portugueses estão na história carioca. Eles comandavam o comércio varejista de gêneros alimentícios e são eles que inauguram, em Copacabana, o primeiro supermercado do Brasil, a Distribuidora de Comestíveis Disco S.A.”, detalhou Paulo Elísio de Souza, presidente da Câmara.

A publicação ‘A outra margem do Atlântico — A Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro e as relações comerciais luso-brasileiras 1911/2011’, de Renata Santos e Cíntia Carli, conta como, por exemplo, prejudicados pela pirataria de produtos patrícios, com trocas de rótulos e imitações grosseiras, decidiram então proteger alimentos vindos de Portugal criando a Câmara.

Nova relação entre patrícios e cariocas

Ao longo de 160 páginas, o livro ‘A outra margem do Atlântico’ mostra como a Câmara ajudou a mediar a relação entre brasileiros e portugueses, que há um século chegavam para trabalhar e não mais para explorar, conta uma das autoras, a historiadora Renata Santos.

“Como a relação entre portugueses e brasileiros não era das melhores, a Câmara chega para regulamentar este comércio e mudar a imagem dos portugueses”, afirma. A pesquisa para o livro, feita em seis meses, vem de parte do acervo da Câmara e de arquivos do Real Gabinete Português de Leitura. O livro conta ainda a história do incêndio que, em 1976, acabou com a primeira sede da Câmara, na Rua Visconde de Inhaúma 50. Parte do acervo da entidade foi destruída.

Fonte: O Dia