Futebol

Lédio Carmona relembra momentos com Seu Severino

Julho de 1986. Ainda assustado, entrei em São Januário pela primeira vez como jornalista. Estagiário do Jornal do Brasil, estava escalado para fazer a cobertura daquele dia em São Januário. Recebi poucas recomendações na redação. Não sabia nem por onde entrar. Tentei ir direto para o campo. E, nervoso, quando dei por mim estava dentro do vestiário. Para onde ir? Esquerda, direita? Caramba! Até que surgiu aquele senhor. Logo o conheci. Era Severino Pandole, roupeiro do Vasco. Gente boa, amigo e sempre a fim de ajudar.

- Tá perdido, garoto?

- Quero ir para o campo…

- Aqui é o vestiário.

- Desculpe, moço. Sou estagiário do JB e nunca entrei aqui como repórter. Preciso ver o treino.

- Aqui é o vestiário. Vem conhecer… O armário do Roberto é esse…Esse é do Paulo Roberto… Mauricinho…

Severino mostrou tudo para o jovem repórter. E me levou pela mão para o gramado. Entrei cheio de marra, como um jogador amparado pelo roupeiro carismático. Não satisfeito, me apresentou a cada setorista de jornal e de rádio. Lembro que Eliomário Valente, antigo e veterano repórter do Jornal dos Sports, também foi super-atencioso. E, desde então, sempre que ia a São Januário batia um papo com Severino. Não lembro a última vez que o encontrei. Mas sei que foi no clube. Deve ter soltado uma graça, narrado uma história, contado uma piada e, com certeza, perguntado se eu precisava de alguma coisa.

Aos 84 anos, Seu Severino, funcionário mais antigo do Vasco, morreu hoje. Deu tempo de ver o Vasco campeão da Copa do Brasil. Com certeza, partiu feliz. E deixará saudade. Muita mesmo.

O senhor me abriu as portas, Severino.

Obrigado por tudo.

Fonte: Blog de Lédio Carmona